Lost | Final explicado da série que virou hit nos anos 2000
Criação de J. J. Abrams dividiu opiniões com seu desfecho vago e mal-interpretado
Créditos da imagem: Lost - final explicado
Poucas séries marcaram época na televisão internacional como Lost. O programa criado por J. J. Abrams (Fringe) converteu-se a seu tempo em um verdadeiro fenômeno de popularidade e foi uma das primeiras atrações televisivas a virarem tema de discussão na internet, com a criação de várias teorias em torno dos mistérios presentes no enredo.
Após seis temporadas de imenso êxito, a história chegou ao fim em 23 de maio de 2010, em um episódio derradeiro que dividiu opiniões e deu margem até mesmo a algumas interpretações erradas. Relembremos como tudo isso se deu.
O que aconteceu no último episódio de Lost?
Apropriadamente intitulado “O Fim”, o capítulo de despedida começa com um confronto de Sawyer (Josh Holloway) e Desmond (Henry Ian Cusick) contra o principal antagonista da história, o Homem de Preto – agora materializado sob a forma de John Locke (Terry O’Quinn).
Locke planeja destruir a ilha onde se passa a trama, removendo uma pedra que se encontra no fundo de um poço sagrado presente no local. Essa remoção libertaria o mal que a península misteriosa aprisiona, permitindo ao vilão não apenas aniquilar o território por completo, mas também fugir de lá e espalhar por toda a Terra essa energia maligna recém-dispersa.
Desmond e Sawyer partem para o coração da ilha, onde se encontram com Jack (Matthew Fox), Kate (Evangeline Lilly) e Hurley (Jorge Garcia). Os cinco têm um objetivo em comum: impedir Locke de concretizar seus planos de destruição global advindos desse ato.
De fato, eles não conseguem impedir a remoção da pedra. Mas, ao invés de libertar o poder maligno que desejava, tudo o que Locke consegue com esse ato é acabar com a própria imortalidade, tornando-se um homem comum e vulnerável como qualquer outro.
É nessa hora que o quinteto de heróis investe fortemente contra ele, disposto a aniquilá-lo de uma vez por todas. Após ser baleado por Kate, o Homem de Preto é empurrado do alto de um penhasco por Jack, selando sua morte – mas não sem antes dar-lhe a chance de ferir mortalmente o ex-cirurgião no abdômen.
Prestes a morrer, Jack dá sua bênção para que Hurley se torne o novo protetor da ilha. Ele então volta à floresta de bambu onde acordou pela primeira vez por lá e, após assistir à partida de Kate, Sawyer, Claire (Emilie de Ravin) e Lapidus (Jeff Fahey) a bordo de um avião, dá seu último suspiro.
Reencontro sobrenatural
Vemos então Jack ressurgir na realidade paralela que vinha sendo mostrada ao longo da sexta temporada. O protagonista se surpreende ao descobrir-se em um quarto ao lado do falecido pai, o que lhe dá a confirmação de que também está morto.
Jack então abre a porta do quarto e vai parar dentro de uma igreja, onde se depara com quase todos os personagens que passaram pela ilha (e pela série) à sua espera – tanto aqueles que morreram no decorrer da história, como Charlie (Dominic Monaghan) e Boone (Ian Somerhalder), quanto os que ainda seguiam vivos, a exemplo de Kate e Hurley.
Jack senta-se ao lado de Kate e sorri com serenidade, enquanto a tela escurece e a série se encerra.
Os personagens de Lost sempre estiveram mortos?
As cenas finais levaram parte do público a uma conclusão tão frustrante como errônea sobre o teor geral da série: os personagens sempre estiveram mortos, tendo, na verdade, perecido no acidente aéreo que desencadeia a trama – quando pensavam ter sobrevivido a ele.
Dentro desta interpretação, a ilha nada mais era do que uma representação do purgatório católico – e a cena final, mostrando todos reunidos no “paraíso”, confirmaria que todos encerraram sua punição punitiva naquele plano anterior e agora poderiam descansar juntos e em paz.
Mas, de acordo com os próprios produtores de Lost, a coisa não vai nem um pouco por aí. Na verdade, a ilha se tratava, sim, de um lugar material e tangível – não sobrenatural ou espiritual, como rezava a conclusão de parte da audiência.
Todos os acontecimentos ali mostrados foram reais, e os personagens haviam sobrevivido de fato ao desastre de avião que iniciava a história.
A realidade paralela mostrada ao longo da sexta temporada, na qual Jack se descobriu existindo pós-morte ao lado dos demais, nada mais era do que uma dimensão sobrenatural onde todos se encontrariam após morrerem realmente, na ilha ou fora dela.
Isso explica porque estavam presentes tanto os personagens que já haviam morrido ao longo da série como aqueles que seguiam vivos ao fim narrativa. Todos e cada um deles se encontrariam naquele plano – um plano existente acima do tempo –, independente da ordem ou momento em que suas mortes acontecessem no mundo material.
Afinal, o que era a ilha de Lost?
Contrariando a teoria fortalecida pela interpretação equivocada do desfecho da série, a ilha de Lost não era uma simbologia do purgatório, tampouco uma dimensão espiritual onde os personagens foram parar após supostamente morrerem no acidente aéreo do primeiro episódio, acreditando terem sobrevivido.
Tratava-se de um lugar, embora vigente no plano material, dotado de poderes sobrenaturais, capazes de manipular o tempo, o espaço e a matéria. Esses dons incluem a capacidade de curar pessoas de enfermidades e até mesmo de conceder-lhes a imortalidade.
A península misteriosa era, essencialmente, um ponto fundamental para o equilíbrio da existência na Terra, já que sustentava uma barreira entre o plano terreno e o mal supremo – barreira esta que o Homem de Preto planejava remover em nome de seus fins nefastos.