Na última quinta-feira (12), Matt Reeves revelou que deve se reunir muito em breve com James Gunn e Peter Safran, presidentes do DC Studios, para decidir os próximos passos da franquia do Batman sob seu comando. E, por mais que seja tentador imaginar um universo em que o Bruce Wayne de Robert Pattinson integre o novo DCU (novo nome oficial da expansão cinematográfica da DC), vale lembrar que Gunn já descartou, por enquanto, essa possibilidade. Com isso, é muito provável que venhamos a ter duas versões do Cavaleiro das Trevas no futuro da franquia e, embora exista a possibilidade disso confundir alguns novos fãs, a Warner já tem bastante experiência em lidar com múltiplos Batmen em suas várias produções.
Isso porque, no começo dos anos 2000, a marca do Batman estava em plena expansão. Além de Bruce Wayne ser um personagem regular de Liga da Justiça Sem Limites, ele ainda tinha uma segunda série solo não-relacionada ao DCAU (Universo Animado DC, em tradução livre), O Batman, e uma trilogia cinematográfica sendo desenvolvida por Christopher Nolan. Acreditando que o público teria dificuldades em separar todas essas versões, a Warner decidiu limitar o quanto o universo que cercava o cruzado encapuzado poderia aparecer na animação de Paul Dini e Bruce Timm. E, por mais que o cenário atual seja bem diferente, com o público bem mais acostumado ao conceito de multiversos, Gunn e Safran podem usar um modelo similar ao da franquia animada para separar o Batman dos novos filmes da série cinematográfica principal da DC.
Desde 2018, com Aquaman, a DC já tem investindo em produções mais lúdicas do que aquelas que fizeram sucesso entre 2005 e 2017. Com Gunn e Safran, fãs assumidos das fases mais loucas dos quadrinhos, é provável que essa tendência continue mais forte do que nunca no novo DCU e que o Batman e aqueles à sua volta sejam incluídos nesses planos, uma vez que o mundo do Cruzado Encapuzado tem sua parcela de personagens surreais. A bat-família (incluindo o Bat-Mirim), Morcego Humano, Ventríloquo e Scarface e outros cidadãos mais extravagantes de Gotham podem chegar aos cinemas e à TV de forma fiel aos gibis sem destoar do restante da franquia, que deve perder de vez a vergonha de seu material-base.
Assim como aconteceu no DCAU, o Batman da nova franquia pode atuar de uma forma coadjuvante, com ele e os personagens que o cercam fazendo participações esporádicas em produções centradas em outros heróis. Desta forma, o Cavaleiro das Trevas, seus aliados e inimigos seguiriam presentes no DCU, mas não de uma forma que competisse com sua franquia solo comandada por Reeves.
- Universo Animado da DC é o universo compartilhado que toda franquia sonha ser
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Paralelamente, Reeves continuaria com uma caixa de brinquedos lotada para se divertir em seu cantinho noir. Já tendo se “apossado” de vilões mafiosos e corruptos como o Pinguim (Colin Farrell) e da dupla de psicopatas formada por Coringa (Barry Keoghan) e Charada (Paul Dano), o cineasta pode expandir o submundo do crime de Gotham com o Máscara Negra, Simon Stagg, Deacon Blackfire e até a Corte das Corujas. Mesmo que faça uso de um ou outro Robin, como os fãs vêm pedindo desde a estreia de Batman, essa galeria de vilões pé-no-chão seria ideal para que o diretor desse sequência ao desenvolvimento do Maior Detetive do Mundo e mantivesse a pegada de suspense que tanto sucesso fez em 2022.
Outro benefício gigantesco atrelado a essa divisão de Batmen é a quebra da ilusão de que a DC é necessariamente sombria e realista. Essa impressão, propagada erroneamente desde a estreia de Batman Begins em 2005, pode ser amenizada pelo lançamento paralelo de aventuras lúdicas e histórias tensas, que refletiriam melhor a pluralidade da editora e tornaria o multiverso do DCU extremamente convidativo para cineastas, produtores e atores dispostos a criar algo novo com estes personagens.
Dispostos a brincar com as infinitas Terras do multiverso DC, o DC Studios prepara o terreno para um DCU atraente e diverso e é mais do que óbvio que o Batman faz parte deste plano. Agora, se realmente seremos agraciados com mais de uma versão do Homem Morcego, apenas o tempo (e Gunn e Safran) pode dizer.