Esquadrão Suicida vs Aves de Rapina: como o filme da Arlequina acertou na trilha
Longa de Cathy Yan é embalado por canções que refletem seu espírito
Créditos da imagem: Warner Bros/Divulgação
Quando Esquadrão Suicida foi lançado em 2016, além da expectativa do filme de vilões da DC, havia também uma antecipação quanto a sua trilha sonora, já que grande parte do material promocional do longa era embalado por faixas emblemáticas, como “Ballroom Blitz”, do Sweet, ou “Bohemian Rhapsody”, do Queen. A promessa de uma boa trilha foi, no entanto, frustrada. As canções de Esquadrão Suicida se amontoaram em uma playlist de boas músicas sem muito sentido, embaralhadas e super-utilizadas de um modo que não serviu ao filme. De qualquer modo, o álbum encabeçou a parada dos EUA na semana de lançamento e ainda recebeu uma indicação ao Grammy.
Por isso, fez sentido quando Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa resolveu escalar o mesmo produtor musical, Kevin Weaver, para trabalhar em sua trilha sonora. E assim como Esquadrão Suicida, os primeiros trailers do novo filme também confiaram na vibe nostálgica, mas ainda mais retrô, com canções como “Hymne a l’Amour”, de 1949, de Edith Piaf e “It’s Oh So Quiet”, na voz de Lucy Woodward, de 1951. Quando chegou a hora de compilar as canções do filme, no entanto, Aves de Rapina fez o movimento contrário de seu antecessor, e apostou em novas promessas musicais para construir uma linha que tem a mesma cara de suas personagens.
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Esquadrão Suicida reuniu uma série de faixas bombásticas para apresentar seus personagens, mas o uso intenso de uma música atrás da outra - passando por Rolling Stones, Lesley Gore, AC/DC, War e até Eminem - contribuiu para o clima confuso e incoerente do longa. No caminho oposto, Aves de Rapina usou canções de modo mais sutil e coeso. As vozes que embalam a trajetória de Arlequina e suas novas companheiras de luta dão a cara e tom do filme e, como a própria diretora Cathy Yan explicou, a música “ajudou a criar as personagens” [via EW].
Formando uma espécie de gangue musical, Aves de Rapina entregou uma compilação formada só por mulheres e, ao inserir diversos novos nomes, se colocou como uma plataforma para alavancar a carreira de artistas emergentes. A reunião de Halsey, Sofi Tukker, Charlotte Lawrence e Doja Cat serviu para “expressar a voz de mulheres jovens, importantes e poderosas”, como explicou Weaver, e parcerias como Megan Thee Stallion e Normani em “Diamonds”, primeiro single do álbum, incrementou ao sentimento de união do filme. Ainda, Aves de Rapina modernizou faixas clássicas que ficaram com toda a cara do longa: as versões de “Hit Me With Your Best Shot”, por ADONA, "It's a Man's Man's Man's World" na voz de Jurnee Smollett-Bell (a própria Canário Negro) e “Sway With Me” por Saweetie e Galxara são algumas das escolhas mais certeiras do filme.
Muito além de ter superado Esquadrão Suicida em sua seleção de trilha, Aves de Rapina também acertou em cheio ao seguir o exemplo de Guardiões da Galáxia e coreografar suas batalhas ao som de suas músicas, criando sequências de luta super estilosas, como a cena de confronto das mulheres contra o exército de Máscara Negra ao som de “Barracuda”, do Heart. Concluindo o longa muito bem com o hit “Woman”, da Kesha, Aves de Rapina fechou como um dos filmes de herói mais bem embalados, que soube usar a trilha para construir suas personagens e criar uma atmosfera única, deixando um belo exemplo a ser seguido para as próximas produções de herói.
Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa está em cartaz nos cinemas.