Enquanto Isso | Meu primeiro e quinquagésimo Festival d’Angoulême

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Enquanto Isso | Meu primeiro e quinquagésimo Festival d’Angoulême

Mais números e curiosidades do mercado francês

Omelete
8 min de leitura
03.02.2023, às 18H11.
Atualizada em 03.02.2023, ÀS 19H03

O Festival d’Angoulême completou 50 anos na semana passada. O frequentador típico do Festival é mais velho que o evento.

O frequentador típico do Festival d’Angoulême tem barba grisalha e cabelo, quando há, grisalho. O frequentador típico analisa os estandes de longe, como um leão escolhendo a caça na savana. Ele pega um álbum, abre e analisa por cima dos óculos, como se analisasse a consistência da gota do vinho escorrendo na taça. Faz isso durante as oito horas de cada um dos quatro dias de Festival, sempre com a expressão séria, compenetrada, um pouco cansada, a cara de quem leu todos os balões de Blake & Mortimer.

 

Não digo que esse típico frequentador é maioria no Festival. Não é. É apenas uma figurinha repetida e marcante que percebi em Angoulême e que eu nunca tinha visto em outro evento de quadrinho. Também pode ser choque de um novato: foi meu primeiro Festival d’Angoulême.

Já tinham me contado muito do que eu vi, mas ver de frente é outra coisa. O que dizem é real: centenas de milhares de pessoas descem naquela cidadezinha medieval no oeste da França, a duas horas de trem de Paris, só por causa dos quadrinhos. O Festival não tem estande da Netflix nem lojinha de Funko Pop. HQ não é o coração do evento, nem o principal; o evento é de HQ e ponto.

(Mentira: vi uma lojinha que tinha Funko Pop. Os cabeçudos são universais.)

Os primeiros números que o Festival divulgou dizem que o público superou o recorde anterior de 200 mil. Tem a ver com a volta dos eventos abertos pós-pandemia. O próprio d’Angoulême teve que cancelar a edição de 2021 por causa da Covid e fez a de 2022 fora de época, com menor participação, por conta da Ômega. Tinha gente ansiosa para voltar, se encontrar, se aglomerar.

(Pouquíssimos de máscara, caso você se pergunte.)

Tanto quanto aquele típico frequentador, vi famílias no Festival, que imagino (ou espero) que também sejam típicas. Dentro do pavilhão das editoras grandes, o pai chega olhando para a Casterman, a mãe estica o pescoço para achar a Dupuis, o filho mais velho caminha com a cabeça enfiada num mangá, o mais novo está sentado no carrinho com uma revista do Spirou.

É um passeio de fim de semana para a família, mas que não é só para distrair os filhos ou “porque é cultural”. O pai e a mãe cresceram com Asterix, Tintim e Michael Vaillant porque os pais deles também leram Asterix, Tintim e Michael Vaillant. Os filhos não estão com a cara enfiada no celular porque têm interesse genuíno por gibi. Gibi de papel.

Uma pesquisa divulgada na semana passada diz que o leitor francês de mangá, majoritariamente adolescente, quer o mangá no papel – não no celular, nem no tablet – porque quer um momento para se desconectar. (Mais sobre esse assunto logo à frente na coluna.)

Outra coisa que sempre ouvi do Festival d’Angoulême é que, nos dias de evento, a cidade é só o evento. Afinal, Angoulême é uma cidadezinha de 40 mil habitantes – o tamanho de São Manuel-SP, a Cidade Pequenina dos irmãos Solano – que recebe 200 mil por quatro dias. Então você imagina o movimento em hotéis, restaurantes, estação de trem etc. E o interesse da cidade em receber esse movimento.

É isso, mas também não é. Ou é, mas tem o fator França. O capitalismo francês não é o nosso capitalismo americano dos olhinhos com cifrões. Angoulême não tem hotéis para receber toda essa gente e parece que se recusa a ter há cinquenta anos. Você tem que se hospedar em Airbnbs afastados do fervo (como foi meu caso) ou em outras cidades (caso de amigos) a meia hora de ônibus ou trem.

Pavilhões, exposições e lojas fecham pontualmente às 18 horas, porque as 200 mil pessoas que querem gastar seus euros noite adentro valem menos do que o trabalhador francês bater ponto no horário certo. Se você se hospedou numa  das cidades próximas, vai ser difícil achar ônibus de volta depois das 18h.

