Enquanto Isso | Gidalti Jr. sobre os ombros de gigantes

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Enquanto Isso | Gidalti Jr. sobre os ombros de gigantes

Mais Brasa, Guerra dos Gibis, Pássaro Branco, Maus e um amigo

Omelete
1 min de leitura
18.02.2022, às 17H28.
Atualizada em 21.02.2022, ÀS 09H22

Tem alguns anos que se fala que vivemos um momento de ouro do quadrinho brasileiro. Ou o Novo Quadrinho Brasileiro. Temos Marcello Quintanilha, Rafael Coutinho, Bianca Pinheiro, Ana Luiza Koehler, Marcelo D’Salete, Shiko, Camilo Solano, Wagner Willian, Diego Gerlach, Moon e Bá, Danilo Beyruth, Laerte e outros produzindo a toda tinta, e produzindo beleza. Material bom, quadrinho pau a pau com os melhores do mundo.

O melhor do que se produziu no Novo Quadrinho Brasileiro levou a um dos novos quadrinhos brasileiros do ano passado: Brega Story,de Gidalti Jr. Foi o primeiro quadrinho em que senti que um autor nacional escalou o ombro de todos esses colegas gigantes e, lá do alto, produziu um quadrinho que é ao mesmo tempo dele e dessa montanha que ele leu, estudou e que o inspirou.

 

Brega, em primeiro lugar – no primeiro impacto – é grande. Tem 320 páginas de grande formato e toma no mínimo um par de horas de leitura. É daqueles quadrinhos que eu prefiro ler não em horas, mas em dias, deixando os personagens e a trama andarem pela minha cabeça entre cada vez que eu abro a capa dura. Viver uns dias naquele universo.

Pois não dá para contestar que Gidalti Jr. cria um universo. Um sistema solar, pelo menos. O sol é Wanderson Jr., o Rei do Brega, o protagonista em torno do qual orbita uma penca de personagens que compõem esse sistema do tecnobrega paraense que o quadrinho retrata: DJs, dançarinas, produtores, o cara que carrega a aparelhagem, as colegas de palco, o político interesseiro. Na narrativa de Brega, os planetas tanto orbitam quanto fogem da órbita do instável Rei-Sol.

Enquanto traça a trajetória do Rei e destes planetas, Brega Story não para pra você tomar fôlego. Não tem recordatório para lhe dizer que trocamos de cena, nem quanto tempo se passou de uma cena para outra. É uma corrida, é pulsante, é uma coisa que acontece em cima da outra. O preto e branco (quase) inclemente força o leitor a prestar atenção nos personagens, às vezes num arremedo de cenário, para se situar.

Tem momentos em que a pulsação aumenta. O grid de nove quadros se perde, até as bordas dos quadros se perdem, os contornos dos personagens se mesclam. Em quatro pontos do álbum, esse pulso ganha cor. São os refrões dessa música comprida, quem sabe?

Consigo ver com clareza Gidalti subindo no ombro de dois gigantes: Marcello Quintanilha e Rafael Coutinho.

As trajetórias recentes destes dois – Tungstênio, Talco de Vidro, Luzes de Niterói, Escuta Formosa Márcia, do primeiro; Cachalote, Mensur, O Beijo Adolescente, do segundo – estão entre os principais afluentes do Novo Quadrinho Brasileiro. Cada um deles chegou em sínteses de como-fazer-quadrinho em que se vê as influências que eles consomem – do cinema, da ilustração, da fotografia, de um pouco do quadrinho europeu no caso de Quintanilha, de um pouco de mangá no caso de Coutinho –, e têm sua personalidade misturada à mistura de influências.

Não vejo tantos autores nacionais bebendo dos próprios quadrinhos nacionais. Em Gidalti, porém, em Brega, consigo ver goles de Quintanilha e goles de Coutinho. Nenhum dos dois, tal como Gidalti, pega o leitor pela mão para fazer transições de cena. Ambos têm preocupação com diálogo, com ritmos e sotaques, o que Gidalti explora a fundo na Belém de Brega. Quintanilha é fotográfico, quadro a quadro; Coutinho é tabular, explora a página inteira como uma ilustração só; em Brega, Gidalti faz tanto o fotográfico quanto o tabular, conforme o que quer da narrativa.

