O último episódio da quarta temporada de The Boys já está disponível no Prime Video e encerra um ano que teve recepção mista entre os fãs. Uma parcela do público criticou os novos episódios com a justificativa de que a trama principal da série - Billy Butcher (Karl Urban) e os Meninos contra Capitão Pátria (Antony Starr) - pareceu estagnada na maior parte do tempo e deu lugar a dramas "chatos" envolvendo seus personagens. Apesar de os argumentos serem pertinentes, que tal olharmos para esta escolha por um viés mais positivo?
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Desde o segundo ano, quando as principais figuras da série já estavam estabelecidas, o showrunner Eric Kripke sempre priorizou a narrativa de heróis contra vilões - mesmo que estes heróis não representassem o significado literal da palavra. Nos acostumamos a ver o grupo liderado por Butcher pulando de um plano para outro para acabar com os Sete e a empresa Vought, e a experiência era sempre recompensada com momentos icônicos e mortes impactantes. Contudo, com excessão de Billy, Hughie (Jack Quaid) e até Capitão Pátria, os outros personagens eram pouco explorados.
Sim, nomes como Annie (Erin Moriarty), Leitinho (Laz Alonso) e Trem-Bala (Jessie T. Usher) viveram dramas paralelos com certo destaque nos anos anteriores, mas acabavam sempre escanteados para priorizar a história principal. Grande parte dos arcos envolvendo Annie, inclusive, eram mais focados em sua relação amorosa com Hughie, enquanto a heroína conhecida como Luz-Estrela pouco acrescentava a outras narrativas.
No quarto ano, o Kripke invertou o jogo. The Boys pisou no freio com relação à guerra entre Meninos e os Sete e deu espaço para que seus coadjuvantes voltassem a brilhar. Quem mais ganhou com isso foram Kimiko (Karen Fukuhara) e Francês (Tomer Capone), que estavam renegados ao papel de sidekick e só ganhavam destaque quando estavam envolvidos em alguma cena sangrenta. Nesta temporada, Francês ganhou mais camadas ao ter sua bissexualidade e os traumas de ações do passado explorados. O mesmo vale para a Kimiko, que também decidiu encarar suas angústias e deu um chega pra lá no rótulo de eterna crush de seu melhor amigo.
Se o casal foi um dos grandes assuntos das três primeiras temporadas, Hughie e Annie se afastaram no novo ano para protagonizarem arcos "solos". O retorno de Simon Pegg como Hugh e o drama envolvendo sua luta contra a morte fez com que Hughie encarasse a mortalidade com um novo olhar, e também o fez se acertar com sua mãe, Daphne (Rosemarie DeWitt). No caso de Annie, sua origem como uma jovem conservadora trouxe à tona momentos obscuros de seu passado e potencializou sua rivalidade com Espoleta (Valorie Curry), em um dos pontos altos do quarto ano.
Do lado dos vilões, Trem-Bala e Profundo (Chase Crawford) também tiveram mais espaço para brilhar. O primeiro passou a interpretar o papel de agente duplo para tentar se redimir de seus crimes e (finalmente) se entender com Hughie, enquanto a versão cômica de Aquaman, por mais absurdo que seja, roubou a cena com suas DRs com a polvo Ambrosius (Tilda Swinton) - um exemplo de que até um relacionamento bizarro entre um humano e um molusco pode ajudar no desenvolvimento de um personagem.
Com a quinta temporada definida como a última da série, The Boys soube aproveitar seu tempo para desenvolver mais personagens outrora escanteados para que sua despedida tenha um impacto ainda maior. Afinal, dizer adeus a figuras com as quais conseguimos nos relacionar - mesmo que seja través do humor - tem sempre uma emoção a mais.
As quatro temporadas de The Boys estão disponíveis completas no Prime Video.
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