Também tinha ouvido falar da decoração. Comércios que não têm a ver com o Festival, como imobiliárias, salões de cabeleireiro, lojas de roupa ou ferragens decoram suas vitrines com quadrinhos e bonequinhos do Tintim, dos Smurfs, de aldeias gaulesas. Como se a cidade dissesse que está toda em clima de Festival do Quadrinho.

É fofo e passa mesmo essa impressão. Mas se você dá dez passos para fora do centro, a cidade continua funcionando como uma cidade normal, alheia aos gibizeiros.

O Festival d’Angoulême não funciona em um espaço só, tal como uma CCXP ou FIQ. Fica espalhado pela cidade, ou em espaços montados para a ocasião – tendas gigantescas onde fica a feira das editoras – ou em prédios como os museus (o museu da cidade, o museu dos quadrinhos, o museu do papel…), as escolas, o conservatório e um antigo hangar do exército. Até em igrejas.

No meu primeiro dia de evento, entrei na tenda chamada Nouveau Monde (novo mundo), que apelidei de “a das editoras nanicas”. Dei uma circulada com pressa, vi uns 30 estandes, marquei de voltar no da Cornélius, da Atrabile, da Çà et Là e de outras para ver com mais atenção, no outro dia.

No outro dia, cheguei à ponta da tenda e vi que tinha uma entradinha à direita. Era o acesso ao resto da tenda.

A tenda completa tinha três vezes o tamanho do que eu tinha visto no primeiro dia. Não eram trinta estandes. Eram mais de cem.

E esta era só uma das tendas. A das editoras nanicas.

Do mesmo tamanho, entre 2500 e 3500 m2, ainda havia a tenda Monde des Bulles (mundo dos balões), das editoras grandonas – Casterman, Dargaud, Glénat, Lombard, Urban –, o Quartier Manga (no hangar militar que citei antes) e o Quartier Jeunesse (infantojuvenis).

Tem espaços menores para as exposições, para reuniões entre editores e outras coisas da programação. Se você somar todos, deve ter uns 20 pontos onde o Festival acontece, espalhados pela cidade.

Uma tenda um pouco menor, a Place du 9e Art (quadra da nona arte), é uma visão que deve ser única no planeta: um espaço apenas para venda de originais, prints de alta qualidade, edições de colecionador e coisas caras em geral. Tudo exclusivamente ligado a quadrinhos, é claro. Vi originais de 20 mil euros do Frank Miller e outros que achei melhor não perguntar. 

É impossível ver todo o Festival d’Angoulême. Eu sei que dá para falar isso de qualquer evento e que em todo evento você tem que fazer escolhas. Sou daqueles que olha a programação antes e escolho. Mas as escolhas estavam tão difíceis que fechei a programação e, quer saber?, vou no que me der vontade, no que estiver perto, no que eu passar e chamar a atenção. Ia ser sofrimento demais ter que escolher. É melhor eu não saber tudo que eu perdi, mesmo que eu saiba que perdi muita coisa.

Não consegui ver todas as exposições. Não vi nem a entrega dos prêmios. (Aliás, ainda não sei onde foi a entrega dos prêmios.) E tudo bem. C’est la vie.

Senti que muitos por lá entendem o Festival de um jeito parecido. Não como a feira, as exposições ou a programação de bate-papos e palestras, quatro dias para aproveitar o máximo que der. Não. Eles veem o Festival como um ponto de encontro tradicional, anual e obrigatório do quadrinho europeu. O lugar onde todo mundo do ramo vai, todo ano.

(Enquanto estava lá, li uns trechos de Dernier Week-end de Janvier, o álbum de Bastien Vivès que se passa no Festival. Também ajudou nessa impressão.)

(Falando em Vivès, teve uma e outra manifestação por conta da polêmica, mas no geral pareceu que o povo preferiu deixar o assunto de lado.)

Tudo isso são impressões de um angoulêmico, como eu já disse no título, de primeira viagem. Só ouvi falar ou intui essas tradições de quem frequenta o Festival há dez, vinte, trinta, cinquenta anos. Quem sabe um dia eu vou ser um dos típicos frequentadores grisalhos que analisa o álbum por cima dos óculos. Quem sabe eu nunca volte pro Festival e me dou por satisfeito com esse vezinho no checklist da vida. Vai saber.

MAS AFINAL, ÉRICO, O QUE VOCÊ FOI FAZER EM ANGOULÊME?

Obrigado por perguntar.

Fui a meu primeiro Festival d’Angoulême em missão diplomática. Estou envolvido desde 2018 com o Programa Brasil em Quadrinhos, desenvolvido pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty, para os íntimos) junto à Bienal dos Quadrinhos de Curitiba.