Nenhum autor é obrigado a estudar tal e tal referência para construir seu estilo. Todos estão livres para montar sua salada de influências do jeito que quiser. Acho interessante, porém, traçar essa linhagem entre autores nacionais – em ver um autor brasileiro procurando respeitar essa montanha que o Novo Quadrinho Brasileiro já formou e querer construir a partir dela. Sobre os ombros dos gigantes.

Tudo isso é interpretação de crítico e não quer dizer que Gidalti Jr. tenha qualquer inspiração em Quintanilha e Coutinho. Nos meus anos de jornalista, já vi muitos autores se ofenderem com esse tipo de comparação, com traçar influências e referências. Mas respirei fundo e resolvi perguntar ao próprio Gidalti se ele tem os dois colegas em alta conta, ou se pega Tungstênio ou Mensur para estudar.

“Nada me inspira mais que os autores brasileiros”, ele me respondeu por e-mail. “Seja nos quadrinhos ou em outras mídias. Fico feliz de estar vendendo um estilo de construção híbrida, mas que, segundo sua perspectiva, acende minha personalidade.”

Gidalti conta que foi apresentado a Quintanilha há quase dez anos, em aulas na Quanta Academia de Artes. Os professores Marcelo Campos e Octavio Cariello compararam as páginas dele, aluno, ao do que Quintanilha publicava na época.

“Fui atrás das obras e minha cabeça explodiu”, diz o autor de Brega Story. “O caminho repleto de brasilidade que eu estava buscando era muito forte na obra do Marcello e me influenciou muito.”

Quanto a Coutinho, os dois trabalharam juntos em um universidade e, segundo Gidalti, a parceria “abriu canal para entender mais os processos dele, bem como pegar boas dicas para o Brega.”

Numa graphic novel que trata justamente do tecnobrega, o sampling não poderia deixar de ser método. E não fui eu que cheguei a essa ideia, mas o próprio Gidalti que me passou.

“Assim como o estilo brega é uma mistura de influências, releituras e roupagens, eu não tenho problema em processar referências e apresentar algo novo. Como diz Wanderley Andrade: ‘Eu sou ladrão, meu bem, E vou roubar o seu coração’. Ou a Gaby Amarantos: ‘Eu vou samplear, eu vou te roubar!’”

O sampling declarado de Gidalti não para em Quintanilha e Coutinho. Há outras referências que o inspiraram em pontos específicos de Brega Story – e de Castanha do Pará, seu trabalho anterior. Inclusive de outros quadrinistas brasileiros.

“A cena de abertura da Castanha, por exemplo, eu fiz inspirado a partir de uma escolha do Davi Calil em Quaisqualigundum. Em Brega, usei de forma consciente o Diego Gerlach e o Fabio Zimbres para combinar cores de forma mais contrastantes (por dica do Rafa Coutinho).”

Não são só quadrinistas que Gidalti segue no Brasil. “A invasão das minorias no Teatro da Paz [em Brega Story] coincide com a invasão do Municipal em AmarElo, do Emicida. Mas tive a ideia antes. Assim como o disco voador [no final de Brega] lembra o de Bacurau, uma ideia que eu tive antes de assistir ao filme. A cena da Rubi na página 110, quando ela interage com os produtos de limpeza, foi inspirada numa cena do filme Amor, Plástico e Barulho [da cineasta pernambucana Renata Pinheiro]. Entendo que os criadores que pensam o Brasil estão em sintonia.”

Gidalti ainda cita o ilustrador sueco Daniel Egneus como seu moodboard“a cena do crocodilo, a dupla 124/125 de Brega, por exemplo, é calcada no Egneus” – e que as artes que separam os três atos da história foram inspiradas no italiano Lorenzo Mattotti.

É impossível mapear todas as referências do artista que seja. Também é difícil desatracar o que é referência do que é a personalidade do artista – principalmente quando a mescla é orgânica como no caso do trabalho de Gidalti.

