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Filmes
Crítica

Noites Brutais mostra que nem todo terror inteligente precisa ser cínico

Zach Cregger fala de machismo e classismo enquanto abraça e alfineta clichês do gênero

Omelete
3 min de leitura
CC
24.11.2022, às 14H56.
Georgina Campbell em cena de Noites Brutais (Reprodução)

Créditos da imagem: Georgina Campbell em cena de Noites Brutais (Reprodução)

O que é um bom filme de terror em 2022? Como o próprio Omelete mostrou no seu especial sobre o gênero, em certo sentido o mercado está dividido em dois segmentos bem claros: o “pós-horror” capitaneado pela A24, com seus A Bruxa e Hereditário; e o terror comercial de um Halloween, um Pânico ou um Invocação do Mal. O mais interessante dessa divisão é notar como ela representa visões diferentes do gênero e de suas convenções, porém traz um julgamento comum do valor artístico dele - de certa forma, o horror contemporâneo é dominado pelo impulso de subverter, satirizar ou “transcender” as percebidas limitações desse mesmo horror.

Noites Brutais vai pelo caminho contrário, e só isso já o faz uma lufada de ar fresco. O diretor e roteirista Zach Cregger nutre um carinho óbvio pelos clichês do gênero, encontrando maneiras espertas de aplicá-los (no máximo, complicá-los) e filmando as sequências onde eles aparecem com takes demorados, quase admirados. Ele entende, principalmente, que esses clichês são ótimos condutores tanto para as “discussões sérias” às quais o pós-horror almeja quanto para o entretenimento contemporâneo autoconsciente que caracteriza as grandes franquias.

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Nossa protagonista, Tess (Georgina Campbell), é uma jovem que viaja a Detroit para uma entrevista de emprego. Quando ela chega ao seu Airbnb, no entanto, ele já está ocupado por Keith (Bill Skarsgård), e os dois se veem obrigados a dividir a casa, localizada em um bairro suspeito da cidade. Noites Brutais sabe o que você espera a partir dessa premissa, e sabe quais partes dessa expectativa não pode deixar de entregar - a tal casa tem, é claro, um porão mal iluminado que esconde segredos sinistros de décadas atrás, e Tess não consegue resistir à tentação de espiar o que acontece lá embaixo.

Não é que Cregger siga a cartilha do terror à risca, mas até as curvas mais bruscas que ele faz com Noites Brutais acabam se moldando a uma narrativa em certa medida confortável, familiar para o fã do gênero. As brincadeiras do filme com a fórmula são largamente tonais e estéticas: o corte brusco entre um corredor subterrâneo cavernoso e uma estrada à beira-mar ensolarada; a intrusão de uma trilha-sonora brincalhona no momento em que a ganância toma conta de um dos personagens; o sequenciamento de uma fala categórica de um outro personagem com uma ação barulhenta que a contradiz, dispensando o malabarismo lógico ao qual muitos filmes de terror recorrem para justificar seus absurdos.

Em suma, Noites Brutais engaja-se satiricamente com o terror sem subestimá-lo - inclusive, com alegria óbvia de executar com excelência aquilo que sempre funcionou no gênero. De quebra, ainda desenha uma crítica ferina ao machismo (nas relações interpessoais dos personagens) e ao classismo (no contexto em que eles se inserem) sem pesar a mão na metáfora, se é que essa palavra pode ser usada aqui. Isso porque, ao invés de alegorizar o trauma, o luto ou o medo de crescer através de uma entidade paranormal, Noites Brutais reafirma a concretude dos males sociais que retrata ao fazer de seus monstros e horrores as consequências, e não as representações fantasiosas, desses males.

De certa forma, não há testamento melhor para a eficiência da abordagem de Cregger do que o desempenho do elenco de Noites Brutais, especialmente o masculino. Em papéis diametralmente opostos, Bill Skarsgård e Justin Long estão aqui tanto por suas habilidades e históricos (ou falta de históricos) no gênero quanto para utilizar a imagem que cultivaram através de suas filmografias para brincar com nossas expectativas. Funciona brilhantemente - de fato, é um dos motores da primeira metade do filme -, o que demonstra a inteligência intrínseca que perpassa cada decisão de Noites Brutais.

O melhor, no entanto, é perceber que essa inteligência não é utilizada como arma de afirmação cultural diante do sistemático rebaixamento artístico do horror, como de todo o cinema de gênero. Ao invés disso, ela é a escada que o filme usa para se provar digno de uma tradição rica que, claramente, conhece como a palma da mão.

Nota do Crítico

Noites Brutais

Barbarian

2022
102 min
País: EUA
Direção: Zach Cregger
Roteiro: Zach Cregger
Elenco: Justin Long, Georgina Campbell, Bill Skarsgård
Onde assistir:
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