Matt Smith em cena de A Casa do Dragão (Reprodução)

Créditos da imagem: Matt Smith em cena de A Casa do Dragão (Reprodução)

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A Casa do Dragão: Por que Daemon está doido em Harrenhal?

Os delírios do personagem não são novidade para a Casa Targaryen, que tem um pé nas visões

Omelete
5 min de leitura
17.07.2024, às 17H54.

virou meme nas redes sociais, trouxe discussões e cenas polêmicas, e o resumo é que falar em Daemon na segunda temporada de A Casa do Dragão é falar da “loucura” do personagem em Harrenhal. Desde o terceiro episódio deste ano da produção, as cenas do príncipe vagando pelos corredores vazios, encontrando fantasmas do passado e interagindo com eles das formas mais questionáveis (sim, aquela cena) são recorrentes. Mas por que isso está acontecendo? Daemon enlouqueceu? 

Não existe uma resposta única para essa pergunta, mas precisamos considerar vários elementos que contribuem com o cenário atual. O primeiro deles é o que a própria série traz: a atmosfera de Harrenhal. A gigantesca fortaleza tem um passado sombrio e sangrento desde a sua construção por Harren, o Negro, e a sua queda para Aegon, o Conquistador, que matou todos os habitantes e deformou a estrutura definitivamente. 

Com tantas mortes, destruição de represeiros e terrores assolando o castelo, ficou estabelecido que o tal é amaldiçoado. Se você quiser conhecer toda a história detalhada de Harrenhal e entender melhor o porquê ele é tido como assombrado, nós já explicamos aqui.

Mas convenhamos: nem todo mundo que passa um tempinho em Harrenhal começa a conversar com a versão adolescente de sua esposa e decapita ela num cenário imaginário, ou tem um encontro infame com a própria mãe. Existe um outro fator, bastante relevante, para entender o contexto de Daemon: ele é um Targaryen, e não é o primeiro da família - e nem o último - a ter visões.

Desde Game of Thrones, visões e profecias são bastante presentes nas histórias de Westeros, e muitas vezes estão associados aos Targaryen: seja com Daenerys ou Rhaegar (seu irmão mais velho, e supostamente pai de Jon Snow), os fãs já viram muitos personagens lidando com imagens misteriosas e enigmas que até revelam previsões sobre o futuro. Em A Casa do Dragão, esse é um elemento que está marcado desde o episódio piloto, mas a relação entre a família e as profecias é mais antiga do que você imagina. 

Nos livros escritos por George R. R. Martin, alguns personagens evidenciam o lado profético da família, e a primeira delas é conhecida como Daenys, a Sonhadora. A jovem era filha de um senhor de dragões chamado Aenar, ainda na época em que os Targaryen viviam em Valíria, e teve um sonho com a destruição da Cidade Franca. Quando contou ao seu pai, ele acreditou que a filha teve uma visão do futuro, e partiu com toda a família e bens - além dos dragões - para a pequena ilha no Mar Estreito chamada Pedra do Dragão. Os demais senhores valirianos encararam a fuga como covardia, já que os Targaryen estavam longe de ser os mais poderosos entre eles, mas doze anos depois a Perdição caiu sobre Valíria - e Aenar, Daenys e o restante de sua Casa sobreviveu. 

A série, enquanto isso, introduziu ao cânone uma outra personagem Targaryen que prevê o futuro: Helaena. A filha de Alicent e Viserys já mostrou mais de uma vez que tem algum tipo de ligação com visões, já que fez algumas pequenas profecias enigmáticas sobre acontecimentos que de fato ocorreram pouco depois, como a morte de seu filho Jaehaerys.

Ainda mais relevante foi a adaptação que a série fez de Aegon, o Conquistador, juntando as profecias do personagem com um elemento canônico dos livros conhecido como “sonhos de dragão”. Em A Casa do Dragão, fomos apresentados à informação de que o primeiro rei de Westeros teve um sonho sobre a Longa Noite e os Caminhantes Brancos, e isso o motivou a unificar o reino para protegê-lo dos perigos além da Muralha, legado esse que passou aos seus sucessores. 

Entrando no campo dos tais sonhos de dragão, que nada mais são do que sonhos potencialmente proféticos ou que contém revelações importantes, são incontáveis os personagens conhecidos por tê-los. Daenerys tem vários deles, assim como acredita-se que seu irmão Rhaegar teve, motivando várias mudanças em sua vida. Diz-se que o rei Aegon V sonhou que trazia os dragões de volta à vida, e ele inclusive morreu na tentativa de realizar o feito.

É claro que também existe o fator “loucura” entre os Targaryen, e não podemos ignorá-lo ao tratar de Daemon delirando por Harrenhal (embora eu não acredite que esse seja o caminho que a série vai tomar). É dito que, quando nasce um Targaryen, uma moeda é jogada para o alto: de um lado, fica a grandeza; do outro, a loucura. Não faltam histórias de reis, príncipes e cavaleiros que sucumbiram à paranóia, à crueldade e aos delírios de grandeza. Um príncipe tomou fogo vivo tentando se transformar em dragão. O pai de Daenerys ficou conhecido como o Rei Louco, piromaníaco e com mania de conspiração. A própria Nascida da Tormenta, na versão da série, fica “louca” no final. 

Ou seja, a tal loucura do Daemon pode vir de vários lugares, e o que realmente importa é como a série vai lidar com esse elemento a partir de agora. Não dá para ficar se repetindo por toda uma temporada, escalonando o absurdo a cada episódio - é cansativo, o público já entendeu o ponto. Porém, todo esse desenvolvimento não deve ser ignorado e esquecido. Ainda temos três episódios no segundo ano de A Casa do Dragão, e muito potencial de acertos e erros. Esperamos que mais acertos, já que potencial Daemon tem de monte.

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