O que eu reforço quanto a Brega Story é o Brasil que referencia o Brasil. O reconhecimento de que se construiu uma montanha de quadrinho bom, recente, o tal Novo Quadrinho Brasileiro, uma montanha onde os quadrinistas podem subir para fazer seu trabalho. São poucos que sobem, no meu olhar de crítico. Gidalti subiu. Daqui a pouco, espero, alguém vai subir nos ombros dele.

“Meus olhos estão muito mais voltados para o que se faz aqui do que o que se faz lá fora”, ele me contou no e-mail. “Tendo em vista que muita coisa que chega de fora está carregada de fórmulas e estruturas que garantam êxito comercial, penalizando muito a estética.”

“O quadrinho brasileiro me atrai e inspira, assim como toda produção que explora a riqueza cultural desse país tão rico, bem como a complexidade do ser humano.”

BRASASTORIES

Brega Story teve lançamento casado com Lovistori, os dois primeiros títulos da nova editora Brasa. Já falei da Brasa numa coluna de outubro. Desde que o material começou a circular entre leitores e críticos, a partir de fins de dezembro, o comentário geral sobre os dois títulos da Brasa se resume a: quadrinho brasileiro foda.

Tanto Brega quanto Lovi estão em listas de melhores de 2021 – do Fora do Plástico, do Confins do Universo, do Páginas Amarelas –, em resenhas apaixonadas – Diogo Bercito escreveu sobre Lovistori na Ilustrada, Paulo Floro sobre Brega n’O Grito – e “furaram a bolha” ao aparecer nos stories de Joelma e de Gregório Duvivier.

“A responsabilidade de imprimir, ao mesmo tempo, os dois primeiros livros era altíssima. O risco me deixou muito tenso”, Lobo, o editor da Brasa – e também roteirista de Lovistori – me contou via Facebook. “Mas a crítica tem sido muito generosa com Brega Story e Lovistori, a qualidade das resenhas tem me deixado muito feliz. Os leitores têm dado bons feedbacks com as impressões. Já as vendas, bem, elas sempre podem melhorar.”

E ele pretende seguir com o quadrinho brasileiro foda? Claro.

O próximo lançamento já anunciado da Brasa é Barrela, de João Pinheiro (Carolina, Depois que o Brasil Acabou). É uma adaptação da peça teatral de Plínio Marcos, que vai inaugurar a linha Plinião em Quadrinhos – com outras adaptações do dramaturgo.

A novidade é que o quarto livro da Brasa será Tarde Demais para Desver, uma coletânea dos últimos três anos de tiras do catarinense t0sko no Instagram, mais material inédito.

“O livro trata de sobreviver a traumas basicamente sem perder o sarcasmo, debochar de opressores e rir de si mesmo”, t0sko me contou em conversa pelo Instagram. “É uma ode às crianças malvadas, aos bodes expiatórios de famílias disfuncionais.”

O título, ele diz, faz parte de uma provocação com a família tradicional brasileira. “Eu recebo muitas mensagens de gente jovem, adulto-adolescente, falando: você tem uma câmera na minha casa, eu vivi exatamente isso, obrigado por escrever sobre, não me sinto só… Eu percebi que existe uma engrenagem moedora de sonhos, desejos, infâncias disfarçada pelo guarda-chuva da família tradicional e dos supostos bons costumes.”

Lobo, o editor, resume assim: “Um dia chorei lendo uma das tirinhas. Enquanto enxugava as lágrimas, tive a certeza que precisava editar um livro só dele.”

Os dois próximos títulos da Brasa ainda não têm data de publicação, mas saem em 2022.

A VOLTA DA GUERRA

Enquanto acompanhamos o Novo Quadrinho Brasileiro, tem quem faz o trabalho indispensável de documentar o antigo quadrinho brasileiro. Um dos livros mais importantes sobre a história da HQ no Brasil – talvez o mais importante – vai ganhar reedição revisada, reeditada e complementada este ano. É A Guerra dos Gibis, de Gonçalo Junior.

Lançado pela primeira vez em 2004, pela Companhia das Letras, o livro mostra como a disputa entre os editores Adolfo Aizen e Roberto Marinho deu as bases para a explosão de quadrinhos – importados e nacionais – nos famosos suplementos dos anos 1930. E que ia desembocar na perseguição aos quadrinhos nas duas décadas seguintes, tão ferrenha aqui quanto foi nos EUA.

