Shaman King

Créditos da imagem: Shaman King/Netflix/Reprodução

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Shaman King | Tudo sobre o anime que terá remake lançado em 2021

Conheça a história e os bastidores conturbados que fizeram o anime e o mangá não terem um final

24.03.2021, às 10H00.

Talvez você não saiba, mas Shaman King tem uma história repleta de confusões e reviravoltas. E não falo sobre seu roteiro, já que ele é bem tradicional para um shonen de lutinha, mas sim por conta de bastidores bastante conturbados. Consegue acreditar que o anime teve um final alternativo e o mangá foi cancelado sem um desfecho?

Mas a sorte está do lado dos xamãs agora e não só poderemos ler como terminou a jornada de Yoh Asakura, como ainda será lançado nessa próxima temporada um novo anime que promete recontar a história de Shaman King do começo ao fim. Se não conhece essa série, vamos falar um pouco sobre o garoto que dançava com fantasmas.

Um shonen básico

Shaman King
Shaman King/Shueisha/Reprodução

Assim como boa parte dos sucessos vindos da revista Shonen Jump, a casa das histórias japonesas mais conhecidas aqui no ocidente, Shaman King não tenta inventar a roda e oferece uma história bem comum. Logo no começo da trama somos apresentados a Manta, um garoto franzino e assustado que sempre é zoado por seus amigos na escola. Num belo dia, Manta corta caminho por um cemitério e vê lá um garoto misterioso interagindo com espíritos, e isso o apavora.

No dia seguinte, Manta se assusta novamente ao descobrir que o tal garoto é o novo aluno de sua turma e se chama Yoh Asakura. Com um visual relaxado e um otimismo típico de protagonista, logo descobrimos seu poder especial: Yoh é um xamã, uma ponte entre o mundo dos humanos e o mundo dos espíritos, e tem o poder de "pegar emprestado" as habilidades desses fantasmas. O primeiro laço com o outro mundo formado pelo personagem principal é com Amidamaru, um poderoso samurai que concede a Yoh todas as suas habilidades com o manejo de uma espada. Essa relação entre humano e espírito lembra de certa forma com os Stands de Jojo's Bizarre Adventure, porém em uma abordagem mais "pré-adolescente".

As primeiras histórias de Shaman King colocam Yoh e Manta resolvendo pequenos problemas causados por espíritos, como forma de introduzir as habilidades do protagonista, mas logo somos apresentados a outros personagens importantes, afinal o mundo está repleto de xamãs. Entre os principais personagens estão Tao Ren, o típico rival do protagonista, e Anna Kyoyama, a noiva prometida para Yoh. No decorrer dos capítulos, outros personagens importantes são apresentados e as lutas com poderes e espíritos ficam cada vez mais vistosas.

Shaman King
Shaman King/Shueisha/Reprodução

Mas qual é o objetivo desses personagens em Shaman King? Nesse universo existe um torneio chamado Shaman Fight, cujo vencedor cuidará do destino do mundo pelos próximos 500 anos. Embora o Shaman Fight tenha algumas rodadas com regras diferentes, e várias possibilidades de reorganização de membros nas equipes inscritas, a história de Shaman King é basicamente... um único torneio para eleger o próximo rei xamã. E é isso.

O anime sem fim

Em julho de 2001, mais ou menos dois anos após o início do mangá, estreou na TV Tokyo o anime de Shaman King, produzido pelo Xebec. O estúdio não é tão celebrado assim pelos fãs, mas na época tinha em seu currículo alguns animes muito queridos pelos otakus, como Love Hina. Shaman King rendeu 64 episódios e terminou sem seguir a história do mangá, encerrando com uma luta entre Yoh e Hao, seu irmão problemático e maquiavélico.

Anime de Shaman King
Reprodução

Assim como Pokémon ou Yu-Gi-Oh!, Shaman King foi mais um dos animes que chegou aos EUA através da 4Kids, empresa bastante odiada pelos otakus por promover censuras e trocar cigarros por pirulitos em One Piece. Para a nossa sorte, o anime chegou ao Brasil sem passar pelos EUA, então recebemos as aventuras de Yoh Asakura somente um ano após a estreia no Japão e sem as alterações de nomes e cortes na história. A versão brasileira foi dublada pela Parisi Vídeo, casa responsável pela versão nacional de inúmeros animes (como InuYasha), e fez um trabalho bastante elogiado. Para se ter uma ideia do cuidado, as músicas de abertura e encerramento ganharam não só créditos em português como também uma legenda com a letra da canção.

A transmissão na tv paga ficou por conta da Fox Kids, que exibiu a série por completo dividida em duas temporadas. Já na TV aberta, os direitos eram da Globo, mas a emissora jogou Shaman King para os sábados e exibiu apenas uns 5 episódios. Diziam que um dos receios da emissora carioca era a temática envolvendo espíritos, pois isso poderia incomodar um país majoritariamente cristão como o nosso, mas o anime teve uma exibição tão tímida que não teve nada perto do caso do Yu-Gi-Oh! (relembre essa história aqui). Shaman King também teve alguns episódios lançados em DVD, mas sem muito sucesso.

Shaman King... cancelado

Mas vamos voltar ao Japão, pois a história sobre final de Shaman King é cheia de atribulações. Para entender melhor, é bom saber que o mangá começou a ser publicado na Shonen Jump em 1998, uma época bem complicada para a publicação. A revista sempre se apoia em mangás de bastante sucesso para vender, e naquele ano a Jump ainda estava atrás de séries que conseguissem atrair o público como Dragon Ball e Slam Dunk, encerradas alguns anos antes.

Entre a fase sustentada por Goku e Sakuragi e os bons anos em que a Shonen Jump aproveitou o sucesso de Naruto, Bleach e One Piece, houve essa fase de uns 3 anos na qual a antologia de mangás não tinha um mega-sucesso. A Shonen Jump ia se mantendo graças a mangás como Rurouni Kenshin (Samurai X) e a fase card-game de Yu-Gi-Oh!, enquanto One Piece dava seus primeiros passos. Foi nesse contexto que Hiroyuki Takei começou a publicar seu Shaman King, e rapidamente seu trabalho conquistou o público com uma história simples, mas cheia de personagens carismáticos e lutas interessantes. Infelizmente, isso não durou muito tempo.

Shaman King foi sendo ofuscado pelos sucessos que surgiram na revista, e o mangá ficou para trás nas avaliações dos leitores. O baixo interesse do público fez com que a editora Shueisha desse um ultimato para Takei: ele tinha apenas 8 capítulos para encerrar Shaman King, pois o mangá seria cancelado. O comum nessas situações é o autor mudar/cortar/adaptar sua história para garantir um final digno em 8 capítulos, mas Takei fez algo diferente: ele continuou sua história como se nada tivesse acontecido e encerrou o seu mangá sem um final.

Shaman King/Reprodução

O último capítulo publicado não é um desfecho e mostra Yoh e seus amigos conversando antes da derradeira luta contra Hao. Na penúltima página, Manta olha para o céu falando sobre um sonho estranho, e o mangá encerra com o grupo dos heróis indo salvar Hao, que aparece vestido de princesa de contos de fada (!?). O volume encadernado final ganhou alguns capítulos extras que servem como epílogo, mas não encerraram a trama original. Nesse bônus, acompanhamos Hana Asakura, o filho de Yoh com Kanna, em uma jornada com Ryu da Espada de Madeira, personagem que o seu pai enfrentou no primeiro capítulo do mangá.

Shaman King só foi terminar mesmo cinco anos depois do lançamento deste volume, com a publicação de Shaman King - Kang Zeng Bang, a "versão definitiva" lançada no Japão pela editora Shueisha (o subtítulo Kang Zeng Bang inclusive é uma brincadeira com a palavra "kanzenban" usada para essas edições de luxo). Para essa edição especial, Hiroyuki Takei desenhou os 15 capítulos que concluíram a história e encerrou de vez toda a trama do Shaman Fight.

Infelizmente, o final oficial ainda não foi publicado no Brasil. Shaman King chegou por aqui pela editora JBC e teve como base a publicação original japonesa, aquela sem o final. Havia a vontade de se publicar a edição definitiva no Brasil há anos, o mangá até apareceu numa enquete de republicações, mas problemas de licenciamento no Japão impediram a ideia.

Shaman King/Reprodução

O autor Hiroyuki Takei havia saído da editora Shueisha e se mudado para a Kodansha, uma concorrente, e com isso os direitos de Shaman King ficaram em um limbo que dificultava o licenciamento. Alguns países do mundo até interromperam suas publicações de Shaman King enquanto o assunto não se resolvia no Japão. Felizmente tudo já foi acertado e a JBC já confirmou o lançamento não só a versão definitiva de Shaman King como também das diversas séries derivadas criadas pelo autor. Haja xamã!

Ele vai vencer... de novo

Mesmo com os diversos problemas de licenciamento, Hiroyuki Takei queria um novo anime para sua série querida. O autor até recebeu uma proposta de um estúdio de animação interessado em refazer o anime acrescentando o final do mangá, mas Takei recusou porque gostaria de usar as músicas e os atores de voz do primeiro anime. Como o comum em remakes é escalar um novo elenco e uma nova produção, os planos de um novo anime de Shaman King com o final oficial pareciam distantes.

Foi só em junho de 2020 que Shaman King teve sua nova série anunciada, e dessa vez realizando todos os sonhos do autor. Inclusive essa versão contará com a presença de Megumi Hayashibara, cantora conhecida por diversos serviços prestados à comunidade otaka com aberturas nos anos 1980/1990/2000. Ela será a voz das novas aberturas e encerramentos de Shaman King e novamente dublará a Anna. O estúdio responsável pelo trabalho dessa vez será o Bridge, cujo anime mais famoso é o atual Yu-Gi-Oh! Sevens.

Com a chegada do anime inédito no Japão agora em abril pela mesma TV Tokyo do anime original, Shaman King terá uma nova chance. Não só agradará em cheio os fãs do original, como também será a oportunidade da obra de Hiroyuki Takei atrair novas pessoas.

Embora sem data confirmada para Shaman King chegar ao Brasil pela Netflix (mesmo já tendo página oficial e tudo), e também sem previsão de lançamento para o mangá em versão definitiva, o público brasileiro está cada vez mais próximo de acompanhar o final de uma história divertida que acabou tendo uma exibição mais restrita no país. Yoh Asakura está prestes a fazer uma retratação histórica ao lado de seus amigos espíritos.

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