Digimon/Toei/Divulgação

Mangás e Animes

Lista

10 animes antigos que eram isekais antes disso ser modinha

Digimon e Guerreiras Mágicas de Rayearth são isekais? A julgar pelas características do gênero... sim!

18.08.2021, às 13H52.

Do nada um protagonista é transportado para um outro mundo e lá passa a viver aventuras ajudando pessoas desconhecidas com seu poder recém-descoberto. Essa é a premissa básica dos isekais, um dos gêneros mais populares atualmente nos animes e mangás e presente em uma parcela considerável de animes da temporada. A gente tem até uma lista de recomendações aqui no Omelete!

Entretanto, a ideia de um personagem indo para outra realidade não é assim tão inédita, e já apareceu na literatura clássica (Alice no País das Maravilhas) e até em outros animes antes dessa moda. O objetivo dessa lista é relembrar alguns animes mais antigos que já traziam vários (ou até todos) elementos dos isekais modernos. Vamos à lista!

Shurato (1989)

Shurato/Sunrise/Reprodução

Uma das primeiras experiências do brasileiro com animes isekai foi em Shurato, exibido em meados dos anos 1990 durante o boom de animação japonesa após o sucesso de Os Cavaleiros do Zodíaco. Após uma abertura educativa que nos ensinava a soletrar o nome do protagonista, assistimos à Shurato e seu melhor amigo Gai sendo mandados para o Mundo Celestial durante um torneio de artes marciais. Porém, como a música já reforçava, existe guerra no Mundo Celestial! A deusa Vishnu está em apuros após ter sido transformada em pedra pelo Mestre Indra, e o malvado ainda convenceu o exército de guerreiros com armadura que o grande responsável pelo caos no mundo é o pobre Shurato. Ao lado de seus novos amigos, Shurato precisa vencer sua tristeza e lutar contra essa escuridão.

Uma característica muito presente nos isekais recentes, e ausente em Shurato, é que os protagonistas da atualidade não necessariamente querem voltar para casa. Esse não é o caso deste anime da Manchete, afinal o personagem título tem como objetivo voltar ao mundo humano e levar consigo Gai, que sofreu uma lavagem cerebral e agora é seu nêmesis nesse outro mundo.

Shurato tem 38 episódios e foi exibido no Brasil pela extinta rede Manchete.

Guerreiras Mágicas de Rayearth (1994)

Rayearth/TMS/Divulgação

Durante um passeio escolar na Torre de Tóquio, as garotas Lucy, Marine e Anne (vamos usar aqui os nomes da versão brasileira, tá?), de três escolas diferentes, são transportadas para o mundo mágico de Zefir. Nessa terra maluca com montanhas flutuantes elas se descobrem como as lendárias Guerreiras Mágicas, convocadas pela princesa Esmeralda para salvar aquele mundo das mãos de Zagard. Com os poderes do fogo, água e vento, cada uma precisa acordar um robô gigante e partir para a briga com o exército do vilão, com um plot twist que traumatizou muita gente nos anos 1990.

Como se não bastasse ser apenas um isekai, Guerreiras Mágicas de Rayearth se torna um outro isekai em sua segunda temporada. Dessa vez as garotas são novamente convocadas para Zefir para resolver uma treta política, com direito a guerras entre nações de outros planetas e a manifestação efêmera de uma sósia maléfica de Lucy. E do jeito que as mulheres do CLAMP adoram uma continuação (alô Card Captor Sakura e xxxHolic), a qualquer momento essas três podem ser convocadas para uma terceira aventura isekai.

Guerreiras Mágicas de Rayearth tem 49 episódios e foi exibido no Brasil pelo SBT. A série está disponível atualmente no Prime Video e o mangá foi lançado pela editora JBC.

Fushigi Yuugi (1995)

Fushigi Yuugi/Pierrot/Divulgação

Fushigi Yuugi era, em meados dos anos 1990, um dos títulos mais pedidos pelos otakus para uma publicação do mangá no Brasil ao lado de Ranma ½, um reflexo do sucesso que o anime conquistou mesmo com uma distribuição “alternativa” entre fãs. A protagonista da vez é Miaka, que vai parar em um mundo inspirado na China antiga após ler um livro misterioso na biblioteca pública. Nesse local ela descobre ser a sacerdotisa de Suzaku e terá como objetivo reunir os sete guerreiros lendários para proteger o reino do ataque de nações inimigas. Mas nem tudo são flores para Miaka, pois sua principal pedra no sapato é a sacerdotisa de Seiryu, ninguém menos que sua melhor amiga Yui, ludibriada pelo guerreiro (e boy lixo) Nakago.

Fushigi Yuugi é uma série adorada pelos fãs não só pelo seu tom de aventura, mas também por ser incrivelmente dramática. Esqueça histórias em que todo mundo passa por um crescimento e termina feliz, porque a autora Yuu Watase faz questão de traumatizar cada espectador de sua obra com mortes cruéis para os personagens mais queridos do público. Aqui vale a dica de Game of Thrones: não se apegue a ninguém.