“Acredito que o livro crescerá uns dez porcento, com uma passagem inédita sobre a participação de Maurício de Sousa no movimento de nacionalização dos quadrinhos, entre 1961 e 1963, a partir de um depoimento que me deu depois do livro publicado”, Gonçalo Junior me contou em conversa pelo Facebook. A reedição sai pela editora do próprio Gonçalo, a Noir, via campanha no Catarse, no segundo semestre.

Entre as outras novidades no livro, haverá detalhes inéditos sobre a viagem de Adolfo Aizen aos EUA onde negociou a vinda dos quadrinhos de lá para o Brasil, e um caderno colorido com 32 páginas. O novo projeto gráfico e capa são de André Hernandez, que vem fazendo ótimo trabalho com o material da Noir.

TODO MUNDO QUER FAZER QUADRINHO

Parece que passou despercebido o lançamento no Brasil de Pássaro Branco, quadrinho da norte-americana R.J. Palacio – e o fato de que ele tem tudo a ver com discussões das últimas semanas sobre a volta do nazismo.

É fácil passar batido por Pássaro Branco, ou não achar que é uma HQ, pois Palacio não é uma autora conhecida nos quadrinhos. Ela é da literatura, do sucesso milionário de Extraordinário que virou filme em 2017 – e seus derivados. Pássaro Branco, aliás, é do “universo” de Extraordinário, com personagens que participam da série de livros de prosa de Palacio.

Diferente de outras figuras da literatura que têm se aventurado nos quadrinhos, Palacio não só escreve, mas desenha. Não começou a desenhar de uma hora para outra: ela é formada em ilustração e trabalhou vinte anos com livros infantis e design de capas. Resolveu tentar a chance nos quadrinhos porque seus leitores, né, também leem HQ.

Pássaro é a história de Sara, uma avó – de Julian, um dos personagens de Extraordinário – que conta ao neto como foi ser judia refugiada durante a ocupação nazista na França, na Segunda Guerra Mundial.

É o primeiro trabalho de Palacio como quadrinista, e tem características de primeiro trabalho e falta de jeito com a mídia. Mas Pássaro traz cenas fortes e bem trabalhadas para deixar claro a crueldade da Segunda Guerra – com crianças, principalmente.

Lançado em 2019 nos EUA, o livro saiu este mês aqui pela Editora Intrínseca. A tradução é de Rachel Agavino.

SPIEGELMAN, BUCHA DE CANHÃO

Por falar em nazistas, você deve ter acompanhado o rebuliço com a perseguição a Maus, de Art Spiegelman, que foi retirado da lista de leitura de uma escola no Tennessee. A interdição do livro faz parte de um movimento maior que tenta barrar certas leituras – e apagar algumas ideias e fatos históricos – em escolas dos EUA.

Pelo peso e importância de Maus, e por todo o papo sobre o ressurgimento de ideias nazistas no mundo, o rebuliço foi justificado. A imprensa foi atrás de Spiegelman (CNN, Guardian) e Spiegelman, entre baforadas do vape, estava 100% disponível para soltar pérolas.

“Virei bucha de canhão numa guerra cultural”, ele diz numa das matérias mais interessantes que resultou do rebuliço, um perfil rápido escrito pelo jornalista Abraham Riesman (de Invencível: a ascensão e a queda de Stan Lee) para a Vulture. O perfil acompanha algumas horas na vida de Spiegelman, conversando sobre o rebuliço mas também às voltas com o óculos que ele perdeu sabe-se lá onde.

Surpreendendo um pouco, Spiegelman diz que não acha que os colégios do Tennessee tiraram Maus da lista de leitura para negar o Holocausto. De fato, na reunião em que pais e educadores decidiram pela retirada, os pontos salientes são uma cena de nudez e palavras chulas em Maus, não o Holocausto. “Eles querem ensinar o Holocausto. Só querem ensinar um Holocausto mais amiguinho”, Spiegelman diz, jogando verde.

