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Richard Donner me fez acreditar
Relembrando a importância do legado deixado pelo diretor de Superman e Goonies
Créditos da imagem: Warner Bros/Divulgação
Ele me fez acreditar que o homem poderia voar. Com ele, fiz o juramento e me juntei à aventura. E vi também que a diferença entre duas pessoas pode ser a arma mais letal contra quaisquer adversários. O anúncio da morte de Richard Donner (1930 - 2021) neste dia 5 de julho foi muito sentido por quem frequentou os cinemas nos anos 1970, 1980 e 1990, chegando até seu último filme, o divertido 16 Quadras, com Bruce Willis e Mos Def, em 2006.
Lembro como se fosse hoje os momentos mágicos que passava ao colocar a agulha no vinil do Superman (1978), enrolar um cobertor ou toalha no pescoço, erguer os braços e fingir que estava voando. Ou quando o primo da minha mãe me erguia e me fazia "voar de verdade". Não por acaso, o longa protagonizado por Christopher Reeve e Margot Kidder é um dos meus favoritos - e não estou falando apenas entre os filmes de heróis, gênero que Donner ajudou a criar há mais de 40 anos, mas também a solidificar, ao assinar a produção de X-Men (2000), ao lado de sua companheira, a também produtora Lauren Shuler Donner.
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Mas tem outro filme dirigido por Donner que está igualmente encravado em meu coração: Os Goonies (1985). Era uma aventura com crianças/pré-adolescentes (como eu), que andavam de bicicleta pela cidade deles (como eu), e ainda tinha um dos meninos que era criativo e de descendência asiática, (como eu!). Data (Ke Huy Quan) era meu personagem favorito do grupo, o meu "eu-protagonista", explicando nos anos 1980 a relevância de uma palavra muito em alta hoje em dia: representatividade.
Falando de Máquina Mortífera (1987), filme que virou franquia estrelada por Mel Gibson e Danny Glover, a química entre os dois atores é mais um exemplo dos sets amigáveis preparados pelo diretor. Donner é conhecido pelo bom-mocismo e, com seu jeito tranquilo, conversa e humildade, ia ganhando o respeito e o coração de todos.
Não é à toa que comandou filmes dos mais variados gêneros e com os mais diferentes atores. E ainda foi cotado para comandar uma lista infinita de outros projetos, que só não levou adiante porque estava fazendo seus próprios clássicos.
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Mel Gibson, Danny Glover, Edgar Wright e tantos outros talentos de Hollywood usaram as redes sociais para aplaudir o mestre. Mas acho que ninguém conseguiu resumir tão bem quanto Steven Spielberg: "Dick tinha um comando tão poderoso de seus filmes e era tão talentoso em tantos gêneros. Estar em seu círculo era semelhante a sair com seu treinador favorito, professor mais inteligente, motivador mais feroz, amigo mais cativante, aliado mais leal e - é claro - o maior Goonie de todos". E os Goonies nunca morrem.
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