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One Piece é o melhor live-action de anime?

Série da Netflix empolgou fãs do anime em todo o mundo

Omelete
4 min de leitura
14.09.2023, às 09H00

Após mais de três anos de espera e muita desconfiança, os fãs de One Piece finalmente puderam apreciar a obra de Eiichiro Oda em live-action. O anime ganhou uma adaptação em oito episódios pela Netflix e, em uma semana, a produção já se tornou um dos maiores sucessos do serviço de streaming. Com um elenco carismático e visivelmente comprometido, a série chegou à essência do que é One Piece e entregou um entretenimento para todos. 

Diante de um resultado tão positivo, não é de se surpreender que, horas após o lançamento da série, muitos fãs já discutiam se esta seria a melhor adaptação em live-action de um anime. A discussão não é nova. Na verdade, ela se recicla a cada promessa de produção que surge. De fato, é inegável que One Piece alcançou um patamar muito diferente de seus predecessores (ele foi antecedido, por exemplo, pela frustrante adaptação de Cowboy Bebop, também da Netflix) e mostrou qualidade em todos os principais elementos que definem uma série. Mas, em meio a tanta empolgação, é válido lembrar que ela não é a primeira produção a fazer isso.

Um exemplo recente na mente de muitos fãs de anime é a adaptação de Alita: Anjo de Combate, de 2019. O filme de Robert Rodriguez e James Cameron foi um sucesso entre os fãs do mangá e arrecadou pouco mais de US$ 400 milhões mundialmente. Diferentemente de One Piece, Alita não tinha uma base de fãs tão fervorosa quando foi lançado, e mesmo assim se provou uma aposta certeira. Na contramão das adaptações que o antecederam, o filme traduz o espírito da obra com ótimos diálogos e interações entre os personagens, excelentes efeitos visuais, especialmente nas lutas, tudo envelopado por uma direção brilhante de Rodriguez. Há quem diga que este é, tecnicamente, o melhor live-action de um anime/mangá que já tivemos, mas será que ele conseguiu atrair novos fãs para a franquia, como fez One Piece? Provavelmente não, ou já teríamos visto uma sequência e um remake do anime com sakuga e tudo mais que os estúdios japoneses têm a oferecer.

Samurai X, por sua vez, foi um exemplo de marketing bem feito, que atraiu um público diferente — e olha que este caso específico não foi nada fácil: a franquia sofreu boicotes e viu sua popularidade, criada nos anos 1990, ruir após o autor Nobuhiro Watsuki ser condenado por posse de pornografia infantil, em 2017. Ainda assim, o mangá voltou a ser publicado no ano seguinte e ganhou dois live-actions atualizados. Graças a eles, a franquia ganhou novos ares e Samurai X voltou à mesa. Afinal, além de atrair um novo público, os filmes reconquistaram parcela dos fãs que inicialmente rejeitaram a obra.

Ainda assim, o trabalho de marketing dos filmes não chegou nem perto do feito por One Piece, que teve seu elenco viajando pelo mundo (inclusive ao Brasil), uma réplica do navio Going Merry no Rio e uma série de conteúdos em vídeo gravados antes da greve dos atores em Hollywood. A produção levou a franquia a outro patamar e fez a obra de Eiichiro Oda ganhar destaque em todas as mídias: o mangá tem o maior número de cópias em circulação no mundo (490 milhões); o anime está em seu melhor momento em animação e é uma das principais audiências da TV japonesa; e o live-action é uma das maiores apostas do streaming em 2023. 

Considerando tudo isso, vemos que este é um debate complicado. É difícil apontar o que define “o melhor”, até porque o investimento por trás dos projetos diz — e determina — muita coisa. Em qualidade geral de produção, por exemplo, One Piece está mais próximo de Bleach, mas isso leva em conta as devidas proporções financeiras: o filme custou cerca de US$ 3,6 milhões, enquanto a série da Netflix teve um orçamento de US$ 18 milhões por episódio, segundo o  Collider. Com essa desproporção de valores, não é difícil entender a discrepância na qualidade do CGI em cada obra - mas em termos de roteiro, atuações e até perucas, as obras são bem similares. 

No fundo, hype e orçamento ditam a opinião coletiva de determinadas produções e os fãs, calejados com adaptações terríveis como as de Dragon Ball, Death Note e Cowboy Bebop, são facilmente conquistados por produções que conseguem transmitir a essência de suas obras favoritas. One Piece, Samurai X, Bleach e Alita são bons exemplos disso. Apesar de muitos problemas, cada um deles cumpre seu papel diante da opinião mais importante: a de cada fã. Sobre One Piece ser o melhor live-action de anime ou não, fica ao critério de cada um, mas se você ainda não assistiu (mesmo que não conheça a obra), fica a minha dica para que o faça.

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