O Itamaraty tem programas para divulgar a literatura brasileira, a arquitetura brasileira, a música brasileira e outras artes brasileiras no exterior. Com tanto quadrinista brasileiro fazendo bonito lá fora, alguém sacou que seria bom aproveitar esse impulso e espalhar ainda mais a palavra do quadrinho brasileiro. Esse é o Brasil em Quadrinhos.

O programa tem várias ações, como exposições e publicação de HQs. Minha parte é ser editor do Catálogo HQ Brasil, livrinhos que apresentam o melhor dos últimos dez anos do quadrinho brasileiro com descrições, fartura de imagens e indicação do que já foi publicado no exterior e o que não. Já editei uma versão em português (para Portugal), um Brazil Comics Catalog/Catalogue BD Brésil em inglês e francês, e o último, o Catálogo Cómic/HQ Brasil, em português/espanhol. Você confere o PDF completo de cada um nos links. Deve sair em mais idiomas.

E fui a Angoulême, junto a Luciana Falcon (organizadora da Bienal de Curitiba), Marcelo Lélis, André Diniz, Rogério de Campos e Marcello Quintanilha para falar do Brasil em Quadrinhos. E dos quadrinhos do Brasil.

Conseguimos um espaço de 45 minutos na programação da tenda Nouveau Monde. Batizei a palestra/mesa redonda de La Bouleversante Bédé Brésilienne (ou BBB), o “transtornado” ou “perturbado” quadrinho brasileiro.

Abri o papo com uma história rápida do quadrinho brasileiro. Falei que o quadrinho brasileiro é aquela tira antiga da Laerte, de dois caras detonados em leitos de hospital e um diz pro outro: “Vamos fazer um fanzine?” (Veja acima.)

Eu quis colocar que, num país tão instável na política, na economia, na cultura – como está fresco na memória de qualquer europeu que acompanha o noticiário – fazer quadrinho era tal como a tira: você está lá, estropiado depois da última crise, mas o estropiado do seu lado diz: “Vamos fazer um zine? Vamos fazer arte? Vamos fazer quadrinho?” E tem quem diga "sim".

Falei de Sisson, Agostini, suplementos, imperialismo americano, Turma da Mônica, Henfil e Ziraldo e Jaguar e Millôr, Angeli e Laerte e Glauco, de PNBE e das mil caras do quadrinho brasileiro atual. E que íamos comemorar 154 anos de quadrinho brasileiro na segunda-feira. Coisa pra um documentário de três horas, mas juro que resumi em dez minutos. Doze, contando a participação da (excelente) intérprete português-francês Karina Barros.

Luciana Falcon falou de tudo que o Brasil em Quadrinhos já fez pelo mundo. Ela mesma já levou o programa a Portugal, Angola e Líbano. Rogério de Campos falou do racismo, das minorias e da resistência histórica do quadrinho brasileiro, principalmente nos últimos quatro anos. André Diniz falou da criatividade brasileira. Quintanilha, de como o teatro, a literatura e a música brasileira alimentam seu quadrinho brasileiro.

Juro que ficamos nos 45 minutos regulamentares. Com colaboração do Lélis, que poderia ter falado mais, mas gosta mais de pintar aquarela do que de falar. Ele disse apenas: “O quadrinho brasileiro é isso: eu aqui, no cantinho da mesa, quase caindo do palco, mas ainda querendo seu espaço. C’est fini.”

Fomos um pontinho numa programação que, como eu já disse, é tão vasta que eu nem tive coragem de estudar. Mas tínhamos público. O microauditório tinha suas 40 cadeiras ocupadas e tinha gente de pé ou sentada nos corredores para assistir. Um quadrinista costa-riquenho e um jornalista inglês vieram falar comigo logo depois. Fomos notícia na Radio France Internacional.

O pessoal da Raio Laser chamou de “histórico evento”: o quadrinho brasileiro, apresentado em termos gerais, pela primeira vez no palco do principal evento do quadrinho europeu. Deixando toda a modéstia de lado: é, foi histórico.

Depois, circulando pelo Festival, percebi que não éramos a única missão diplomática querendo seu espaço. Havia uma delegação do quadrinho polonês, uma delegação do quadrinho sueco, uma delegação do quadrinho croata, provavelmente mais, todas fazendo suas apresentações, reuniões, exposições (uma das exposições era dos “175 anos de HQ na Ilha da Reunião”, o território ultramarino da França na costa leste da África).

