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Festival de Berlim | Drama africano Félicité é forte concorrente ao Urso de Ouro

Diretor fala ao Omelete sobre seu filme

12.02.2017, às 19H07.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Só dá Félicité nas rodinhas de aposta sobre possíveis ganhadores do Urso de Ouro no 67º Festival de Berlim, onde esta produção franco-senegalesa rodada no Congo se destacou entre os mais aplaudidos da competição oficial até agora. Dirigido pelo francês de origem africana Alain Gomis, o drama de um realismo entulhado de lixo, pobreza e exclusão narra o périplo de uma cantora de bar, Félicité (vivida pela atriz de teatro e estreante nas telas Véro Tshanda Beya), para arrumar dinheiro para salvar a vida de seu filho adolescente, vítima de um desastre de moto.


"Este filme é um retrato sobre pessoas que têm a capacidade de aceitar a vida como ela é, com todas as suas dificuldade. Mas não é um exercício de sociologia. Ele é uma busca por personagens que possam gerar identificação com o público, levando-o a conhecer as contradições da cidade congolesa de Kinshasa, mas também a enxergar um pouco da Kinshasa que existe em cada um, não importa de que país venha", diz Gomis, prestigiado na Europa pelo premiado L'afrance (2001).

Não existe ainda uma linha clara de quem pode vencer a briga pelo Urso daqui até a próxima semana, mas Véro é, até o momento, a atriz com mais boca a boca positivo no festival. E o mesmo pode se dizer sobre o trabalho de direção de Gomis, harmônico em sua narrativa na combinação de melodrama, religiosidade, tomadas documentais e, sobretudo, música. Na trama, Félicité passa por toda a sorte de humilhação a fim de conseguir operar seu filho, antes que ele perca sua perna. Em paralelo, um faz tudo de Kinshasa, o bêbado de carteirinha Tabu (Papi Mapka), faz de tudo para ajudá-la, não apenas consertando sua geladeira, como tentando conquistar seu coração.

"Existe uma linhagem de diretores africanos, como o grande Souleymane Cissé, que nos deixou como legado a tradição de filmes onde a imagem é o que existe de soberano na linguagem do audiovisual, mais do que o diálogo, mais do que todo o resto", diz Gomis ao Omelete. "Mas eu não quis fazer um filme para o Passado, para conversar com quem veio antes de mim, e sim para falar com as novíssimas gerações de jovens africanos que não viram nosso cinema em salas de cinema."

O Festival de Berlim vai até o dia 19.

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