Ellen Pompeo como Meredith em Grey's Anatomy

Créditos da imagem: Divulgação

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Grey's Anatomy retorna com surpresa confusa

Estreia da décima oitava temporada trouxe novos personagens, mas deixou parte do público perdido com um curioso retorno.

01.10.2021, às 18H44.

Atenção: o texto tem spoilers da 18ª temporada de Grey's Anatomy

Durante a décima quarta temporada de Grey's Anatomy, Meredith (Ellen Pompeo) tratou um paciente que começou a flertar com ela durante o episódio. Era uma época em que a personagem passava pelo período delicado da viuvez. A morte de Derek (Patrick Dempsey) não havia sido há tanto tempo assim, e Ellen declarou publicamente que preferia que a personagem focasse em si mesma por um longo tempo. Assim, quando Nick Marsh jogou seu charme convalescente para cima dela, a audiência recebeu de braços abertos a possibilidade da protagonista viver uma nova história de amor.

O fato de Nick ser vivido por Scott Speedman também fez a diferença para os fãs. Uma euforia com a possibilidade de ter Meredith namorando o astro de Felicity foi estabelecida. Até porque, por tradição, a personagem só faz par romântico com esses símbolos de beleza absoluta. Scott esteve em apenas um episódio da temporada 14, mas na época conseguiu criar uma certa expectativa de retorno. O retorno, contudo, não aconteceu e quatro anos se passaram. Quando a ABC começou a divulgar uma promo falando sobre “alguém do passado” retornando na estreia, dificilmente alguém teria apostado no distante Sr. Marsh.

Como tudo que envolve Grey's Anatomy, a decisão teve impacto, sobretudo se considerarmos a confusão um sentimento impactante. A volta de Kate Walsh como Addison já tinha sido anunciada e, considerando o peso que o nome da atriz tem, esperava-se que o tal retorno misterioso fosse ser na mesma linha de intensidade. Também foi estranho que os roteiristas tenham aberto uma competição pelo coração da protagonista, quando Hayes (Richard Flood), de fato, nem teve uma verdadeira chance.

A coisa toda, mais uma vez, soa um desespero pela relevância. A sensação é de que já faz muito tempo que estreias e finales são todos apegados à palavra “passado”. Porém, a presença de Meredith na série ainda é tão forte, que parte desse oportunismo acaba sendo abafado em nome da nossa empolgação com a trajetória dela. Se excluirmos esse bizarro reencontro com Nick (que pode até funcionar sim), todo o plot envolvendo a nova oportunidade de trabalho com o personagem de Peter Gallagher acabou sendo um exemplo de frescor narrativo no qual os roteiristas investem muito pouco.

Casamento Vermelho

Dito isso, o que acabou sendo o foco da narrativa nessa estreia foram os casamentos. Não foi surpresa nenhuma, inclusive. Enquanto Amelia (Caterina Scorsone) continua determinada em destruir toda e qualquer possibilidade de leveza, Hunt (Kevin Mckidd) e Teddy (Kim Raver) foram casar no parque. Grey's Anatomy tem um problema seríssimo com casamentos, isso todo mundo sabe. As pessoas quando marcam casamentos correm o sério risco de serem mortas, de serem abandonadas, traídas... é um ciclo eterno de casamentos traumáticos. Então, é claro que no de Teddy e Hunt o padre foi atropelado.

Do outro lado, Amelia negava pela enésima vez o pedido de casamento de Link. Amelia parece uma personagem condenada. Link foi direcionado para ela de uma maneira promissora. Os dois juntos pareciam leves, divertidos. Mas, é como se Krista Vernoff fosse alérgica à evolução de Amelia e quando ela arrisca seguir por um caminho menos dramático, começa a lenga-lenga. É evidente que uma mulher sofre muitas pressões para casar e ter filhos, e compreendemos que Amelia foi escolhida para comunicar isso ao público. O problema é o excesso de drama, de peso, é a teimosia em viver sempre presa no mesmo looping. Não é mais possível acreditar nos dilemas dela.

Funcionou melhor o processo de contratação de novos médicos. Uma das coisas mais bacanas da estrutura de Grey's Anatomy é o fato do hospital em que ela se passa ser um hospital-escola. A crítica que a nova cirurgiã plástica faz ao time de residentes representa, em parte, uma crítica à própria série. Já faz muito tempo que não temos uma boa sequência de episódios em que o treinamento seja parte substancial dos acontecimentos. Seria maravilhoso que os casamentos traumáticos, os casais disfuncionais, fossem deixados de lado, só um pouquinho, para dar lugar ao organismo da instituição.

Enfim, Grey's Anatomy voltou para a temporada 18. Se essa será a última, se ainda teremos 12 pela frente, nada disso importa. Vamos torcer para que o passado seja superado e que a série reaprenda a criar novas memórias inesquecíveis.

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