Durante a CCXP Worlds, Art Spiegelman explica por que não desenha Donald Trump

Créditos da imagem: CCXP Worlds

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Durante a CCXP Worlds, Art Spiegelman explica por que não desenha Donald Trump

Cartunista também falou sobre a relação entre Maus e o crescimento de governos extremistas ao redor do mundo

Omelete
3 min de leitura
06.12.2020, às 18H24.

Acostumado a retratar momentos politicamente conturbados em seu trabalho, Art Spiegelman resistiu bravamente à tentação de levar suas críticas ao governo de Donald Trump para as páginas. Ao longo dos quatro anos do mandato do presidente republicano, o cartunista tomou a decisão de representar o mandatário norte-americano, classificado por muitos como um narcisista. Em entrevista durante a CCXP Worlds, revelou: “Não importa se você está dando atenção positiva ou negativa, ele é um vampiro que se alimenta de qualquer tipo”.

Comparando o ex-apresentador de O Aprendiz com uma criança birrenta, o autor do clássico Maus disse que o único jeito de lidar com alguém como o presidente é ignorando-o. “A mídia aprende devagar, mas entenderam que era melhor tentar manter distância dele, mesmo que seja difícil”.

Primeiro quadrinista a ser premiado com um Pulitzer, Spiegelman tem duras opiniões sobre a ascensão de governos com discursos extremistas ao redor do mundo. Perguntado se o surgimento desses regimes seria uma consequência de poucas pessoas lerem Maus e verem seu retrato sobre o holocausto, o artista foi direto: “nos Estados Unidos é uma consequência das pessoas simplesmente não lerem nada. Não é mais assim que a informação é transmitida”. Citando pesquisas recentes, Spiegelman lembrou que a maior audiência de uma emissora de notícias nos EUA é da conservadora FOX News. “E um estudo foi feito que mostrou que pessoas que pessoas que assistem talk shows noturnos estavam muito melhor informados sobre o que acontece no mundo do que quem assiste FOX News”.

Por outro lado, o quadrinista se diz grato a figuras como Trump e ao presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Para Spiegelman, o extremismo de seus discursos e pânico causado por suas políticas alavancou as vendas de Maus, praticamente igualando aos números que o livro atingiu quando foi lançado originalmente. “Agora existe uma geração completamente se perguntando ‘o que diabos é um campo de concentração?’”.

Em sua passagem pela CCXP World, Spiegelman manteve seu histórico de não fugir de assuntos políticos. Cutucando governantes e eleitores, o cartunista vê ainda uma vida útil bem longa para sua obra prima, que ressurge sempre que necessário para lembrar os leitores dos perigos de seguir líderes com discursos extremos.

A CCXP Worlds: A Journey of Hope, primeira edição 100% digital do maior evento de cultura pop do mundo, acontece entre os dias 4 e 6 de dezembro de 2020. Os ingressos gratuitos e os pacotes especiais, que dão direito a atrações e brindes exclusivos, estão disponíveis no site www.ccxp.com.br.

Neste domingo (6), a Warner traz um painel imperdível, com filmes como Mulher-Maravilha 1984 e Esquadrão Suicida, e séries como His Dark Materials, Flash e Euphoria, com direito à presença de Zendaya. O line-up dos quadrinhos não está menos estrelado, com nomes como Dave Gibbons, Tom King, Gail Simone e Art Spiegelman.

Quem perdeu alguma coisa ou quer rever os melhores momentos pode acessar os vídeos on demand, que serão disponibilizados na plataforma em até 24 horas depois da exibição ao vivo e ficam no ar até o dia 13 de dezembro.


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