Tomie/Akatsuki no Yona/Rayearth/Reprodução

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12 dicas de shoujos e joseis para perder o preconceito

Confira uma lista de bons shoujos e joseis para conhecer melhor essa demografia tão importante

09.03.2022, às 15H08.

Não se sabe se por má vontade ou ignorância, mas criou-se um mito entre os otakus de que “shoujo é ruim”. O preconceito também acaba se estendendo à demografia josei, outra destinada às mulheres, e acaba fazendo com que histórias muito boas não sejam vistas pelos fãs de anime e mangá. Com essa matéria temos um objetivo simples: mostrar 12 mangás muito bons da demografia shoujo e josei para provar que as reclamações sobre essa demografia são infundadas.

Mas… o que é shoujo e josei?

Embora muitas pessoas ainda acreditem que “shoujo” e “josei” são gêneros de histórias (assim como ação, aventura, terror…), os dois termos na verdade são demografias. Ou seja, uma revista shoujo é uma publicação produzida para garotas adolescentes, enquanto uma revista josei é destinada a mulheres adultas, tendo nada a ver com o conteúdo das histórias. Seja uma trama de luta, um thriller psicológico ou uma comédia, se saiu em uma revista shoujo/josei no Japão então é um shoujo/josei.

Sabendo disso, vamos à lista. Focamos não só em histórias de qualidade, mas também em temas diferentes para provar que shoujo/josei são versáteis e diversas. Vamos à lista!

Rosa de Versalhes

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Publicado nas páginas da revista Margareth entre 1972 e 1973, Rosa de Versalhes é considerado um dos mais importantes shoujos de todos os tempos, influenciando autores, obras e a própria indústria do mangá. A trama de Riyoko Ikeda é ambientada na França do século XVIII e traz como principal personagem Oscar, uma garota criada como um rapaz.

O tema não é necessariamente inédito em shoujos, A Princesa e o Cavaleiro de Osamu Tezuka já era uma história de uma garota criada como se fosse um rapaz, mas em Rosa de Versalhes temos um ponto interessante: Oscar acaba se tornando a protetora de Maria Antonieta, a rainha da França. A trama mescla fatos históricos reais que levam à Revolução Francesa com personagens e situações criadas por Ikeda, e é uma baita história.

No Brasil, Rosa de Versalhes teve 10 episódios de seu anime lançados em VHS no começo dos anos 1990, mas felizmente a editora JBC publicou o mangá completo em 5 volumes.

Fruits Basket

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Se você gosta de histórias que fazem o leitor ficar desidratado de tanto chorar, Fruits Basket é para você! Criada por Natsuki Takaya, a história sobre como a órfã Tohru Honda se muda para a casa da família Sohma é uma montanha russa de emoções. O drama ganha pitadas de realismo fantástico quando descobrimos que todos os rapazes desta abastada família possuem uma maldição: quando são abraçados por alguém do sexo oposto, eles se transformam em animais do zodíaco chinês.

Embora Tohru se mostre sempre otimista, feliz e trazendo alegria para os membros da família Sohma, a personagem traz consigo uma triste história sobre como perdeu seus pais e como foi abandonada pelo resto de sua família. Quem acompanhou a história inteira garante: é impossível chegar ao final sem derramar uma lágrima sequer.

Fruits Basket teve um anime nos anos 2000, mas ele é bem ruim e a própria autora odeia essa adaptação. Por sorte foi lançado um novo anime em 2019 que adaptou toda a história em 63 episódios, e essa versão está disponível na Crunchyroll, com dublagem em português. Para ler o mangá, a editora JBC está republicando o título atualmente em formato de luxo.

Guerreiras Mágicas de Rayearth

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É impossível fazer uma matéria de bons mangás shoujos sem colocar nada do grupo CLAMP (de Card Captor Sakura, RG Veda, X…), então a série escolhida para essa lista foi Magic Knight Rayearth (ou Guerreiras Mágicas de Rayearth em português, inclusive vamos colocar na matéria os nomes originais da série e os adaptados pela dublagem brasileira). O motivo para a escolha é simples: Rayearth está aí para esfregar na cara de quem acha que é impossível existir um bom shoujo de aventura com pitadas de RPG.

