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Após Ultimato, irmãos Russo levam herança da Marvel para o cinema independente

Cineastas estão aproveitando fama e amizades construídas com o MCU para dar atenção a projetos menores

17.03.2021, às 12H20.

Muito já foi dito sobre a ascensão dos irmãos Joe e Anthony Russo. A dupla começou dirigindo episódios de sitcoms como Arrested Development e Community, mas rapidamente se tornou parte vital do MCU (Universo Cinematográfico Marvel) com dois filmes do Capitão América e, claro, a dobradinha Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Ultimato (2019). Mas o que vem depois de entregar dois dos maiores sucessos de bilheteria da história do cinema?

Em vez de tirar um momento para descansar e saborear as conquistas, os irmãos Russo continuam mais ativos do que nunca. Desta vez, porém, voltando sua atenção para produções menores, dos mais variados gêneros.

Após a recepção calorosa - e rentável - de Ultimato, a dupla de cineastas decidiu se afastar de vez da Marvel. Mesmo que frequentemente citem em entrevistas a possibilidade de retomar a parceria com Kevin Feige no futuro, é possível sentir que os dois precisavam de novos ares. “Entre Soldado Invernal e Ultimato, foram sete anos contando histórias da Marvel, sem nenhuma pausa”, disse Anthony Russo ao Fatherly, negando colaborações em WandaVision ou qualquer outro projeto da Fase 4. “Foi uma fase em que estávamos totalmente focados. Contar essas histórias foi uma das melhores experiências que tivemos em nossas vidas, mas também foi muito imersivo e duradouro. Parte da catarse em fazer Ultimato para mim e para Joe foi o fato de que não precisaríamos continuar carregando a trama após o filme.”

Isso não significa que os Russo querem esquecer seu tempo no MCU. Muito pelo contrário, a nova fase dos diretores envolve muitos dos contatos e amigos que fizeram dentro do estúdio. Em 2019, alguns meses após Ultimato chegar aos cinemas, a dupla assumiu a produção de Crime Sem Saída, longa de ação estrelado por Chadwick Boseman, intérprete do Pantera Negra. Já no ano seguinte, os dois escreveram Resgate, filme com Chris Hemsworth - o Thor -, que marcou a estreia na direção de Sam Hargrave, o dublê do Capitão América e coordenador de coreografias de todas as obras dos Russo no Marvel Studios. Em 2021, eles retornaram ao posto de diretores com Cherry, filme da Apple TV+ estrelado por Tom Holland, o Homem-Aranha.

Além do envolvimento direto dos irmãos Russo, obras como Crime Sem Saída, Resgate e Cherry foram todas produzidas pela AGBO. Inaugurada em 2015, pouco depois de os dois estourarem com Soldado Invernal, a produtora independente tem menos de 50 funcionários, mas conquistou certo prestígio com o investimento e renome de seus criadores. Além dos projetos com astros da Marvel, a empresa também foi responsável por adaptar Deadly Class para a televisão, distribuir o cult País da Violência, de Sam Levinson (Euphoria), e também produzir Relic, terror australiano que foi um dos filmes independentes de maior sucesso em 2020.

Na fase pós-Marvel, há um pouco de tudo para Joe e Anthony Russo. Mas olhando seus projetos futuros, pode-se perceber uma estratégia: fortalecer os contatos feitos no MCU e usar o renome do estúdio para atrair o público para conhecer outros gêneros e tramas.

Entre projetos como uma série de TV de The Warriors e um remake live-action de Hércules para a Disney, o mais emblemático é The Gray Man. Adaptação do livro de Mark Greaney, o filme não esconde a ambição de ser a franquia 007 da Netflix, que entregou US$ 200 milhões nas mãos dos irmãos Russo, o maior valor já pago pelo streaming em um único longa. A dupla escalou nomes de peso, como Ryan Gosling (Blade Runner 2049) e Wagner Moura (Narcos), mas entregou o protagonismo para Chris Evans, cujo Capitão América elevou a carreira dos diretores. Na hora de falar sobre a produção, Anthony Russo deixou claro que, assim como os amigos que fez na Marvel, o objetivo é que o público também os acompanhe nessa nova fase, declarando apenas: “Para quem é fã de Capitão América: O Soldado Invernal, nós estamos indo a fundo naquela pegada de ambientação.”