Música

Entrevista

De Kate Bush a “Chrissy Wake Up”: atores analisam a trilha de Stranger Things

Na passagem de Joseph Quinn e Jamie Campbell Bower pelo Brasil, o Omelete perguntou aos atores por que na vida real a música é também um item de sobrevivência

Omelete
4 min de leitura
12.07.2022, às 20H00.
Atualizada em 13.07.2022, ÀS 10H12

A trilha sonora sempre foi um dos destaques de Stranger Things, desde sua memorável abertura até seus numerosos momentos musicais, como Will (Noah Schnapp) e Jonathan (Charlie Heaton) ouvindo “Should I Stay or Should I Go”, do The Clash, ou Dustin (Gaten Matarazzo) e a namorada cantando “Never Ending Story”. Isso porque os irmãos Duffer sempre fizeram das canções mais do que uma ferramenta de ambientação ou nostalgia. Elas estavam ali, entrelaçadas às jornadas dos seus protagonistas e, portanto, cheias de significado.

Na quarta temporada, porém, a dupla deu um passo além e fez da música a principal arma da turminha contra o vilão Vecna (Jamie Campbell Bower). Assim, a até então esquecida “Running Up That Hill”, de Kate Bush, não apenas salvou Max (Sadie Sink) mais de uma vez do 001, como voltou a assumir o topo das paradas do lado de cá da tela. De modo muito parecido, o solo de Eddie (Joseph Quinn) de “Master of Puppets” no Mundo Invertido apresentou a toda uma nova geração o clássico do Metallica, ao mesmo tempo que deixou sua marca como uma das cenas mais memoráveis até aqui.

Considerando como tanto o Eddie quanto o Vecna protagonizam os momentos musicais mais emblemáticos da temporada, o Omelete aproveitou a passagem dos atores Joseph Quinn e Jamie Campbell Bower pelo Brasil para sentar com a dupla e entender por que eles consideram a música algo tão potente, descobrir quais bandas influenciaram suas performances e até pedir sugestões de hinos oitentistas indispensáveis a qualquer playlist; confira. 

OMELETE: Stranger Things sabe usar muito bem a trilha sonora, mas isso ficou mais intenso nessa temporada, já que ela é a chave para a sobrevivência. Por que vocês acham que a música tem esse poder sobre nós?

JAMIE CAMPBELL BOWER: Acho que qualquer arte tem um certo poder sobre nós, igual a música. Acho que a música tem um aspecto interessante por sua grande abrangência, que apela imediatamente para um grande grupo de pessoas de forma estranha, porque você lida não apenas com o próprio som, ou seja, o trabalho instrumental, mas com palavras também. Então acredito que quando alguém escuta uma música, com ou sem palavras, ela se conecta de forma profunda conosco. Da mesma forma que, ao olhar uma pintura, sentimos na hora o sentimento do artista. Ressoa conosco, sentimos o mesmo de forma pessoal. Não tem como evitar essa conexão. Mas a música também tem uma forma científica de influenciar nosso corpo através das vibrações do som. Logo, tudo que é capturado por um microfone influencia nossos sentimentos. É algo que vibra em um espaço e tempo. É como tirar uma foto e recriar a mesma sensação dentro de você. Podemos falar disso por horas, mas é algo nesse sentido. Algo emocional e também científico.

Além de “Running Up That Hill” e “Master of Puppets”, você tem outro momento musical favorito na série, Joe?

JOSEPH QUINN: Um momento musical favorito da série? Não, acho que não.

Sério? Pensei no seu “Chrissy, Wake Up”. É um momento musical muito bom. Pelo menos virou.

JQ: Sim [risos]. É muito engraçado. Agradeço muito a quem criou aquilo. É muito bom, hilário.

Jamie, você tem um?

JCB: Acho fenomenal a música do Journey ["Separate Ways (Worlds Apart)"]. O trabalho com a trilha ficou lindo, no geral. Acho que gravaram no AIR Studios, em Londres, com uma orquestra completa. Você diz além da música da Kate Bush, mas a música por si só é ótima porque é uma nova versão. E fazer isso é muito difícil, ainda mais fazer muito bem. Então é um dos meus favoritos. E, claro, o tema de abertura também, sabe? Incrível, toda a vez dá um arrepio na espinha.

Joe, soube que o metal foi seu fio condutor para encontrar o personagem. Além de “Master of Puppets”, que imagino que você deve ter escutado muito, quais outras bandas e músicas você ouviu?

JQ: Escutei bastante Black Sabbath, principalmente o álbum Master of Reality. Sim, essa foi minha referência.

Jamie, você fez algo parecido para interpretar o Vecna?

JCB: Sim, escutei bastante música para entrar em…

JQ: Katy Perry...

JCB: [risos] Muito black metal. Bandas como Mayhem, Revenge, Carpathian Forest, Darkthrone, coisas assim. Mas também bandas como Sunn O))), que eu gosto bastante. Eles têm um som de baixa frequência que cria uma espécie de base para mim. Então escutei música pesada o máximo possível. Se você não escutou Revenge, veja os primeiros 30 segundos de qualquer música deles e você vai entender.

“Master of Puppets” e “Running Up That Hill” voltaram para o topo das paradas recentemente. Vocês conseguem pensar em mais alguma música dos anos 1980 que talvez as pessoas tenham esquecido, mas elas deveriam escutar de novo?

JQ: Essa pergunta é muito boa...

JCB: Quando o The Cure lançou o Pornography? Foi nos anos 1980? Acho que foi tipo 1984 ou 1985. Se você não ouviu esse álbum ainda, escute porque é maravilhoso. Muito legal.

JQ: Speaking in Tongues [do Talking Heads] foi em 1982 ou 1979?

Se for de 1979, está valendo [risos]

JQ: Acho que foi no começo dos anos 1980... Obrigado! [risos]

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