Messi dá adeus ao Barcelona: Era do craque também ficou marcada no cinema
"La Pulga" fez sua estreia na tela grande em 2007, no folclórico Gol! 2 - Vivendo o Sonho
Ao som de Ave Maria, de Schubert, vemos a imponência do lendário estádio Santiago Bernabeu. Em campo, Real Madrid, o time da casa, enfrenta seu histórico rival catalão, o Barcelona. Com a velocidade de um corredor de tiro curto e a elegância de um bailarino, Ronaldinho Gaúcho limpa dois defensores e marca o primeiro. Em câmera lenta, vemos um jovem Lionel Messi, ainda com a camisa de número 30, correr para o abraço. O argentino é protagonista na segunda ida blaugrana às redes, abrindo espaço na defesa merengue e rolando para Samuel Eto'o fazer o segundo. Pouco depois, com a frieza de um experiente matador, Ronaldinho guarda o terceiro.
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São essas cenas de um dos jogos mais memoráveis da história do Campeonato Espanhol que abrem o folclórico filme Gol! 2 - Vivendo o Sonho (2007, disponível na íntegra no YouTube). Mais que isso, marcam a primeira aparição de Messi, ainda uma jovem promessa do Barcelona, no cinema.
Nesta quinta-feira (05), o clube catalão anunciou que o craque argentino, que estava sem contrato desde o fim da última temporada, deixou definitivamente a equipe após 21 anos vitoriosos e repletos de recordes, das categorias de base ao profissional. Com a camisa blaugrana, Messi conquistou quatro Ligas dos Campeões, 10 Campeonatos Espanhóis, foi 22 vezes artilheiro em diversas competições e, claro, venceu seis Bolas de Ouro, sendo eleito melhor do mundo pela FIFA e o melhor de todos os tempos por muitos fãs. História digna de cinema que, nao à toa, figurou em diversos filmes ao longo do período.
Porque se um jovem, canhotinho e cabeludo argentino era coadjuvante de Ronaldinho e Eto'o nas cenas em que aparecia em Gol! 2, não demorou a se tornar protagonista ser tão associado à cidade de Barcelona que falar sobre ela sem citá-lo se fez impossível. Em Bycicle, Spoon, Apple (2010, disponível na íntegra no Vimeo), documentário sobre a luta do político catalão Pasqual Maragall contra o Mal de Alzheimer, lá está Messi como um símbolo. No mergulho documental na cidade de Barcelona proposto por Barcelona, The Rose of Fire (2014), Woody Allen narra não só as belezas, a cultura e os segredos desse cartão postal mundial, como a importância do argentino, de seu Barça e a parcela vital de tudo isso que eles representam. Isso sem falar sobre os documentários focados especificamente no próprio craque.
Em um mesmo ano, um autorizado e outro independente mergulharam ambos na trajetória de vida do argentino rumo ao sucesso. Messi (2014, disponível no Amazon Prime Video, mas apenas fora do Brasil) teve ares de superprodução, lançando mão de imagens raras de arquivo e depoimentos de grandes nomes do futebol. Já Lionel Messi Andres: Legendary (2014) tem roupagem mais singela, mas não a ponto de se fazer desnecessário para fãs mais fervorosos de "La Pulga".
Não bastassem esses filmes que Messi pode chamar de seus, o argentino passou a figurar obrigatoriamente em quase todo filme de futebol. Ele pode não protagonizar, mas aparece em Andrés Iniesta: The Unexpected Hero (2020, exclusivo da Rakuten TV), My Name is Francesco Totti (2020, exclusivo da Sky TV), Made in Argentina: Sergio Aguero (2018, disponível na íntegra no YouTube), Zanetti Story (2015) e, claro, Ronaldo (2015, disponível na Netflix e no Globoplay), sempre como coadjuvante de luxo ou antagonista em destaque. Inclusive, a rivalidade com o craque português Cristiano Ronaldo, com quem por um certo tempo esteve empatado em número de eleições a melhor do mundo, mereceu capítulo à parte em Ronaldo x Messi (2017, disponível no Google Play Movies). Dirigido por Tara Pirnia, ele tenta traçar paralelos entre as jornadas de vida de ambos, aproximando mais do que antagonizando os dois craques.
Com a despedida consumada de Messi do Barcelona, tanto esses filmes quanto aqueles focados no coletivo da equipe, como Barça Dreams (2015), ganham um significado ainda mais marcante, por darem a dimensão do buraco que sua despedida deixa. É bom que Messi Cirque (2019, exclusivo da Rakuten TV) seja capaz de embalar esse sentimento de nostalgia em uma arte dinâmica e fantástica, de forma que fique como uma homenagem a essa era que se encerra. O documentário registrou os bastidores do show Messi10, do Cirque du Soleil. O espetáculo, lançado no fim de 2019, contava com 47 artistas e retomava a história de superação e vitória do atleta. Nunca entrou em turnê mundial por conta da pandemia da covid-19, mas mesmo que faça isso eventualmente, não será mais como foi da primeira vez. Agora, o craque vestirá mais de uma camisa de clube. Agora, Messi será, também, alguma outra cidade.