Chris Hemsworth em Homens de Preto

Créditos da imagem: Sony Pictures/Divulgação

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De herói galã a engraçadão: como Chris Hemsworth se descobriu na comédia

Conversamos com o ator no set de MIB: Homens de Preto - Internacional

14.06.2019, às 10H00.
Atualizada em 25.06.2019, ÀS 11H48

Depois de alguns anos na novela australiana Home and Away e de participar do Dancing with the Stars Australia, Chris Hemsworth resolveu tentar a sorte em Hollywood. Passados alguns papéis em filmes menores e uma ponta como o pai do novo Capitão Kirk em Star Trek, a sua grande chance chegou em 2009: Hemsworth era o Thor dos cinemas!

Chris Hemsworth em Home and Away. O ator aparece em 171 episódios da novela australiana.

A escalação lhe rendeu uma carreira estável nos cinemas, com presença garantida em uma franquia que crescia a cada filme. Ao mesmo tempo, a dificuldade da Marvel em encontrar o tom certo para o Deus do Trovão nas telas acabou travando inicialmente o potencial do ator, que no intervalo entre Thor (2011) e Vingadores (2012) trafegou por outros papéis de heróis/galãs de ação como Branca de Neve e o Caçador (2012). Entre Thor: O Mundo Sombrio (2013) e Vingadores: Era de Ultron (2015) seu carisma trouxe papéis mais promissores com grandes diretores, como Rush: No Limite da Emoção (2013), de Ron Howard, e Hacker (2015), de Michael Mann (2015), mas nada que revelasse uma voz própria.

Chris Hemsworth no Dancing with the Stars Australia em 2006.

Ironicamente, foi interpretando mais uma vez um bonitão que Hemsworth descobriu não ser apenas um galã. Como Stone Crandall, o cunhado bem dotado do personagem de Ed Helms no “requel” (a mistura de reboot e sequência) de Férias Frustradas (2015), o ator mostrou pela primeira vez que podia ir além das expectativas em torno da sua persona hollywoodiana. No ano seguinte, repetiu a dose no reboot de Caça-Fantasmas como Kevin, o recepcionista nada brilhante do grupo feminino.

Definitivamente gosto mais de comédia”, conta Hemsworth durante a visita do Omelete ao set de MIB: Homens de Preto - Internacional. “E sinto que me transformou bastante porque comédia é algo que me assusta muito. Acho que a maioria das pessoas também. Você precisa andar em um piso levemente desnivelado, tudo precisa ser mais espontâneo e não pode ser tão planejado e preparado. Para mim é a incerteza, quando você está à beira de estragar tudo, é quando fica realmente engraçado e divertido. E de certa forma aplico isso no drama agora. Sinto que me soltou muito. Antes eu era muito específico com as minhas escolhas, jogava seguro, ao invés de fazer a minha preparação, fazer a minha lição de casa e construir e treinar meus instintos para ver o que aconteceria”.

A revelação do talento de Hemsworth para a comédia era o que faltava para Thor encontrar seu espaço na Marvel. No terceiro filme do Deus do Trovão, o estúdio fez uma combinação ousada: Ragnarok seria dirigido por Taika Waititi, neozelandês conhecido por dirigir episódios da série Flight of the Conchords e pelo documentário falso O que Fazemos nas Sombras (2014). Muitos fãs reclamaram, mas o resultado foi definitivo: Thor ganhou personalidade, profundidade e poder. Pra quem compra o senso de humor e a sensibilidade de Waititi, Thor: Ragnarok (2017) é uma jornada de libertação do personagem. Sem esse caminho, não haveria o momento emocional com Rocket, ou a “chegada em Wakanda” que fez o público vibrar em Vingadores: Guerra Infinita (2018), nem a reviravolta tragicômica do personagem em Ultimato (2019).

A evolução de Hemsworth desde a sua chegada em Hollywood é visível e o levou a escolhas diferentes na sua carreira além da Marvel. “Fiz um filme com Drew Goddard, Maus Momentos no Hotel Royale, e era um drama. Mas senti, vindo do trabalho com Taika Waititi e mesmo do último Vingadores, que havia um tipo diferente de energia no estilo de performance. Acho que se tivesse feito o mesmo papel há três anos, não teria sido tão interessante e a experiência não teria sido tão agradável para mim. Realmente arriscamos nas cenas. Mas isso também vem da experiência, de fazer vários filmes, fazer qualquer coisa mais e mais. Você simplesmente ganha mais confiança e aprende a confiar mais em si mesmo. O medo, aquela adrenalina, ainda está lá, mas é mais empolgação do que medo. Caos”.  

MIB: Homens de Preto - Internacional é outro bom exemplo de como o ator pode aproveitar seus atributos físicos e cômicos por completo, além de provar mais uma vez sua habilidade para o improviso ao lado de Tessa Thompson. “Antes eu tentava parar isso”, reflete, “Pensava que se estava nervoso ou incerto sobre alguma coisa precisava meditar, me distrair, há centenas de truques e conselhos que as pessoas dão sobre ansiedade de performance. E aí percebi que o segredo, a fórmula para mim, é esse estado de consciência aumentada, em que a resposta é lutar ou lutar, sendo medo ou empolgação, a resposta física é a mesma, o frio na barriga, o coração acelerado. É uma questão de como você rotula isso. Então, ao invés de tentar me livrar disso, passei a olhar e perceber que preciso disso, pois me faz pensar mais rápido, posso reagir mais rápido. O seu ‘sentido aranha’ ganha vida e agora percebo que quando estou muito calmo, ou muito cansado, ou meio chato, é por que não tem aquela faísca”.

Seja no Universo Cinematográfico da Marvel - a perspectiva de ver Thor novamente ao lado dos Guardiões da Galáxia é promissora - ou em escolhas interessantes como Homens de Preto e a cinebiografia de Hulk Hogan, a carreira do australiano é uma das mais proveitosas e agradáveis de se acompanhar no cinema comercial atualmente. A cada trabalho,o ator cria uma nova expectativa por ter decidido sair da sua zona de conforto. Foi um longo caminho desde Home and Away e tudo indica que Hemsworth vai continuar a surpreender.

MIB: Homens de Preto - Internacional já está em cartaz nos cinemas.

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