Fushigi Yuugi tem 52 episódios e não foi exibido oficialmente no Brasil, mas o mangá foi lançado em meados dos anos 2000 pela editora Conrad. Se tiver a chance de ler, não vai se arrepender.

El Hazard (1995)

El Hazard/Reprodução

Embora tenha chegado ao Brasil só no começo de 2000, El Hazard é uma franquia de várias séries distintas ambientadas em realidades diferentes, todas lançadas nos anos 1990 no Japão. A história (pelo menos da versão exibida na nossa TV aberta) começa em uma escola japonesa normal, até que um grupo de pessoas é transportado para o mundo mágico de El Aventura (sim, esse é o nome na nossa dublagem). Além do adolescente Makoto, o protagonista da vez, foram enviados para lá o professor Fujisawa, sua colega Nanami e Jinnai, o presidente do conselho estudantil. Cada um deles descobre um poder e todos entram em conflito para salvar esse mundo da Deusa da Destruição.

Uma das características dos isekais modernos é o protagonista meio genérico, construído de forma a permitir uma fácil identificação com o espectador, e esse não é o caso de El Hazard. Na verdade, Makoto é um dos personagens mais chatos da animação, cujo apreço pelos fãs se deve ao excelente elenco de secundários e pelo vilão maluco de risada marcante. Até mesmo o poder de Makoto, ativar mecanismos antigos nesse mundo, é meio inútil perto da superforça ou da habilidade de falar com animais dos outros.

A série televisiva de El Hazard tem 26 episódios e foi exibida no Brasil pela Band. Um mangá inspirado no OVA foi lançado no país pela editora JBC.

Digimon Adventure (1999)

Digimon/Toei/Divulgação

Tem gente que não aceita, mas Digimon Adventure (e algumas temporadas posteriores) têm as principais características dos isekais modernos. Aqui um grupo de crianças é transportado para o mundo digital e cada um forma um laço com um Digimon, criaturinhas mágicas capazes de evoluir dependendo da relação com cada um dos Digiescolhidos. A cada episódio, desafios vão forçando um amadurecimento das crianças e, consequentemente, um aumento no poder dos monstrinhos.

Segundo a regra dos isekais não é permitido aos personagens o livre acesso ao mundo original, e Digimon Adventure segue isso em boa parte da história. A regra só é ignorada totalmente na segunda temporada, Digimon 02, pois os novos digiescolhidos acessam o Digimundo somente quando precisam resolver um problema e saem assim que o solucionam. Mas se nem os fãs levam o Digimon 02 muito a sério, por que você deveria levar, não é mesmo?

Digimon Adventure tem 54 episódios e foi exibido no Brasil pela Globo e Fox Kids. A série tem uma segunda continuação (Digimon Tri) e um reboot (Digimon Adventure:), ambos disponíveis na Crunchyroll.

Monster Rancher (1999)

Monster Rancher/Divulgação

Para quem duvida que Monster Rancher é um isekai, vamos lembrar que a primeira frase da abertura é literalmente "fui transportado para um mundo distante onde os monstros fazem as leis" (tem uma outra versão dessa abertura, mas a ideia é a mesma). Aqui o garoto Genki estava participando de um campeonato de Monster Rancher no PlayStation e acabou sendo enviado ao mundo do jogo. 

Lá o garoto se alia a monstros estranhos como um golem gigante, um lobo que se chama "Tigre dos ventos" e uma versão baixo-orçamento do Mike de Monstros S.A. O objetivo de Genki passa a ser encontrar a lendária Fênix para enfrentar o maligno Moo. O motivo dele nunca encontrar o monstro lendário é revelado só no final da série, pois a Fênix reencarnou em cada um dos monstros do grupo dos heróis.

Monster Rancher tem 73 episódios e foi exibido no Brasil em várias emissoras, como Globo, Band e Fox Kids. Para quem não conhece, o anime é inspirado em um jogo homônimo cuja maior diversão era você colocar CDs de música no console e encontrar novos monstros dentro do disco. Com um pouco de sorte era possível achar a Fênix no CD do Chitãozinho & Xororó.

InuYasha (2000)

InuYasha/Sunrise/Divulgação

Aqui entramos em uma discussão mais polêmica, porque InuYasha é e não é considerado um isekai pelos fãs. A premissa atende às expectativas do gênero: a garota Agome Higurashi (novamente usando os nomes da versão brasileira) cai em um poço no templo da família e é transportada para o Japão Feudal. Lá ela descobre ser a reencarnação de uma sacerdotisa chamada Kikyo e precisa se aliar ao meio-youkai InuYasha para reunir os pedaços da Joia de Quatro Almas antes do vilão maligno Narak.

