Avatar: O Último Mestre do Ar

Créditos da imagem: Netflix/Divulgação

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Avatar: O Último Mestre do Ar | 6 correções para deixar o 2º ano perfeito

Série ainda não foi renovada para nova temporada

Omelete
7 min de leitura
23.02.2024, às 16H49.

Surpresa agradável para os fãs da franquia, Avatar: O Último Mestre do Ar mostrou que é possível recriar o belo e complexo universo animado de A Lenda de Aang em live-action com coração e qualidade. Mas, mesmo que a nova série seja muito boa, ela cometeu alguns erros ao longo de sua primeira temporada — alguns, inclusive, já presentes no filme de 2010.

Abaixo, separamos alguns problemas da primeira temporada que, se corrigidos, podem fazer de O Último Mestre do Ar um sucesso ainda maior (só tome cuidado com spoilers):

Inventar menos

Avatar: O Último Mestre do Ar
Netflix/Divulgação

Construída e ampliada em quadrinhos, livros e jogos desde que a animação estreou em 2005, a mitologia de Avatar hoje é uma das mais ricas no mundo do entretenimento infantil. Ainda assim, Albert Kim e sua equipe sentiram a necessidade de incluir armas místicas, mudar as regras da convivência entre humanos e espíritos e inventar eventos cósmicos que, desnecessariamente, tornam a série complicada e inchada demais.

Na gana de imprimir sua própria identidade à franquia, os roteiristas complicaram uma mitologia já rica em detalhes, tornando o mundo do live-action um pouco menos convidativo do que foi apresentado em 2005.

Mostrar Aang aprendendo a dominar

Avatar: A Lenda de Aang
Nickelodeon/Divulgação

Uma das mudanças mais sentidas do desenho para o live-action é que Aang (Gordon Cormier) não aparece dobrando água até os últimos segundos da temporada. Como o nosso Pedro Ribeiro destacou na sua (correta) crítica da série, a escolha pode ter sido feita como forma de justificar o extremamente provável salto temporal da primeira para uma segunda temporada.

Ainda assim, é claro que alguns fãs da franquia sentiram falta de ver Katara (Kiawentiio) ensinando Aang, que, por sua vez, chega ao fim do primeiro ano de O Último Mestre do Ar com um crescimento praticamente nulo em suas habilidades. Mostrá-lo treinando a dobra de terra com Toph e superando seu bloqueio para a dominação desse elemento — que, por ser o oposto do ar e por ter sua dominação ensinada de forma muito específica, traz grande dificuldade para o jovem monge — explicitará seu crescimento de uma forma que esta temporada não conseguiu.

Aprendendo a dobra de terra, Aang também entende mais sua força interior e passa por um processo que o ensina a abordar seu papel como Avatar com mais importância. Além disso, seus treinos de dobra de terra também ajudariam a explorar as personagens de Katara e Toph, cujas mentalidades opostas se chocam com frequência ao longo das duas temporadas que elas passam juntas.

Menos melodrama

Avatar: O Último Mestre do Ar
Netflix/Divulgação

Ok, juro que entendo que a proposta do live-action é outra e que um foco maior no drama trazido por Avatar: O Último Mestre do Ar é mais que justificável nesta nova abordagem. Mas, como alguém que acompanhou, como fã e profissional, a ascensão e queda do Arrowverse, universo compartilhado de séries da DC, senti que alguns dos momentos mais dramáticos da série da Netflix se encaixariam melhor na franquia da CW que no mundo de Avatar.

A correção aqui, no entanto, é pontual: parar de andar em círculos em torno dos mesmos dilemas. Ao longo dos oito episódios, Aang ouve de Avatares e sábios diferentes que seu destino é ficar sozinho, algo que nunca foi uma questão nas animações originais e que mina a construção da individualidade dos predecessores do jovem monge.

O mundo de Avatar já era cheio de bons dramas perfeitos para serem explorados no modelo da Netflix. Não que a equipe do live-action não possa exercer sua liberdade artística na própria produção, mas existe uma diferença gritante entre criar algo novo para expandir seu universo e destacar com tanta força um problema inexistente na obra original. Se essa questão fosse citada apenas nas conversas entre Aang e um de seus predecessores, O Último Mestre do Ar teria um ritmo mais dinâmico e deixaria esse primeiro arco de Aang menos repetitivo.

Deixem a Katara descer a porrada de verdade!

Avatar: O Último Mestre do Ar
Netflix/Divulgação

De modo geral, a caracterização de Kiawentiio como Katara é quase perfeita. A atriz, que tinha apenas 14 anos quando filmou a série, conseguiu traduzir todo o carinho, esperança e coragem da dobradora de água e, em uma das melhores mudanças no live-action, se orgulha de sua habilidade invejável na dominação. Contudo, a personagem fez um pouco de falta nas cenas de ação da primeira temporada.