Mesmo com a nossa participação, e com os álbuns de Quintanilha, Lélis, Diniz, Bianca Pinheiro, Lu Cafaggi e outros em francês, o Brasil é só mais um país querendo atenção na festa do quadrinho mundial.

Mas essa, eu garanto, foi só a primeira ação do Brasil em Quadrinhos em Angoulême. Aguarde.

OS NÚMEROS

Eu não entendo um décimo do mercado franco-belga de quadrinhos. Talvez não entenda nem 5%. Passeando pelas tendas de Angoulême, a impressão é de que eu conheço ainda menos.

Outra impressão é de que ninguém consegue abarcar tudo. É um mercado muito vasto e muito diversificado. Há quadrinhos para aquele típico leitor que eu pintei no início da coluna, há quadrinhos para o leitor infantojuvenil não ficar só no mangá, tem o quadrinho norte-americano Marvel/DC com uma ponta de lança cravada no país. Os temas dos quadrinhos são incontáveis. Não existe um gênero, como super-herói, que domine a cena.

Isso, só falando das editoras grandes. Naquele pavilhão das editoras nanicas ou independentes, a variedade de tudo é ainda maior. Quem é que compra e lê tanto, tanto, TANTO quadrinho?

Já vou falar de "quem". Em relação ao “tanto", o instituto GfK soltou uma pesquisa sobre o mercado francês no primeiro dia do Festival. Tem vários números interessantes.

- Um em cada quatro livros vendidos na França é um álbum em quadrinhos;

- Vendeu-se 85 milhões de exemplares de HQ em 2022, mais do que um quadrinho por cidadão francês;

- 48 milhões desses quadrinhos foram mangás, mais do que a metade (para comparação: todo o mercado de livros no Brasil soma uns 50 milhões de exemplares por ano);

- O mercado de quadrinhos movimentou 921 milhões de euros em 2022, o segundo melhor ano depois da cifra histórica de 925 milhões em 2021 (teve Asterix novo em 2021);

- O mercado dobrou de tamanho em 10 anos;

630 mil pessoas compraram seu primeiro quadrinho na França em 2022; um em cada três compradores de livros compra HQ.

- O preço médio de um álbum é 15 euros (R$ 83) e o de um mangá é 8 euros (R$ 45).

Sobre preços: os álbuns que eu queria geralmente eram mais caros. Le Monde Sans Fino recordista de vendas no ano passado, custa 28 euros (R$ 155) e tem vários álbuns parrudões a 35 euros [R$ 195]. É bom lembrar que a lei francesa permite um máximo de 10% de desconto nas livrarias no primeiro ano de vendas de um livro, então a disputa de preço entre lojas praticamente não existe. No Festival, ninguém dava desconto em nada.

(Também vale dizer que os gibis de banca franceses, que são vários, custam menos que os mangás: entre 3 e 7 euros [R$ 17 a 40]; e são parrudões, com 100 ou 200 páginas.)

Outro estudo, do Sindicato Nacional dos Editores, fez uma pesquisa qualitativa para saber como e por que os franceses leem HQ. Ou seja, chegamos no “quem”. Conclusões curiosas:

- A leitura de HQ começa na alfabetização, por volta dos 7 anos, e vem da família, principalmente do pai;

- Quando o francês chega à adolescência, a influência maior vem dos colegas e dos influencers; o estudo não diz isso, mas dá a impressão de que os “adôs” leem mangá para desafiar os pais que os encheram do tradicional quadrinho nacional desde a infância; quando o francês faz 13-14 anos, Asterix e companhia viram “coisa de criança”;

- O Pass Culture é, sem sombra de dúvida, o “vale-mangá”: o programa que o governo francês instituiu, que bota dinheiro na mão dos adolescentes para gastar com “cultura”, foi usado majoritariamente para comprar pilhas de quadrinho japonês;

- O francês lê menos quadrinho na faculdade, mas costuma voltar a ler depois de formado porque não tem carga de leitura obrigatória ou porque quer descansar do computador e do celular;

- Todas as idades preferem o gibi em papel ao gibi digital; ler o gibi em papel é fugir da concorrência com redes sociais, jogos, YouTube etc.; mas os adolescentes leem bastante webtoons e coisas rápidas, no que o estudo chama de snacking  (“petiscar”);

- O quadrinho americano (comics) é lido principalmente entre os 8 e 10 anos e por mais mulheres do que homens;

- Ser mãe é um motivo para as mulheres voltarem a ler quadrinhos na vida adulta.

