A quinta temporada de Supergirl segue mantendo uma grande queda de qualidade. A produção sempre seguiu os padrões da CW, com uma trama procedural considerada por muitos como fraca e desinteressante. Mas, dentro de seu universo, Supergirl sempre teve boas tramas, falando sobre temas relevantes no mundo atual e construindo relações que faziam sentido e conversavam com seu público.
Infelizmente, a quinta temporada continua como um ponto fora dessa curva. Após a desastrosa trama de “Back from the Future - Part One”, o seriado retornou de um hiato de duas semanas com “Back from the Future - Part Two”, que continua apostando em histórias que não deveriam existir.
[Spoilers de “Back from the Future - Part Two” abaixo]
O primeiro ponto é o estranho interesse amoroso de Kara (Melissa Benoist) por William (Staz Nair). O capítulo continua insistindo em criar um clima entre os dois, que simplesmente não se justifica. Além da constante reclamação dos fãs sobre o seriado fazer queerbait entre Kara e Lena (sugerem um romance entre as duas, mas nunca o tornam realidade), o próprio William não foi um personagem bem construído para isso até aqui. Não é como se, desde o começo, a Garota de Aço sentisse algo por ele, que só foi se concretizar agora. O suposto sentimento surgiu do nada e nem o carisma de Benoist consegue fazer o público acreditar nisso. O resultado é o mesmo do episódio anterior, com trechos constrangedores entre os dois.
A segunda trama fraca que retorna é a da tecnologia. Parece batido repetir isso no décimo segundo capítulo da temporada, mas é preciso dizer novamente: o perigo tecnológico não funciona bem no universo de Supergirl. Após uma quarta temporada focada em preconceito contra alienígenas e com grandes questões sociais, colocar o avanço tecnológico como um perigo iminente soa quase infantil. Ainda assim, a trama poderia ser bem desenvolvida para entregar grandes ameaças, mas não é isso o que acontece. Longe de ser um “Black Mirror de super-heróis”, Supergirl cria conflitos que não apresentam realmente perigo. Claro que, sendo uma série semanal da CW, é difícil imaginar que algum personagem principal corre algum perigo de verdade, mas não há nem mesmo um esforço do roteiro para deixar o público interessado.
Outro fato curioso sobre “Back from the Future - Part Two” é que a presença da Supergirl na resolução do conflito não faz nenhuma diferença. O grande vilão do episódio é o Homem dos Brinquedos e cabe a Winn (Jeremy Jordan) entrar em um sistema para derrotar a criação de seu pai. Enquanto isso, as armas do DEO são usadas contra os agentes, que se defendem até tudo ser resolvido. A presença da Supergirl não altera em nada o resultado. A personagem não toma nenhuma ação que altere o conflito ou ajude, de fato, os amigos. Ela apenas se defende ao lado de todos até que Winn resolve o problema e descobre que seu pai não era o vilão que ele imaginava.
Ao fazer isso, além dos tantos problemas já citados, Supergirl começa a perder grande parte de seu charme. Não que não exista espaço para outros heróis e personagens dentro da história de Kara, mas deixar sua heroína-título de lado em um momento tão difícil para a produção mostra que nem mesmo a Garota de Aço pode ser capaz de salvar seu seriado. Os momentos interessantes do capítulo foram, novamente, da família Luthor, que segue sendo mal aproveitada. A atuação cativante de Jon Cryer como Lex e o olhar estratégico de Katie McGrath como Lena são mostrados apenas em cenas pontuais dentro de laboratórios e escritórios. É um desperdício, assim como vários outros momentos desta quinta temporada de Supergirl até aqui.
“Back from the Future - Part Two” termina deixando um gancho já esperado na temporada: a volta de Mr. Mxyzptlk, vivido agora por Thomas Lennon. Segundo a sinopse, o próximo capítulo voltará a falar sobre a amizade entre Kara e Lena. Resta esperar que a produção retome a aposta em relações que funcionam e volte a colocar a personagem de Benoist no lugar de protagonismo que ela merece.
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