Depois de acender o sinal de alerta em seu terceiro episódio na temporada, Supergirl continua sua batalha contra a falta de foco do roteiro e subtramas maçantes. Apressado em resolver os vários arcos criados neste começo do quinto ano, o capítulo desta semana não fez o bastante para retomar a boa forma da série. Ainda pior, as escolhas do roteiro criaram uma saída vazia sem emoção para um de seus principais personagens.
[Atenção para spoilers de “Supergirl – In Plain Sight” à frente]
Iniciando com mais um confronto entre o vilão Malefic e os heróis, “In Plain Sight” já expõe, em poucas linhas de diálogo, o número de tramas que serão abordadas na próxima hora da série: a rivalidade entre o criminoso marciano e J’onn (David Harewood), os problemas de relacionamento entre Brainy (Jesse Rath) e Nia (Nicole Maines), a ausência de James (Mechad Brooks) e Kelly (Azie Tesfai) e a desconfiança de Supergirl/Kara (Melissa Benoist) pelo incômodo William Day (Staz Nair). Um número absurdo assuntos a serem resolvidos em apenas 43 minutos de episódio, especialmente quando se lembra que as demais séries do Arrowverse têm se beneficiado de um roteiro mais enxuto e episódios com um foco claro.
Na contramão, Supergirl acumulou quase todas as suas tramas dessa primeira leva de episódios em uma hora incoerente e confusa e nem mesmo o carisma usual de Benoist conseguiu salvar o episódio de se tornar entediante após seus primeiros minutos. A atriz, que costuma trazer um brilho incomum em suas cenas como a super-heroína, aparece cansada e de má vontade com a produção, pouco lembrando a Kara que carregou o capítulo da semana passada nas costas. Somada à já conhecida atuação sonolenta de Harewood, “In Plain Sight” define um novo ponto baixo para a série.
O pouquíssimo tempo dado a cada um dos inúmeros núcleos criados também incomoda. Com desenvolvimentos fraquíssimos, quase nenhum dos arcos ganha mais de três minutos seguidos em tela, tornando impossível o envolvimento com as histórias criadas especificamente para o episódio. Com exceção da investigação de Nia e Kara sobre as intenções de William – salva por uma reviravolta felizmente interessante -, nada no novo capítulo entretém de verdade, nem mesmo a estática “batalha final” contra Malefic.
O quarto capítulo também parece ignorar pontos da história estabelecida por seus antecessores. Presente desde a primeira temporada da série, Mechad Brooks já havia anunciado sua saída no começo do quinto ano, que abriu duas portas para o futuro de seu personagem: James estava dividido entre comandar o setor de comunicação do museu Smithsonian e se candidatar ao senado em eleições extraordinárias. De uma hora para a outra, Supergirl muda completamente o caminho de Olsen, que deixa National City para trás para comprar o primeiro jornal em que trabalhou na adolescência.
Destaque do episódio, Maines continua mostrando animação em sua atuação como Nia/Dreamer e, mesmo sem o uniforme da heroína, a garota ajuda a tornar o quarto capítulo assistível. Quem também encanta é Katie McGrath, que tem sido a salvação deste quinto ano ao lado de Benoist (pelo menos até semana passada) e Maines. A atriz dá a Lena as nuances necessárias para que seja possível acreditar em sua transformação em vilã e, se tivesse tido mais tempo em tela, poderia ter mudado a cara do episódio.
Ainda sem saber que caminho seguir nesta quinta temporada, Supergirl parece completamente perdida nas próprias histórias. Felizmente, a resolução de alguns arcos pode dar a chance dos poucos pontos altos da temporada ganharem mais destaque, especialmente se os roteiristas entenderem o que tem dado certo nas outras séries do Arrowverse. Mas a exibição de mais um episódio fraco, o terceiro em quatro transmitidos até agora, deixa um gosto amargo na boca que os fãs esperam retirar até o final do ano.