Já tinham me avisado que eu teria esta visão no Festival, mas ela ainda teve impacto quando eu vi: crianças e adolescentes sentados pelos cantos, aos montes, com a cabeça enfiada num gibi tal como se fosse um celular. Só vendo na sua frente você entende como os franceses cultuam o quadrinho.

UMA PÁGINA

De Martin Panchaud em La Couleur des Choses, o álbum do ano segundo o Festival d’Angoulême.

Eu ouvia falarem do álbum há um tempo e ele já tinha ganhado o prêmio da crítica francesa. Achei que era só uma “sacadinha” conceitual/formal: todos os personagens são bolinhas, a perspectiva é sempre do alto e acompanhar a história é mais ou menos como ler um infográfico. Chris Ware faz umas páginas assim, Richard McGuire já fez uma HQ bem parecida.

Consegui ler uns dias antes de ir para o Festival e, olha... não é só uma sacadinha esperta. Tem uma história que é uma porrada.

Um garoto gordinho sofre nas mãos dos bullies e da violência doméstica entre os pais. Um dia o garoto encontra o dinheiro escondido do pai e resolve apostar na corrida de cavalos. Ganha 16 milhões de libras. Ele não pode tirar o prêmio porque é menor. Quando vai pedir aos adultos, descobre que o pai espancou a mãe quase até a morte por causa do dinheiro sumido. O pai fugiu. Começa a história.

É um filme dos Irmãos Coen, daqueles tão trágicos quanto engraçados – Fargo, Onde os Fracos Não Têm Vez, Gosto de Sangue – em que você ri porque o mundo é tão cruel quanto absurdo.

“A cor das coisas” saiu na Alemanha há dois anos (Panchaud é suíço), na França no ano passado e deve circular o mundo a partir de agora. Tomara que ganhe edição brasileira. Logo.

50 OLHARES

O Festival d’Angoulême pediu a 50 artistas para fazer 50 cartazes sobre o Festival – 50 Olhares sobre os quadrinhos em geral. Seguem os seis que eu mais gostei.

O primeiro, acima, é de Denis Bajram.

De Sole Otero (a argentina que ganhou o Prêmio do Público por Naftalina no sábado).

E de Tom Gauld. Clique qualquer um para ver maior. Não deixe de clicar e analisar como um connoisseur grisalho - aquele que um dia todos seremos.

 

(o)

Sobre o autor

Érico Assis é jornalista da área de quadrinhos desde que o Omelete era mato. Também é autor dos livros Balões de Pensamento – textos para pensar quadrinhos e Balões de Pensamento 2 – ideias que vêm dos quadrinhos.

Sobre a coluna

Toda sexta-feira (ou quase toda), virando a página da semana nos quadrinhos. O que aconteceu de mais importante nos universos das HQs nos últimos dias, as novidades que você não notou entre um quadrinho e outro. Também: sugestões de leitura, conversas com autores e autoras, as capas e páginas mais impactantes dos últimos dias e o que rolar de interessante no quadrinho nacional e internacional.

#103 – Qual foi a notícia dos quadrinhos em 2022?

#102 – A inteligência artificial vai substituir o desenhista humano?

#101 – Os essenciais de Angoulême

#100 – O (meu) cânone dos quadrinhos

#99 – A melhor CCXP de uns, a pior CCXP de outros

#98 – Os prêmios e os quadrinhos que vão valer em 2047

#97 – Art Spiegelman, notável

#96 – O mundo quer HQ brasileira

#95 – A semana do Brasil e do quadrinho brasileiro

#94 – Todo fim de ano um engarrafatarse

#93 – Um almoço, o jornalismo-esgoto e Kim Jung-Gi

#92 – A semana mais bagunçada da nossa história

#91 – Ricardo Leite em busca do tempo

#90 – Acting Class, a graphic novel queridinha do ano

#89 – Não gostei de Sandman, quero segunda temporada

#88 – O novo selo Poseidon e o Comicsgate

#87 – O mundo pós-FIQ: você tinha que estar lá

#86 – Quinze lançamentos no FIQ 2022

#85 – O Eisner 2022, histórico para o Brasil

#84 – Quem vem primeiro: o roteirista ou o desenhista?

#83 – Qual brasileiro vai ao Eisner?

