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Orphan Black | 5ª temporada tem início megalomaníaco e mostra potencial para a despedida

Começa o último ano de uma das melhores séries de ficção científica já produzidas para a TV

13.06.2017, às 18H19.
Atualizada em 13.06.2017, ÀS 19H00

Depois de uma primeira temporada reverenciada e de uma segunda que pecou pelo excesso de ramificações mitológicas, Orphan Black aprendeu uma importante lição: menos é mais. Depois de fazer uma limpeza no terceiro ano, reorganizou-se, passou a investir mais em interações e entregou um quarto ano impressionantemente impecável.

Os criadores Graeme Manson John Fawcett entenderam que a força do seriado estava nas relações entre o personagens e que isso poderia co-existir em equilíbrio com os aspectos mais "fantásticos" da série. Os personagens podem ter jornadas pessoais importantes, mas a série é sobre fortalecer laços.

A quarta temporada foi tão boa porque embora ainda fossemos guiados pelos mistérios envolvendo a Neolution, os roteiros apostavam em como aqueles clones haviam construído uma história de apoio mútuo que sempre foi, de fato, o grande potencial emocional do programa. Ótimos em parear personagens, os criadores acertaram em todas as viradas que os uniam inusitadamente.

Ver Alysson e Felix (Jordan Gavaris), Helena e Donnie (Kristian Bruun), Helena e Felix; e por aí vai, fez com que a ligação do público com o universo de Orphan Black fosse mais pulsante e não apenas um modo de preencher episódios entre uma cena de ação e outra.

Produções de ficção científica sofrem todas desse mesmo problema, que é quando as coisas saem de controle e os acontecimentos passam a ser vendidos como importantes, quando na verdade não houve preparação para isso. Então, quando a série tomou a decisão de ir com mais calma, focou naquilo que era mais importante: a origem das clones, a busca pela cura de seus males inerentes ao processo de clonagem e a oportunidade de viver livremente, sem serem perseguidas como cobaias em potencial.

A última jornada de Orphan Black precisaria ser sobre aquelas mulheres vivendo como irmãs e não como cópias uma da outra.

Revival

A primeira providência foi resumir tudo a um objetivo e uma facção. Na première desse quinto ano, há até mesmo um diálogo que deixa claro que tudo é uma questão de neolution. O inimigo é um só, a vitória está na mesma direção. Para isso ficar ainda mais sublinhado, o primeiro episódio já estabeleceu que grande parte da ação se passará na aldeia Revival, em que seus moradores são acompanhados por aquela força quase mitológica (como bem definiu Cosima) que promete a resolução de todas as mazelas biológicas da humanidade.

A megalomania é perfeitamente condizente com o último ano de uma série de ficção científica, só que dessa vez ninguém quer destruir o mundo e sim, passar a perna na natureza e ser melhor que Deus. Talvez o que impeça essa première de ser tão boa seja justamente a maneira como o roteiro claramente separa as sestras uma da outra, antecipando uma preocupante ramificação de histórias paralelas. Não é hora de fazer isso.

Temos Allyson sequestrada, Helena procurando por ela, Sarah tentando voltar pra casa, Cosima resolvendo ficar a investigar a comunidade Revival e provavelmente MK e Krystal serão incluídas nessas bifurcações. Embora saibamos que é importante tentar dar ao último ano essa amplificação de eventos que provavelmente culminará com o reencontro delas, é arriscado impedir o espectador de apreciar a última temporada do jeito que vinha fazendo nos dois últimos anos.

Contudo, foi muito bom ver Sarah se superando para salvar Cosima, ver Delphine e Cosima juntas, ver os códigos afetivos entre Helena e Donnie, ver como a série entendeu que não é sobre o próximo plot fantástico e sim sobre como reforçar a intimidade e admiração que temos por aquelas personagens. Se isso for levado em consideração de verdade, teremos uma despedida deleitosa para todos que acompanharam até aqui o mundo sensacional de Orphan Black

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