Hikaru/Lucy, Umi/Marine e Fuu/Anne sendo transportadas para o mundo de Cephiro/Zephyr, o bom e velho clichê dos isekais, mas antes do gênero ser modinha. Lá elas descobrem que o mundo mágico está em colapso porque a princesa Emeraude/Esmeralda foi sequestrada pelo vilão Zagato/Zagard, e cabe às garotas despertarem os Gênios/Mashins (robôs gigantes poderosíssimos) para enfrentar o malvado. Após uma reviravolta que moldou o caráter de uma geração inteira, a história dá uma guinada e se torna uma ficção científica espacial em que várias nações pelo universo tentam assumir o controle do planeta, e cabe novamente às Guerreiras Mágicas a proteção daquela terra.

Guerreiras Mágicas de Rayearth recentemente foi adicionado ao catálogo da Funimation (então possivelmente deve entrar também na Crunchyroll), apenas legendado. Uma versão dublada também se encontra no Prime Video, mas com uma qualidade de imagem bem ruim. O mangá foi publicado no Brasil pela editora JBC.

Banana Fish

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Banana Fish é uma das séries que mais “bugam” a cabeça dos que acreditam que shoujos são apenas histórias de romance. Essa trama repleta de ação, tiros e crimes da autora Akimi Yoshida é shoujo por ter sido lançada em uma revista shoujo, a Bessatsu Shoujo Comic. A história é protagonizada por Ash, um rapaz de 17 anos que mesmo jovem já é líder de uma gangue em Nova York. O rapaz precisa fugir de Dino, um líder do submundo, enquanto tenta descobrir o que é o tal "bananafish", termo dito por um soldado americano durante a guerra do Vietnã.

O mangá foi lançado nos anos 1980, e conseguiu conquistar seu público alvo com uma história densa, cheia de suspense e uma clara tensão sexual entre personagens masculinos. Por conta de sua temática, Banana Fish é erroneamente classificado como "seinen" (demografia para adultos), mas se trata de um shoujo raiz. A aclamação veio em 2018, quando ganhou um anime adaptado pelo estúdio MAPPA (de Jujutsu Kaisen).

O anime de Banana Fish está disponível no Prime Video e o mangá foi lançado no Brasil pela editora Panini.

Paradise Kiss

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Se você busca um mangá josei curtinho, mas ainda assim envolvente, estamos falando de Paradise Kiss, de Ai Yazawa. A trama mostra a adolescente Yukari Hayasawa, cuja vida de estudante normal vira de cabeça para baixo quando é convidada para desfilar para um grupo de costura de um curso de moda. Ali ela conhece não só uma nova profissão como também um amor: Jooji Koizume é um estilista que apresentará à Yukari o mundo dos adultos.

A sinopse está longe de fazer justiça à qualidade de Paradise Kiss. Com um traço lindo e cheio de roupas bem desenhadas, a autora apresenta um elenco jovem que descobre as dificuldades da vida enquanto se prepara para o desfile mais importante de suas carreiras. A autora equilibra com perfeição todo o drama dos personagens, os momentos amorosos e a comédia, transformando ParaKiss em um mangá obrigatório da demografia josei.

Paradise Kiss teve seu mangá lançado em duas ocasiões no Brasil. Em meados dos anos 2000 ele foi lançado pela editora Conrad, e recentemente ele foi republicado com novas capas pela editora Panini.

Nana

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Um dos planos originais desta matéria era de nunca repetir autores, afinal shoujo e josei é uma demografia tão repleta de nomes talentosos então seria injusto repetir alguém. Dito isso, preciso avisar que essa regra foi ignorada neste item, porque Ai Yazawa vai aparecer novamente por conta de Nana, uma de suas obras primas. Numa dessas coincidências que acontecem na vida, a jovem Nana Osaki esbarra com uma outra moça com mesmo nome, Nana Komatsu, em um trem quando viaja para Tóquio. As duas são bem distintas, uma sonha em trabalhar no mundo da música enquanto a outra só quer viver sua vida amorosa tranquilamente, mas elas passam a dividir um apartamento e suas histórias de vida.

