Monarch: Legado de Monstros marca um novo desafio para Matt Fraction: sua primeira série de TV como criador e showrunner. Até recentemente, o roteirista era mais conhecido por seu trabalho nos quadrinhos — a aproximação com a TV veio justamente a partir de Gavião Arqueiro, série da Marvel que usou seu trabalho como principal fonte de inspiração, e para a qual ele serviu como consultor criativo.
Em entrevista ao Omelete, Fraction até comparou as duas experiências: “É como usar os mesmos músculos para levantar pesos diferentes. Tanto nos quadrinhos quanto na TV, Gavião Arqueiro contava a história do cara comum dentro dos Vingadores — sobre a perspectiva mais humana dentro desse mundo enorme e cheio de loucuras. E isso não é tão diferente da forma que pensamos em Monarch, na verdade.”
“A televisão, como narrativa seriada que você acompanha dentro de sua casa, semana após semana, precisa ser focada em personagens humanos e reconhecíveis, com falhas e comportamentos que reconhecemos em nós mesmos — ou, talvez, comportamentos que temos medo de reconhecer em nós mesmos”, refletiu ainda.
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Fraction destacou as profissões dos protagonistas da série — uma professora de ensino fundamental e um designer gráfico — como bom exemplo dessa abordagem. “Ninguém aqui é um super cientista que tem a solução para tudo. Eles são pessoas que vivem no mundo 'normal', mas este é um mundo 'normal' que é bem diferente do que eles pensavam.”
Ele ainda definiu Monarch como “uma série sobre uma mulher em crise de identidade enquanto o mundo ao redor dela também está em crise de identidade”. “É uma crise existencial íntima que está acontecendo em meio a uma crise existencial global. E, honestamente, que momento melhor para embarcar em uma grande aventura do que no meio de uma crise existencial?”, brincou.
Fadiga de kaiju
O colega de Fraction nessa aventura é Chris Black, que contrapõe a inexperiência do quadrinista na TV com um currículo que inclui Ruptura, Invencível, Outcast, Ugly Betty, Desperate Housewives e muito mais. E Black fez coro ao seu parceiro criativo quando se trata das prioridades da trama de Monarch.
“Nós sabíamos que tínhamos 10 episódios, 10 horas de televisão para preencher, mas muito desse tempo seria utilizado com o drama familiar”, comentou. “Queríamos ter certeza de que não estávamos nos apressando demais, tentando introduzir todos os kaiju de uma vez, porque há tanta mitologia na franquia que isso poderia se transformar em uma bola de neve e perderíamos de vista a nossa história. Nosso medo era atingir um ponto em que as pessoas ficariam com fadiga de kaiju.”
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“O nosso objetivo sempre foi construir uma história dramática que pudesse rivalizar, ou ao menos acompanhar, todas as séries de prestígio na TV e no streaming”, continuou. “Ao mesmo tempo, é uma aventura, então o que queremos é que o público tenha aquela sensação de sair de uma montanha-russa e querer voltar imediatamente para a fila.”
Ele finalizou com um paralelo sombrio: “Esta é uma série sobre trauma, mas o título do nosso primeiro episódio é ‘Aftermath’ [‘repercussões’, em tradução livre]. Ou seja, não estamos contando a história do 11 de setembro, mas sim do 12 de setembro. O que você faz no dia seguinte? Como o seu mundo mudou? De repente você precisa tirar os sapatos no aeroporto, quando antes não tinha que fazer isso.”
Os seis primeiros episódios de Monarch estão disponíveis para streaming pelo Apple TV+. Os capítulos subsequentes serão lançados semanalmente, sempre às sextas-feiras.
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