Com exceção de sua luta contra Pakku (A Martinez) e um embate em que ela exibe um movimento que criou observando dobradores de terra, a Katara do live-action tem pouquíssimas cenas de ação realmente memoráveis. Agora que a garota é, segundo o próprio mestre da Tribo da Água do Norte, uma mestra por si só, ela poderia muito bem assumir um papel de mais destaque nos vários embates que a Equipe Avatar trava em sua jornada.

Selecionar melhor quais tramas podem ser descartadas/alteradas

Avatar: O Último Mestre do Ar
Netflix/Divulgação

Qualquer adaptação de uma mídia para a outra requer mudanças estruturais na trama e no tom, com alguns detalhes sendo apresentados mais cedo ou mais tarde, ou até sendo totalmente descartados. Em sua esmagadora maioria, Avatar: O Último Mestre do Ar soube muito bem podar o primeiro ano de A Lenda de Aang para encaixar seus eventos em apenas oito episódios. Algumas alterações, no entanto, ficaram fora de lugar nesta primeira temporada do live-action, como a presença do espírito Wan Shi Tong (Randall Duk Kim), originalmente apresentado na segunda temporada do desenho.

Ainda que dê conselhos para Aang em seu encontro, o espírito tem pouco ou nenhum efeito real no episódio em que aparece. A presença do corujão rabugento no mundo espiritual, e não em sua biblioteca mística no meio do deserto, já adianta que uma trama relevante da segunda temporada de A Lenda de Aang pode não chegar a ser adaptada para a Netflix — e, até aí, tudo bem. O problema é que incluir Wan Shi Tong apenas desta forma vazia serviu apenas para inchar seu capítulo, que já contava com duas outras duas importantes tramas envolvendo espíritos perigosos.

Ainda no episódio do mundo espiritual, Sokka (Ian Ousley) relembra um momento de sua infância em que fez sua prova de desvio no gelo, rito de passagem tradicional para os cidadãos da Tribo da Água. Tentando dar mais peso aos efeitos que o plano etéreo tem nos humanos, O Último Mestre do Ar acabou criando uma cena que descaracterizou ao extremo o pai do garoto, Hakoda (Joel Montgrand). A transformação do momento feliz e formador da animação na pior memória de Sokka foi uma escolha ousada e, não fosse pelo retrato tenebroso do chefe da Tribo da Água do Sul, poderia ter funcionado melhor na série.

Claro, esse pode muito bem ser um incômodo particular de antigos fãs de Avatar, acostumados a seguir a história de Aang em uma linha do tempo pré-definida lá em 2005. Ainda assim, talvez a nova série se beneficiasse de um estudo um pouco mais delicado de quais tramas se complementam de forma mais natural e evitasse outros pequenos momentos que contradigam a construção da franquia.

Maneirar na edição das cenas de ação

Avatar: O Último Mestre do Ar
Netflix/Divulgação

Birra das antigas que já tenho com grandes blockbusters de ação — especialmente os de super-heróis — é a edição frenética e confusa usada por cineastas para tornar suas sequências dinâmicas. Avatar: O Último Mestre do Ar traz coreografias de dobra e luta corpo a corpo bem trabalhadas, mas que foram basicamente mutiladas na ilha de edição.

Diretamente conectado ao orçamento de produções, que normalmente usam da edição ágil para maquiar problemas de CGI ou uso de dublês, esse problema depende mais da boa-vontade da Netflix do que da equipe por trás da série para ser resolvido. Se o streaming aceitar colocar mais dinheiro numa possível segunda temporada de Avatar: O Último Mestre do Ar, talvez os fãs recebam sequências de ação que serão tão icônicas quanto as dos desenhos.

Avatar: O Último Mestre do Ar conta com Albert Kim (A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, Nikita) como showrunner, produtor-executivo e roteirista. A versão da Netflix da animação acompanha Aang, um jovem Avatar que precisa aprender a dominar os quatro elementos (Água, Terra, Fogo e Ar) para restaurar o equilíbrio em um mundo ameaçado pela terrível Nação do Fogo.

Com três temporadas iniciais (61 episódios), Avatar: A Lenda de Aang se tornou uma das animações mais adoradas da história. A série ganhou uma sequência em A Lenda de Korra, que acompanhava a Avatar que sucedeu Aang. Além do sucesso nas telas, os títulos deram origem a uma franquia que ganhou diversas sequências em livros e HQs.

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