Nana é um dos mangás josei mais importantes do Japão, além de ser uma história arrebatadora que mantém fãs fiéis até hoje. A série ganhou um anime produzido pela Madhouse (de Card Captor Sakura), filmes em live-action, jogos de videogame, álbuns musicais... só não ganhou um final. Nana se encontra com 21 volumes encadernados, e está interrompida desde 2009 quando a Ai Yazawa teve graves problemas de saúde. A autora ainda não retomou seu trabalho como mangaká, mas os fãs torcem para que ela volte cheia de saúde para concluir uma história tão especial como Nana.

Nana foi publicado no Brasil há um bom tempo pela editora JBC, mas os fãs da obra pedem até hoje para que ela seja republicada. Quem sabe vem aí?

Akatsuki no Yona

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Agora temos uma história para quem gosta de fome, guerra e revolta. Aqui acompanhamos a vida cheia de regalias da princesa Yona, alheia aos problemas dos reinos vizinhos e de seu próprio território. Porém, tudo começa a ruir quando o rei é assassinado e ela se vê obrigada a fugir com seu amigo de infância. Isso tudo é o bastante para Yona descobrir que viveu em uma rede de proteção que a isolou de todos os problemas, porque o reino de Kouka é repleto das imperfeições e pobrezas extremas.

Atualmente Akatsuki no Yona tem 37 volumes e a autora Mizuho Kusanagi ainda tem fôlego para carregar a história por mais um tempinho. Um anime foi produzido em 2014 assinado pelo estúdio Pierrot (de Boruto), mas os 24 episódios cobriram apenas uma parte da trama original. A série é bastante querida no Japão e está aí para provar que histórias de reinos fantasiosos e guerras também são publicadas em revistas shoujo.

Infelizmente o mangá de Akatsuki no Yona não é publicado no Brasil, mas por ser um título de muito sucesso é possível que ele venha a qualquer momento.

Ao Haru Ride

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Uma das representantes do mangá shoujo atual é a autora Io Sakisaka, e um de seus sucesso foi Ao Haru Ride. A protagonista da história é Futaba Yoshioka, uma garota que acaba de entrar no ensino médio e quer mudar radicalmente sua vida. Durante o ensino fundamental ela sempre foi rodeada de amigos homens, o que afastou amigas mulheres, e agora ela tenta mudar seu jeitão para fazer amizades do mesmo sexo. Enquanto isso ela reencontra uma paixão de anos atrás, mas essa paixão também está diferente do que ela lembrava.

Assim como em outros mangás de Io Sakisaka, aqui em Ao Haru Ride vamos encontrar o tradicional ambiente escolar e romances que poderiam estar em uma temporada da novela Malhação. O ponto de destaque da autora é ter personagens mais “modernos” e menos sofredores, como era comum nos romances escolares de décadas atrás.

Ao Haru Ride teve seu mangá lançado no Brasil pela editora Panini, mas aqui ele ganhou o nome de Aoharaido.

Orange

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Num belo dia, a adolescente Naho Takamiya recebe uma carta. Isso seria um dia normal na vida de tantas pessoas que recebem correspondência, mas o diferencial estava no remetente: a carta foi enviada pela Naho do futuro. Ao ler todas aquelas páginas, a adolescente descobre que a sua versão de 26 anos lhe mandou instruções para que ela evite uma grande tragédia que irá acontecer com Kakeru Naruse, um garoto recém-transferido para sua escola.

Orange é um baita de um drama com uma pitada de realismo fantástico. Embora a história até tente explicar como uma carta enviada do futuro chegou às mãos da Naho (algo que poderia ter ficado de fora), a trama se sustenta com as situações criadas, o carisma dos personagens e as reflexões que causa nos leitores. Você seria capaz de mudar seu próprio futuro, ou as outras decisões também levarão ao mesmo resultado no final?

