UM NOVO MUNDO

Em um ano difícil e desafiador para o mundo, CCXP Worlds se tornou local de encontro para fãs e artistas de todo o globo

Redação Omelete

O nome escolhido para a CCXP 2020 não poderia ser mais adequado: A Journey of Hope - uma jornada de esperança. Foi realmente uma jornada transformar o maior evento de cultura pop do mundo, que reuniu 280 mil pessoas em São Paulo no ano passado, num evento totalmente digital que, ao mesmo tempo, não fosse simplesmente mais uma das muitas lives que nos acostumamos a acompanhar este ano. O resultado foi a criação de um mundo virtual que permitiu que fãs de todo o globo participassem e explorassem os vários espaços da CCXP Worlds sem sair de casa.

A jornada

O público começou a conhecer essa transformação em julho, quando a CCXP Worlds foi anunciada como um evento 100% digital, mas a jornada começou meses antes. Era março e faltava cerca de um mês para começarem as vendas de ingressos da CCXP 2020 quando o mundo foi impactado pela notícia de que vivíamos uma pandemia de Covid-19 e que seriam necessárias medidas de distanciamento social para evitar que o vírus se espalhasse ainda mais.

“No começo, a gente acreditava que o evento ainda tinha muita chance de acontecer físico, em dezembro, e só em junho que sentamos para tomar uma decisão”, conta Pierre Mantovani, CEO da Omelete Company. Àquela altura, muita gente ainda acreditava que seria possível retomar os eventos presenciais no fim do ano, mas o time por trás da CCXP resolveu se antecipar e iniciar o planejamento de um evento que pudesse ir além de uma live e oferecer uma experiência com interação e diversidade de conteúdo.

Anúncio feito, começaram os verdadeiros desafios, e o maior deles foi convencer os maiores estúdios de Hollywood a participar, em um ano em que eles próprios enfrentaram muitas dificuldades, com produções interrompidas e grande parte dos cinemas do mundo fechada por longos períodos.

“O primeiro grande desafio foi convencer a indústria do entretenimento a acreditar que um evento online feito por brasileiros poderia ter uma escala global, para daí a gente trazer uma mensagem que tem a ver com a journey of hope, de acreditar que as produções estavam sendo retomadas e que a gente pode olhar para um ano de 2021 mais positivo”, diz Mantovani.

Depois de meses de um longo trabalho de convencimento, estúdios como Universal, Sony, Paramount, Warner e Amazon Prime Video toparam trazer seus conteúdos e artistas para o palco virtual do evento e contribuíram para as mais de 150 horas de conteúdo apresentadas, que também incluíram os painéis de quadrinistas no Artists’ Valley.

Os melhores momentos da CCXP Worlds

Neve Campbell no painel de Pânico

Sexta: Pânico

Um dos melhores momentos do primeiro dia veio absolutamente de surpresa: Marcelo Forlani recebeu uma ligação misteriosa e, quando atendeu, nem ligou para a voz de Ghostface, o icônico assassino da franquia Pânico. O espanto maior, na verdade, foi dar de cara com a protagonista da saga, Neve Campbell. A atriz apareceu para dizer que acabaram de encerrar as filmagens e apresentar o elenco completo do quinto filme, que conta com Jenna Ortega, Jack Quaid e mais. Também ficamos sabendo que a estreia está programada para janeiro de 2022.

Confira mais melhores momentos do primeiro dia de CCXP Worlds.

Cena de Turma da Mônica: Lições

Sábado: Maurício de Sousa

No segundo dia do evento, a MSP superou todos os limites de fofura em um painel dedicado aos seus principais lançamentos de 2021. Além dos quatro próximos títulos da Graphic MSP - Chico Bento, de Orlandeli, Franjinha, de Vitor Cafaggi, Magali, de Lu Cafaggi, e Piteco, de Eduardo Ferigato -, Mauricio de Sousa, Sidney Gusman e Wagner Bonilla liberaram uma cena inédita de Turma da Mônica: Lições, adaptação da HQ homônima de Vitor e Lu Cafaggi, dirigida mais uma vez por Daniel Rezende, que comandou Laços.

Confira mais melhores momentos do segundo dia de CCXP Worlds.

Painel de Mulher-Maravilha 1984

Domingo: Warner/DC

Foram seis horas de conteúdo, mas ficou difícil competir com a heroína mais amada e com os “heróis” mais improváveis da cultura pop. O painel de Esquadrão Suicida teve o diretor James Gunn e os atores Alice Braga, Idris Elba, John Cena, Daniela Melchior, Nathan Fillion e Flula Borg em uma conversa divertida com direito a uma história sobre empanadas. Já o de Mulher-Maravilha 1984 foi quase um reencontro de amigos, com a diretora Patty Jenkins conduzindo o papo com Gal Gadot, Chris Pine, Kristen Wiig e Pedro Pascal, e todos prometendo que a espera vai valer a pena.