#82 – Dois quadrinhos franceses sobre a música brasileira

#81 – Pronomes neutros e o que se aprende com os quadrinhos

#80 – Retomando aquele assunto

#79 – O quadrinista brasileiro mais vendido dos EUA

#78 – Narrativistas e grafistas

#77 – George Pérez, passionate

#76 – A menina-robô que não era robô nem menina

#75 – Moore vs. Morrison nos livros de verdade

#74 – Os autores-problema e suas adaptações problemáticas

#73 – Toda editora terá seu Zidrou

#72 – A JBC é uma ponte

#71 – Da Cidade Submersa para outras cidades

#70 – A Comix 2000 embaixo do monitor

#69 – Três mulheres, uma Angoulême e a década feminina

#68 – Quem foi Miguel Gallardo?

#67 – Gidalti Jr. sobre os ombros de gigantes

#66 – Mais um ano lendo gibi

#65 – A notícia do ano é

#64 – Quando você paga pelo que pode ler de graça?

#63 – Como se lê quadrinhos da Marvel?

#62 – Temporada dos prêmios

#61 – O futuro da sua coleção é uma gibiteca

#60 – Vai faltar papel pro gibi?

#59 - A editora que vai publicar Apesar de Tudo, apesar de tudo

#58 - Os quadrinhos da Brasa e para que serve um editor

#57 - Você vs. a Marvel

#56 - Notícias aos baldes

#55 – Marvel e DC cringeando

#54 – Nunca tivemos tanto quadrinho no Brasil? Tivemos mais.

#53 - Flavio Colin e os quadrinhos como sacerdócio

#52 - O direct market da Hyperion

#51 - Quadrinhos que falam oxe

#50 - Quadrinho não é cultura?

#49 - San Diego é hoje

#48 - Robson Rocha, um condado, risografia e Cão Raivoso

#47 - A revolução dos quadrinhos em 1990

#46 - Um clássico POC

#45 - Eisner não é Oscar

#44 - A fazendinha Guará

#43 - Kentaro Miura, o karôshi e a privacidade

#42 - A maratona de Alison Bechdel, Laerte esgotada, crocodilos

#41 - Os quadrinhos são fazendinhas

#40 - Webtoons, os quadrinhos mais lidos do mundo

#39 - Como escolher o que comprar

#38 - Popeye, brasileiros na França e Soldado Invernal

#37 - Desculpe, vou falar de NFTs

#36 - Que as lojas de quadrinhos não fiquem na saudade

#35 - Por que a Marvel sacudiu o mercado ontem

#34 - Um quadrinista brasileiro e um golpe internacional

#33 - WandaVision foi puro suco de John Byrne

#32 - Biografia de Stan Lee tem publicação garantida no Brasil

#31 - Sem filme, McFarlane aposta no Spawnverso

#30 - HQ dá solução sobrenatural para meninos de rua

#29 - O prêmio de HQ mais importante do mundo

#28 - Brasileiros em 2021 e preguiça na Marvel

#27 - Brasileiros pelo mundo e brasileiros pelo Brasil

#26 - Brasileiros em 2021 e a Marvel no Capitólio

#25 - Mais brasileiros em 2021

#24 - Os brasileiros em 2021

#23 - O melhor de 2020

#22 - Lombadeiros, lombadeiras e o lombadeirismo

#21 - Os quadrinistas e o bolo do filme e das séries

#20 - Seleções do Artists’ Valley

#19 - Mafalda e o feminismo

#18 - O Jabuti de HQ conta a história dos quadrinhos

#17 - A italiana que leva a HQ brasileira ao mundo

#16 - Graphic novel é só um rótulo marketeiro?

#15 - A volta da HQ argentina ao Brasil

#14 - Alan Moore brabo e as biografias de Stan Lee

#13 - Cuidado com o Omnibus

#12 - Crise criativa ou crise no bolo?

#11 - Mix de opiniões sobre o HQ Mix

#10 - Mais um fim para o comic book

#9 - Quadrinhos de quem não desiste nunca

#8 - Como os franceses leem gibi

#7 - Violência policial nas HQs

#6 - Kirby, McFarlane e as biografias que tem pra hoje

#5 - Wander e Moebius: o jeitinho do brasileiro e as sacanagens do francês

#4 - Cheiro de gibi velho e a falsa morte da DC Comics

#3 - Saquinho e álcool gel: como manter as HQs em dia nos tempos do corona

#2 - Café com gostinho brasileiro e a história dos gibis que dá gosto de ler

#1 - Eisner Awards | Mulheres levam maioria dos prêmios na edição 2020

#0 - Warren Ellis cancelado, X-Men descomplicado e a versão definitiva de Stan Lee

 

(c) Érico Assis

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