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Operática, Querido Hongrang faz A Próxima Vítima na Coreia pré-colonial

1º episódio mostra que k-drama da Netflix tem estilo e um bom material dramático

Omelete
4 min de leitura
26.05.2025, às 16H57.
Atualizada em 04.06.2025, ÀS 12H33

Os noveleiros que estavam na ativa lá nos anos 1990 - ou fãs do Vale a Pena Ver de Novo no começo dos anos 2000, como este que vos fala - vão reconhecer um padrão curioso no desenho narrativo de Querido Hongrang. O novo k-drama da Netflix, lançado de uma tacada só pela plataforma nesta sexta-feira (16), começa jogando o espectador de paraquedas na vida ultra dramática de uma família rica de comerciantes na Coreia pré-anexação japonesa, que há 12 anos viu o seu filho mais novo desaparecer sem rastros enquanto brincava na floresta. Depois de uma introdução em flashback que sugere algo de sinistro nesse desaparecimento, pulamos no tempo e vemos que o incidente despedaçou a família, hoje dividida em ressentimentos impossíveis de ignorar.

A mãe do garoto sumido, Min Yeon-ui (Uhm Ji-won), se viciou em ópio e cultivou mágoas violentas pela filha mais velha Jae-yi (Jo Bo-ah), pelo marido Yeol-guk (Park Byung-eun), e pelo rapaz que ele decidiu adotar para “substituir” o menino, Mu-jin (Jung Ga-ram). Eles todos moram na mesma propriedade, mas cada vez que se encontram pelos corredores irrompem em um novo conflito - Yeol-guk e Mu-jin estão tramando para transformar este último no herdeiro legítimo da família; Mu-jin e Jae-yi dançam ao redor de um possível romance ilícito entre si (a série faz questão de frisar que eles não têm laços de sangue, então sabemos para onde isso está indo); Jae-yi murcha sempre que se encontra com Yeon-ui, segurando o braço como reflexo por uma ferida infligida por ela no passado.

No roteiro de Kim Jin-ah (Count), essa família dividida contra si mesma vai ganhando contornos arquetípicos de telenovela: Yeon-ui é a vilã manipuladora e orgulhosa, vivida com gosto exemplar pela experiente Uhm Ji-won (The Trunk); o casal relutante formado por Jae-yi e Mu-jin se desenha como os heróis que vão partir juntos uma jornada “nós contra o mundo”; e Yeol-guk é o patriarca exasperado que, meio ingênuo e meio pragmático, tenta garantir a prosperidade da família enquanto evita mais conflito. É nesse momento, é claro, que retorna Hongrang (Lee Jae-wook), o tal filho perdido - ou pelo menos é quem ele parece ser, como comprovado pelos melhores testes que a ciência da época tinha disponíveis, embora o próprio não se lembre de muita coisa.

A jogada mais legal do primeiro capítulo é abandonar muito rapidamente a premissa de Hongrang como uma incógnita, e transformá-lo em um agente do caos. Após o sucesso em Alquimia das Almas, Lee Jae-wook volta a uma narrativa de época para exercitar um lado muito mais amargo e provocador do que se viu naquela série. O seu Hongrang logo se mostra desmedidamente ambicioso, rancoroso em relação à irmã que não parece engolir totalmente a possibilidade daquele ser seu irmão perdido, desdenhoso no trato com Mu-jin. Para um estranho que diz ter vivido em miséria e indigência por toda a vida, acreditando não ter casa nem família, ele certamente começa a agir como um herdeiro mimado muito rápido.

E se o roteiro se apoia nos arquétipos folhetinescos, o diretor Kim Hong-sun (La Casa de Papel: Coreia) não se faz de rogado - Querido Hongrang é uma ópera transportada para a telinha da Netflix, completa com trilha sonora de cordas graves que surgem nos momentos mais inesperados, tomadas contemplativas de elementos naturais dos cenários, e muita câmera lenta. O deleite dramático dessa extravagância só se intensifica conforme fica claro que a série quer incorporar um elemento de fantasia, talvez até de horror, na sua história. Afinal, não são só desavenças familiares e guerras de status social que assombram a família de Hongrang. É bem possível que ela seja literalmente assombrada, e por uma criatura de instintos letais.

Mas o que isso tem a ver com aquele papo de novela dos anos 1990? Ora, vamos lá: uma família dividida e tramando uns contra os outros, convivendo majoritariamente numa mesma moradia, enquanto assassinatos misteriosos ocorrem ao redor - pois é, Querido Hongrang não passa de A Próxima Vítima na Coreia pré-colonial. E, exatamente como aquela criação de Silvio de Abreu, este k-drama tem tudo para ser um novelão de primeira.

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