No entanto, InuYasha desrespeita uma das principais regras do gênero isekai. Após algumas aventuras, Agome consegue transitar livremente entre passado e presente, e sempre volta para sua casa para pegar comida, trocar o pneu de sua bicicleta ou mesmo justificar suas faltas na escola. Nesse ponto, a continuação da história (o anime Yashahime) parece seguir mais fielmente o gênero: a protagonista da vez, Towa Higurashi, não tem a possibilidade de passear entre as eras através do poço, e está “presa” no Japão Feudal mesmo. 

InuYasha tem 193 episódios ao todo e foi exibido no Brasil (de forma incompleta) pelo Cartoon Network e Globo. Todos os episódios estão disponíveis no Prime Video, e a continuação Yashahime está no catálogo da Crunchyroll, Funimation e na Pluto TV. Para quem prefere ler, a versão em mangá foi lançada pela editora JBC.

.hack//SIGN (2002)

hack/Reprodução

Se você acha que Sword Art Online inaugurou o clichê de personagem preso em jogo online, lhe apresento o projeto multimídia .hack//SIGN, cuja premissa é exatamente a mesma. Quer dizer, enquanto SAO aposta em cenas de ação e um relacionamento moroso entre Kirito e Asuna, .hack//SIGN tem uma pegada mais sombria e reflexiva graças ao protagonista Tsukasa, aproveitando que todo anime nessa época ainda tentava seguir os passos de Neon Genesis Evangelion.

Aqui temos mais uma classificação polêmica, pois o próprio Sword Art Online não é considerado um isekai, afinal tecnicamente os personagens não foram mandados para um outro mundo, e sim estão presos em um jogo online após algum acidente. Classificações à parte, .hack//SIGN merece ser lembrado como um dos primeiros animes a explorar esse clichê.

.hack//SIGN tem 29 episódios e foi exibido no Brasil pelo extinto canal pago Animax. A mesma emissora também exibiu um spin-off, o .hack//Legend of the Twilight (cujo mangá foi lançado no Brasil pela editora JBC).

Sonic X (2003)

Sonic X/TMS/Divulgação

Inspirado pelo Sonic estiloso da franquia Sonic Adventure (do finado Dreamcast), o estúdio TMS apresentou à SEGA uma proposta para transformar o ouriço mais famoso do mundo em um personagem de anime, e assim nasceu Sonic X. Por mais estranho que isso possa parecer, a história é o puro creme do isekai, só que um “isekai reverso”. Logo no começo da história Sonic está em sua enésima luta contra o doutor Eggman quando tudo explode e os personagens da franquia de games são transportados para outro mundo… a nossa Terra.

Pois é, o tal mundo mágico da vez é o nosso planeta e Sonic fica amigo de Chris, uma criança que por muita conveniência do destino é amiga de um cientista que começa a ajudar Sonic a encontrar formas de voltar para seu mundo. O anime do Sonic fez um sucesso tão grande no ocidente que o estúdio acabou criando uma terceira temporada quase que exclusiva para este lado do globo. A história no entanto tem bem pouco de isekai, pois é uma trama espacial, mas está valendo.

Sonic X tem 78 episódios e foi exibido no Brasil pelo Jetix. A série se encontra disponível no Prime Video, Looke e Netflix.

Viewtiful Joe (2004)

Viewtiful Joe/Reprodução

Nascida dos videogames, a franquia Viewtiful Joe ganhou uma adaptação para anime que acabou não chamando tanta atenção em meio a outras animações exibidas na mesma época. Assim como nos games, o anime mostra Joe indo ao cinema com sua namorada Silvia para assistir ao novo filme do Capitão Blue. No meio do filme o vilão sai da telona e sequestra a garota, então Joe precisa entrar no mundo do cinema para salvá-la. Ou seja… tecnicamente é um isekai!

Lá no mundo do cinema Joe pode se transformar no herói Viewtiful Joe e recebe superpoderes dignos de um Adobe Premiere: ele consegue acelerar, rebobinar, colocar tudo em câmera lenta e por aí vai. No decorrer dos episódios, Viewtiful Joe ganha a companhia de Junior, que atua como seu parceiro, e até Silvia ingressa no grupo dos protagonistas como a heroína Sexy Silvia.

Viewtiful Joe tem 51 episódios e foi exibido no Brasil pelo Cartoon Network e na RedeTV!. Os episódios foram lançados em DVD pela Focus Filmes.

Bônus: Seisenshi Dunbine (1983)

Dunbine/Reprodução

Seisenshi Dunbine (ou Aura Battle Dunbine) não é tão conhecido no Brasil, mas aparece aqui como extra na nossa lista por um motivo: ele é considerado o primeiro anime isekai de todos os tempos. Na história o protagonista Shou é enviado para um outro mundo e se vê metido no meio de uma guerra territorial, até porque ele tem o poder de controlar um mecha.

Parabéns pelo pioneirismo, Seisenshi Dunbine!