Uma HQ publicada em 2010 se tornou o centro de uma polêmica envolvendo a Bienal do Livro do Rio de Janeiro e o prefeito da cidade, Marcelo Crivella. Vingadores: A Cruzada das Crianças é escrita por Allan Heinberg e tem como personagens centrais o casal abertamente homossexual Wiccano e Hulkling, que aparece abraçado e dividindo a mesma cama em algumas páginas. Após alguns visitantes divulgarem fotos do quadrinho na Bienal e o vereador Alexandre Isquierdo (DEM) fazer um grande discurso de repúdio à Câmara Municipal do Rio, Crivella determinou o "recolhimento" da edição, que só poderia ser apresentada lacrada com um plástico preto e um aviso de conteúdo.
Com a ameaça de censura por parte da prefeitura, a Bienal abriu as portas hoje (6) e, em menos de 40 minutos, as edições de A Cruzada das Crianças esgotaram nas lojas. Segundo a assessoria do evento, nenhuma cópia do quadrinho foi lacrada, já que tal procedimento só é feito quando há conteúdo pornográfico, o que não é o caso. O evento também se manifestou reafirmando o compromisso com a pluralidade e divulgando uma agenda com painéis voltados ao público LGBTQA+.
Ainda assim, fiscais da prefeitura foram até a Bienal e iniciaram uma "fiscalização", procurando conteúdos "eróticos" e "homossexuais". De acordo com a editora Galera Record, que se manifestou oficialmente em suas redes sociais, a Secretaria de Ordem Pública do Rio de Janeiro exigiu que todos os livros com conteúdos LGBTQA+ fossem lacrados e sinalizados. Uma notificação divulgada no evento diz que tais histórias "induzem a erro o leitor e seus responsáveis, faltando com o dever de lealdade a quem tem o livre direito de expressão e, neste sentido, de opção sobre suas leituras ou a de seus filhos, de modo que, além do lacre, deverão advertir do respectivo conteúdo". No vídeo acima, explicamos qual é a história mostrada em Vingadores: A Cruzada das Crianças e toda a polêmica envolvendo o caso.
Harry Potter banido
Outra questão envolvedo a cultura pop aconteceu no Tennessee, EUA. Uma escola católica do local baniu a saga de livros escrita por J.K. Rowling, afirmando que as magias escritas são reais e "podem invocar espíritos malignos". A decisão foi do reverendo Dan Reehill, que afirmou em e-mail aos pais: "Esses livros apresentam magia como boa e também ruim, o que não é verdade, mas sim uma enganação".
Confome afirmamos neste artigo, publicado originalmente em 2017, não há comportamento do lado dos mocinhos, ou mesmo dos anti-heróis, que corrobore o ódio que muitos destilam atualmente. O preconceito, em todas as suas formas, não tem espaço na cultura pop. Não é, como muitos insistem em afirmar, uma questão de opinião. Promover o ódio e desprezar diferenças é uma atitude que está, e sempre estará, do lado dos vilões.