O anime de Orange está no catálogo da Crunchyroll, com dublagem e legenda. A série também chegou a ser exibida durante um tempo na Loading, antes do encerramento da emissora. A versão em mangá com cinco volumes foi lançada no Brasil pela editora JBC, que também publicou um volume extra com a história vista pelo ponto de vista de outro personagem.

Helter Skelter

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História mais psicológica que debate a ditadura da beleza? Temos aqui também! Helter Skelter, de Kyoko Okazaki, mostra o drama da modelo Liliko, que passou por tantos procedimentos estéticos que mal consegue reconhecer o próprio corpo. Enquanto ela busca uma beleza impossível, em paralelo acontece uma investigação de crimes misteriosos têm a ver com essa figura tão enigmática.

Helter Skelter não é um mangá fácil, até porque tem um traço bastante peculiar. O traço, que a princípio pode causar estranhamento e parecer feio ao leitor, rapidamente se torna aceitável e até muito bonito, mostrando todo o talento de Kyoko em construir essa história. Infelizmente o mangá também tem uma história triste por trás, pois a autora foi atropelada por um motorista bêbado e acabou com algumas limitações que atrapalharam seu trabalho. Ela continua em atividade no Japão, mas produzindo menos obras.

Helter Skelter teve seu mangá lançado no Brasil pela editora NewPOP.

Hana Yori Dango

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Mesmo nunca tendo sido lançado oficialmente no Brasil, Hana Yori Dango é um dos shoujos mais importantes por tudo o que representou em questão de adaptação para outras mídias. A história se passa em uma escola de elite no Japão, frequentada apenas por pessoas ricas. A protagonista Tsukushi Makino, no entanto, conseguiu entrar no colégio após sua família economizar tudo o que tinha durante uma vida inteira. Em pouco tempo sua vida escolar vira um caos, pois ela se indispõe com o grupo F4, formado por quatro rapazes de famílias influentes e que promovem bullying contra seus desafetos. Makino encara tudo de cabeça erguida, mas acaba surgindo um interesse amoroso entre ela e alguns membros do F4.

O mangá de Yoko Kamio conta com 37 volumes, e a série ganhou uma adaptação em 51 episódios em 1996 (infelizmente sem um final). A história folhetinesca da autora acabou encontrando um enorme sucesso mesmo em adaptações em live action: após um filme japonês lançado em 1995, Hana Yori Dango começou a ser adaptada em dramas televisivos (ou novela, se preferir). Após Taiwan transformar o drama de Makino em um drama de duas temporadas, a porteira se abriu e países como Japão, China, Coreia do Sul e Tailândia produziram suas próprias versões da história.

Infelizmente o mangá nunca foi publicado no Brasil, e as chances são baixas por causa da quantidade de volumes. Para nós resta apenas assistir à adaptação em anime, disponível no catálogo da Crunchyroll.

Tomie

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Talvez seja uma surpresa para quem estiver lendo essa matéria, mas parte dos mangás do gênio do terror Junji Ito são da demografia shoujo. Um dos mais interessantes é Tomie, uma coletânea de histórias focadas em uma mesma personagem misteriosa. Em meio a personagens que tentam encontrar Tomie para protegê-la (e outros que querem matá-la), as narrativas sempre mostram como a garota misteriosa mexe com quem se envolve com ela.

Em vez de ter aquele traço delicado que muitos associam equivocadamente aos shoujos, Tomie é um mangá que segue a cartilha de Junji Ito de apresentar um horror gráfico bem marcante, com um traço grotesco e uma história hipnotizante. Infelizmente Junji Ito não costuma ser considerado autor de shoujo e josei pelo ocidente, e muitos o classificam erroneamente aos mangás seinen. Ignorância de quem afirma isso: seus mangás saíram em revistas de demografia feminina, então são shoujo e josei sim!

Tomie teve seu mangá lançado no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim.