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Por que você precisa levar o seu filho para ver Capitã Marvel

Leve sua filha para assistir ao filme (e se tiver um filho, leve duas vezes)

13.03.2019, às 17H06.
Atualizada em 27.03.2019, ÀS 16H01

Por mais que algumas pessoas possam questionar ou reclamar, é fácil perceber que representação é algo que sim, importa. Ver alguém que parece com você fazendo alguma coisa, seja essa coisa o que for, desde uma atividade profissional específica, como um advogado ou bombeiro na vida real, até algo bem ficcional como usar raios cósmicos para salvar o universo, te ajuda a acreditar que você pode fazer essa coisa também.

Se eu, enquanto criança com problema de fala, me sentia reconfortado com a existência do Cebolinha – e depois, enquanto adolescente filho de pai negro e mãe branca, criei uma simpatia especial pelo Mancha Solar por ser um dos poucos personagens que parecia ter a mesma cor que eu – são inúmeros os garotos nerds que se sentiram validados por Peter Parker, os meninos negros que se sentiram incluídos ao ver Luke Cage num gibi pela primeira vez, as meninas muçulmanas que finalmente se sentiram representadas ao folhear um gibi da Ms Marvel e ver que ali na página não estava mais um homem branco superpoderoso, mas sim alguém com quem eles poderiam se identificar.

Mas se são claros os benefícios da representação para quem é representado – como não se emocionar com todas as crianças negras que se empolgaram com Pantera Negra ou com todas as garotinhas fantasiadas de Mulher-Maravilha e Capitã Marvel? – ela também tem um papel muito importante para as pessoas que – dessa vez – não são exatamente parecidas com os protagonistas.

Isso porque a existência de um super-herói negro não serve apenas para que crianças negras lembrem que elas também podem ser super-heróinas, mas também para que crianças brancas, que acabam contaminadas pela nossa sociedade racista, percebam que heróis podem sim vir em todas as cores. E da mesma forma, o protagonismo de personagens como Capitã Marvel e Mulher-Maravilha, as primeiras mulheres a conquistar filmes solos em seus universos, serve para que vários meninos aprendam, desde bem cedo, que mulheres podem ser fortes, podem ser líderes, podem ser protagonistas, e não apenas personagens secundários como muitos parecem acreditar. 

Levar sua filha para ver Capitã Marvel pode ajudar sua pequena a entender que ela pode ser uma super-heroína, pilotar um caça, ou deixar claro que ela pode não ser nada disso, porque ela tem o direito de ser aquilo que ela quiser? Com certeza. Mas levar o seu filho e mostrar pra ele essa mensagem, que do mesmo jeito que ele pode fazer tudo isso, cada uma das coleguinhas dele pode ter o mesmo sonho e tem a mesma capacidade de atingir cada uma dessas coisas, também não deixa de ser uma atividade muito importante.

Vivemos em um mundo que, apesar de não ter super-heróis de verdade, precisa cada vez mais do heroísmo cotidiano de cada um de nós, um heroísmo bem mais simples e que envolve respeitar o próximo, ajudar quem precisa, pensar também no outro e não apenas em nós mesmos. E é bom lembrar que esse heroísmo, como aquele dos gibis, também vem em todas as cores, gêneros, orientações sexuais e religiões.