Séries e TV

Artigo

Loki se diverte (e nos diverte) em 3º episódio brilhante

Série da Marvel foi fundo nos seus personagens e impressionou com visual em novo capítulo

23.06.2021, às 06H44.
Atualizada em 24.06.2021, ÀS 13H28

Na semana passada, Loki quase caiu no marasmo. A estabilidade de sua premissa, em que o deus da trapaça está preso em um local fora do espaço-tempo e investiga crimes temporais com um grupo de agentes bons de alívio cômico, ameaçou transformá-la em um CSI com superpoderes - mas a gente deveria saber que a Marvel tinha outros planos.

No terceiro capítulo da série, lançado na madrugada de hoje (23) pelo Disney+, Loki mostra que manter o status quo não é exatamente o seu forte (ainda bem). Ao invés disso, a série está mesmo interessada em levar o nosso protagonista para os caminhos em que sua jornada de autodescobrimento pode se desenvolver melhor.

"Lamentis", título do novo episódio, começa com Loki (Tom Hiddleston) e a sua variante feminina, Sylvie (Sophia Di Martino), tentando invadir o quartel-general da TVA e encontrar os Guardiões do Tempo. Eles acabam sendo encurralados por Renslayer (Gugu Mbatha-Raw) e se teletransportam para o planeta que batiza o capítulo, onde um evento apocalíptico está em curso - com a bateria do transportador esgotada, os dois precisam formar uma aliança vacilante para conseguir sair de lá.

A roteirista Bisha K. Ali (que será showrunner da série da Ms. Marvel) mostra que tem mão leve para a exploração dos personagens. Seria fácil demais cair diretamente em uma divagação filosófica quando você tem duas versões de uma mesma pessoa juntas em cena - mas, ao invés disso, ela usa o humor e a ação com habilidade para contornar e construir uma relação crível entre Loki e Sylvie, antes de permitir que eles abordem de fato a natural curiosidade que sentem um pelo outro.

O resultado é que "Lamentis" se mostra inesperadamente divertido. Quando está em movimento, de fato, ele diverte mais do que qualquer coisa que a Marvel fez até hoje no Disney+, dando à diretora Kate Herron - finalmente - a oportunidade de mostrar que tem talento para cenas de ação. Aqui, ela conjuga o lindíssimo trabalho de direção de arte, efeitos especiais e fotografia em momentos de adrenalina relativamente simples (até o clímax, pelo menos), mas limpos, dinâmicos e eficientes.

Também por causa da mão leve do roteiro, Hiddleston e Di Martino conseguem mostrar performances verdadeiramente integrais como as duas versões de Loki. Eles lideram com o carisma, mostrando que sabem pegar o ritmo de uma boa troca de farpas entre dois improváveis inimigos, para depois surpreender o espectador com a profundidade do que são capazes de expressar com esses personagens: luto, insegurança, hesitação em se envolver de verdade com algo ou alguém, mas também uma nobilidade insuspeita que os fãs do MCU conhecem bem.

Como capítulo de televisão, "Lamentis" ainda é ágil, com bons dez minutos a menos do que os seus predecessores. Ali e Herron sabem exatamente onde terminar este pedaço da história para que sejamos deixados com aquele gostinho de "quero mais", o que nem sempre a Marvel foi boa em fazer. É também surpreendente e ousado, principalmente em suas revelações de personagem - além de ser simplesmente delicioso como pedaço de entretenimento.

É verdade que ele não avança muito a trama, além de umas poucas dicas aqui e ali. Mas qual é o ponto de uma trama se não temos tempo de nos importar com as pessoas envolvidas nela?

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.