Lúcia Murat acredita que chegou a hora de impor normas para a entrada das plataformas de streaming no mercado audiovisual brasileiro. Em entrevista ao Omelete para promover o seu novo filme, O Mensageiro, a cineasta veterana de títulos como Quase Dois Irmãos e Praça Paris criticou a “selvageria” do cenário atual.
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“A questão fundamental hoje em dia [é o streaming], e isso não está sendo tratado como merece. A gente tem que brigar por mais regulamentação, porque não é possível a selvageria que está acontecendo agora!”, comentou. “Eles entram e fazem o que querem, então não há como o cinema brasileiro sobreviver com a indústria abrindo suas pernas [para interesses estrangeiros] como está acontecendo. Acho que falta política pública para defender o cinema brasileiro disso”.
Estrela de O Mensageiro no papel de Vera, uma guerrilheira contra a ditadura militar que é presa e torturada no final dos anos 1960, a atriz Valentina Herszage também frisou a importância de levar o cinema para regiões que o circuito comercial já não alcança mais - ou nunca alcançou.
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“É uma questão de levar as pessoas para o cinema, sim, mas não são só as pessoas que não estão a fim, que preferem assistir o streaming em casa - são pessoas que não têm cinema nas suas cidades, que nunca foram a um”, comentou. “Na promoção desse filme, eu conheci muita gente que teve o seu primeiro contato com o cinema, e vi como é transformador. Isso é ainda mais preocupante porque os cinemas físicos que existem estão acabando, os espaços estão fechando, tudo está virando farmácia e Igreja. Temos que achar um jeito de reverter isso, fortalecer o cinema - e só com políticas públicas isso vai se tornar viável”.
O Mensageiro já está em cartaz nos cinemas brasileiros.