O problema para os pais e educadores do Tennessee, segundo ele, é que Maus não é um livro cristão. “Vladek [Spiegelman, pai de Art e figura central da HQ] não virou uma pessoa melhor depois que sofreu. Ele só sofreu.”

Maus é discutido, perseguido e proibido praticamente desde que acabou de ser publicado, há trinta anos. Spiegelman sempre esteve a posto para se defender e sempre dá declarações contundentes.

Coincidência ou não, a editora Pantheon já colocou em pré-venda Maus Now: Selected Writings, uma coleção de textos críticos sobre Maus, organizada pela jornalista e pesquisadora Hillary Chute. O lançamento está previsto para novembro nos EUA.

VIRANDO PÁGINAS

O roteirista norte-americano Tom Veitch faleceu hoje, aos 80 anos, de Covid-19. A informação veio de seu irmão mais novo, o também quadrinista Rick Veitch, via Facebook. O Veitch mais velho se envolveu com quadrinho underground nos anos 1970 antes de criar material para a Marvel/Epic como Guerra de Luz e Trevas (com Cam Kennedy) nos anos 1980. Depois de enviar Guerra a George Lucas, ele e Kennedy ficaram encarregados de revitalizar os quadrinhos de Star Wars, o que fizeram com Império do Mal em 1992. Além de vários quadrinhos de Star Wars, foram publicadas no Brasil sua passagem por Homem-Animal e a minissérie The Nazz (com Bryan Talbot).

Nausicaä

Dwayne McDuffie, roteirista influente nos quadrinhos e nas animações nos Estados Unidos, completaria 60 anos no próximo domingo, dia 20. Ele faleceu em 2011. Conhecido por personagens negros como Super-Choque (do qual foi um dos criadores), ele deu nome a um prêmio de diversidade nos quadrinhos e a um fundo que apoia novos autores vindos de minorias.

Nausicaä do Vale do Vento, de Hayao Miyazaki, começou a ser publicada na revista japonesa Animage em fevereiro de 1982, há 40 anos. A editora JBC mostrou recentemente a capa do primeiro volume da reedição de Nausicaä no Brasil, e deve publicar pela primeira vez o mangá na íntegra, em sete volumes, no Brasil.

One Piece, de Eiichiro Oda, chegou ao Brasil em fevereiro de 2002, há 20 anos, pela editora Conrad. Exatamente dez anos depois, a série teve um novo início no Brasil, pela editora Panini, e este mês chega à edição 100. A Panini também colocou em pré-venda mais uma reedição da série desde o começo, em volumes “três em um” (600 páginas cada), que começam a sair em abril.

UMA CAPA

De Em Fuga, de Lelis. O novo trabalho do mineiro já circula entre quem apoiou a campanha no Catarse. O material começa a ser vendido em livrarias e comic shops em abril.

UMA PÁGINA

Grant Snider explica perfeitamente que a perfeição não existe. Daqui.

UM AMIGO

A grande firma Quadrinho Brasileiro é um monte de gente espalhada por estúdios, escritórios, quartos e mesas de cozinha desse Brasil e do mundo. Mas, se a firma fosse um prédio, eu e meus coleguinhas jornalistas, críticos, gibitubers estaríamos numa salinha apertada no porão, trocando ideias sobre esse nobre pessoal dos andares de cima. Às vezes eu sinto que trabalho nesse porão, porque converso muito com meus coleguinhas. Gosto de quase todos.

É por isso que, quando vem uma notícia como a do Alessandro Garcia, conhecido pelo canal Ministério dos Quadrinhos, eu e todos colegas nesse porão fictício ficamos, primeiro, em choque; segundo, com raiva; e terceiro, tentando fazer o que estiver ao nosso alcance para que o pesadelo acabe o mais rápido possível.

O pesadelo começou na última terça-feira, quando a casa de Alessandro e família foi parcialmente destruída pelas chuvas e deslizamentos em Petrópolis. Sua esposa e seus dois filhos estão desaparecidos. Ele está bem, fisicamente.

No momento em que eu escrevo, a lista de falecidos da catástrofe em Petrópolis está em 123. A de desaparecidos, oficialmente, é pequena; extraoficialmente, é descomunal. Resgates são complicados, comunicação é complicada, tudo é complicado. Se você puder ajudar com alguma informação, siga o informe abaixo.