Confira mais melhores momentos do terceiro dia de CCXP Worlds.

O mundo

E nessas ironias que 2020 nos trouxe, as restrições que não permitiram que um evento presencial acontecesse acabaram contribuindo para que a CCXP fosse levada para muito além de São Paulo e de quem poderia viajar até a capital paulista para curtir. Segundo dados preliminares, a CCXP Worlds chegou a 113 países - por meio de sua própria plataforma, de lives e de watch parties no Facebook da CCXP e de parceiros de nove países (Argentina, Estados Unidos, Portugal, México, Uruguai, Peru, Chile e Equador) -, e alcançou até a China, onde mais de 10 milhões de pessoas curtiram o evento, chegando a 100 mil pessoas assistindo simultaneamente a Thunder Arena.

Se não foi possível fazer amigos na fila para os painéis e colar no vidro da arena do Omelete para ver os ídolos de perto, os fãs ainda puderam subir aos palcos da CCXP por meio de fancams, com direito a muito cosplay e participações especiais de familiares e bichinhos de estimação. Um dos espaços com mais interação foi o Omelete Stage, onde Marcelo Hessel recebeu os novos apresentadores Carol Costa, Milena Enevoada, Load e Jack, que conversaram com fãs de várias partes do país.

“É incrível ver as pessoas que estão participando pela primeira vez e pedindo para continuar tendo essa versão virtual acessível a todos”, conta Ana D'Aguiar, coordenadora de atendimento e credenciamento da Omelete Company. Segundo ela, alguns dos painéis que mais empolgaram os fãs foram Lana Parrilla, Warner, Globo e Maurício de Sousa.

Na linha de frente do contato com o público, D’Aguiar diz que houve mais reclamações no primeiro dia, por conta de uma instabilidade que a plataforma sofreu durante o painel do convidado de honra Neil Gaiman, e de algumas dificuldades para logar. Mas, segundo ela, o clima predominante “fica entre ‘aaaaa, vou morrer, CCXP, você faz tudo’, e ‘meu Deus, que saudade, corona vá embora, traz fulano ano que vem de novo’".

Mas Mantovani encara até essas dificuldades técnicas como um sinal do sucesso da CCXP Worlds.

Foi uma surpresa inesperada derrubar uma plataforma ‘parruda’ como o Vimeo. Me deu aquela sensação de estar derrubando o YouTube globalmente. Foi um negócio que surpreendeu, é negativo, mas ao mesmo tempo mostra a quantidade de acessos que estávamos tendo.
Pierre Mantovani, CEO da Omelete Company
CCXP/Divulgação
CCXP/Divulgação

Do lado dos estúdios, outra ironia. O fechamento de cinemas pelo mundo obrigou-os a adiar grandes lançamentos para épocas mais seguras, em 2021, e as medidas sanitárias interromperam produções que estavam em andamento, fazendo com que não houvesse tantas novidades a serem apresentadas quanto o público da CCXP estava acostumado.

Por outro lado, as participações remotas permitiram que os estúdios fossem generosos na quantidade de artistas que puderam estar presentes nos palcos virtuais, com gente conectando ao mesmo tempo de fusos horários tão distantes quanto a Austrália e Los Angeles. O painel de The Walking Dead: World Beyond, por exemplo, contou com a participação de sete atores, mais um holograma do showrunner Matt Negrete. Mulher-Maravilha 1984 voltou à CCXP depois da épica participação de Patty Jenkins e Gal Gadot em 2019 trazendo todo o elenco principal, incluindo Chris Pine, Kristen Wiig e Pedro Pascal. E Esquadrão Suicida reuniu o diretor James Gunn e seis integrantes do elenco: Alice Braga, Idris Elba, John Cena, Daniela Melchior, Nathan Fillion e Flula Borg.

O que o Omelete achou

Arthur Eloi

"Em um ano tão complicado quanto 2020, a CCXP Worlds dá um gostinho do evento presencial em casa. Além da impressionante infraestrutura dos painéis, o que mais surpreendeu foi como o Artists’ Alley - o coração da convenção - se reinventou digitalmente. É claro, nada se compara a sensação de bater perna entre as várias mesas, repletas de artes incríveis. Mas as páginas individuais dos artistas, que demonstravam seus projetos em lives, deram espaço para cada um se expressar à sua maneira."

Camila Sousa

"Após cobrir cinco eventos no pavilhão, desta vez a maior parte do conteúdo foi feita de casa. Foi estranho não ter a proximidade com os fãs, mas também foi interessante ver várias pessoas participarem de sua primeira CCXP por conta do acesso online - vi nas redes sociais pessoas de outros estados celebrando a oportunidade. A plataforma ficou pesada para entregar o conteúdo 3D, por isso essa parte foi menos aproveitada, mas foi interessante conferir o catálogo dos artistas no Artists’ Valley e enviar mensagens para eles."

Gabriel Ávila

"HQs são parte fundamental do evento, e transportar essa experiência para o virtual foi um desafio. Dentre os convidados estavam mestres como Neil Gaiman, Art Spiegelman e Dave Gibbons, e talentos brasileiros como Marcello Quintanilha e Marcelo D’Salete. O evento também criou no Artists’ Valley uma versão digital das tradicionais mesas. A plataforma conectou os fãs aos artistas de uma forma que, mesmo com contratempos, buscou simular o que se vive nos corredores do Alley."

Guilherme Machado

"A dinâmica de uma CCXP virtual é completamente diferente da presencial, mas também não significa que a experiência não traz uma infinidade de possibilidades. Vejo com muita alegria, por exemplo, o fato de que a Globo teve painéis para falar sobre novelas na Thunder Arena. Sim, sou noveleiro de coração, mas é mais do que isso. É a possibilidade de pensar que o mundo inteiro pode ver um pouco do principal produto cultural nacional, que já mexeu tanto com a sociedade. E sim, todo mundo quer ver Verdades Secretas 2! Pra além disso, nada substitui o prazer de ouvir Tom King falar."

Julia Sabbaga

"É claro que a CCXP presencial faz falta, e é até engraçado pensar que o que mais dá saudade é exatamente o sentimento de aglomeração, que agora é a última coisa que a gente pode pensar. Mas ver que a CCXP Worlds conseguiu trazer ainda mais gente - porque foi exibida no mundo inteiro - dá uma sensação muito boa. Pessoalmente, os destaques foram o painel surpresa de Pânico (as surpresas da CCXP sempre são lindas, e dessa vez foi com uma das minhas franquias favoritas!) e o painel da MSP. Meu deus, o que foi aquele teaser de Lições? "

Nicolaos Garófalo

"Por mais que o Palco Thunder costume abrigar os grandes atrativos do evento, o Artists’ Valley foi, para mim, o grande destaque da CCXP Worlds. As entrevistas com Gail Simone, Gerry Conway e Trina Robbins foram emocionantes e dignas do tamanho da feira, e quadrinistas como Matt Fraction e Kelly Sue DeConnick bateram papos descontraídos que os aproximaram dos fãs. Mas talvez o momento que mais me deu o famoso “quentinho no coração” foi Mauricio de Sousa passando por cima dos editores da MSP para divulgar uma cena inédita de Turma da Mônica: Lições."

CCXP/Divulgação
CCXP/Divulgação

Não é o fim...

O que fica depois de três dias de CCXP Worlds é uma mistura de sentimentos: deu para matar a saudade do que rola em uma CCXP presencial, ao mesmo tempo que aumentou ainda mais a vontade de que tudo passe e possamos estar de novo no meio de outros milhares de fãs.

E a edição de 2021 também promete ser uma mistura: do real com o virtual. “A gente já tem uma certeza: que a CCXP Worlds veio pra ficar e nunca mais vai parar”, afirma Mantovani. “Entendemos que a próxima CCXP vai acontecer fisicamente em dezembro de 2021, e a CCXP São Paulo vai estar plugada dentro da CCXP Worlds como mais um mundo que está ali. E a gente pretende incluir outros países, outras experiências de conteúdo”, revela.

O CEO da Omelete Company gosta de usar a metáfora dos Jogos Olímpicos para explicar essa nova cara da CCXP: você pode comprar o ingresso, viajar e acompanhar as competições de perto, ou pode ver na TV, como milhões de pessoas.

Queremos que 280 mil pessoas, que é nossa capacidade máxima, venham a São Paulo e curtam a experiência presencial, mas outras milhões de pessoas vão poder curtir todo o conteúdo de forma digital dentro da CCXP Worlds. Inclusive, quem estiver na presencial, vai poder depois também ver na plataforma digital alguns conteúdos e coisas que não conseguiu acompanhar.
Pierre Mantovani, CEO da Omelete Company
Publicado 07 de Dezembro de 2020
Edição Natalia Engler
Reportagem Arthur Elói, Camila Sousa, Gabriel Ávila, Guilherme Machado, Julia Sabbaga, Natalia Engler e Nicolaos Garófalo