Não conheço o Alessandro pessoalmente. Conversamos pelas redes, gravamos o papo para o canal dele que está ali em cima. O Ministério cita minha coluna com frequência, com comentários magnificamente construtivos. Alessandro é um cara tão inteligente quanto é gentil quanto é claro. Aqueles colegas de trabalho em que você se inspira, tanto quanto quer de amigo.

Ninguém merece nada do que está acontecendo com ele, mas tudo fica mais doído quando é com um amigo desses. Espero que saiba que, quando esse pesadelo acabar – porque vai – ele tem milhares de amigos aqui, para o que precisar.

[ATUALIZADO 21/2:] Toda a família do Alessandro foi encontrada, infelizmente, sem vida. No momento há uma grande mobilização para fazer doações que ajudem-no em relação ao impacto financeiro. As informações para doar estão acima.

(o)

Sobre o autor

Érico Assis é jornalista da área de quadrinhos desde que o Omelete era mato. Também é autor do livro Balões de Pensamento.

Sobre a coluna

Toda sexta-feira (ou quase toda), virando a página da semana nos quadrinhos. O que aconteceu de mais importante nos universos das HQs nos últimos dias, as novidades que você não notou entre um quadrinho e outro. Também: sugestões de leitura, conversas com autores e autoras, as capas e páginas mais impactantes dos últimos dias e o que rolar de interessante no quadrinho nacional e internacional.

#66 – Mais um ano lendo gibi

#65 – A notícia do ano é

#64 – Quando você paga pelo que pode ler de graça?

#63 – Como se lê quadrinhos da Marvel?

#62 – Temporada dos prêmios

#61 – O futuro da sua coleção é uma gibiteca

#60 – Vai faltar papel pro gibi?

#59 - A editora que vai publicar Apesar de Tudo, apesar de tudo

#58 - Os quadrinhos da Brasa e para que serve um editor

#57 - Você vs. a Marvel

#56 - Notícias aos baldes

#55 – Marvel e DC cringeando

#54 – Nunca tivemos tanto quadrinho no Brasil? Tivemos mais.

#53 - Flavio Colin e os quadrinhos como sacerdócio

#52 - O direct market da Hyperion

#51 - Quadrinhos que falam oxe

#50 - Quadrinho não é cultura?

#49 - San Diego é hoje

#48 - Robson Rocha, um condado, risografia e Cão Raivoso

#47 - A revolução dos quadrinhos em 1990

#46 - Um clássico POC

#45 - Eisner não é Oscar

#44 - A fazendinha Guará

#43 - Kentaro Miura, o karôshi e a privacidade

#42 - A maratona de Alison Bechdel, Laerte esgotada, crocodilos

#41 - Os quadrinhos são fazendinhas

#40 - Webtoons, os quadrinhos mais lidos do mundo

#39 - Como escolher o que comprar

#38 - Popeye, brasileiros na França e Soldado Invernal

#37 - Desculpe, vou falar de NFTs

#36 - Que as lojas de quadrinhos não fiquem na saudade

#35 - Por que a Marvel sacudiu o mercado ontem

#34 - Um quadrinista brasileiro e um golpe internacional

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#30 - HQ dá solução sobrenatural para meninos de rua

#29 - O prêmio de HQ mais importante do mundo

#28 - Brasileiros em 2021 e preguiça na Marvel

#27 - Brasileiros pelo mundo e brasileiros pelo Brasil

#26 - Brasileiros em 2021 e a Marvel no Capitólio

#25 - Mais brasileiros em 2021

#24 - Os brasileiros em 2021

#23 - O melhor de 2020

#22 - Lombadeiros, lombadeiras e o lombadeirismo

#21 - Os quadrinistas e o bolo do filme e das séries

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#14 - Alan Moore brabo e as biografias de Stan Lee

#13 - Cuidado com o Omnibus

#12 - Crise criativa ou crise no bolo?

#11 - Mix de opiniões sobre o HQ Mix

#10 - Mais um fim para o comic book

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