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Supergirl acerta com Superman e leva mais otimismo para as séries de herói

Episódio faz referências ao filme Christopher Reeve e tem diversos easter eggs

12.10.2016, às 01H57.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H46

A troca de emissoras (a CBS pela CW) fez bem a Supergirl. A estreia da segunda temporada reuniu todos os pontos positivos do primeiro ano (leia a nossa crítica), corrigiu alguns erros narrativos e acertou na adição do primo famoso de Kara Danvers (Melissa Benoist): o Superman (Tyler Hoechlin).

O Homem de Aço chegou a National City com seu espírito otimista original, incluindo referências aos filmes estrelados por Christopher Reeve e a outros elementos do universo DC. Há uma menção ao terremoto da Califórnia causado por Lex Luthor (o plano executado no filme dirigido por Richard Donner em 1978), e a informação de que o vilão está na prisão, com inúmeras sentenças de prisão perpétua. O estabanado Clark Kent  da série também é claramente inspirado na interpretação de Reeve, o que foi incorporado com precisão por Hoechli, que dá um charme atrapalhando para a sua versão e supera qualquer objeção a sua aparência (o ator foi considerado por alguns fãs muito baixo e não forte o bastante para encarnar o herói).

Além disso, a nova assistente de Cat Grant (Calista Flockhart) se chama Eve Teschmacherm (Andrea Brooks), mesmo nome da namorada de Luthor interpretada por Valerie Perrine no filme de 1978 (a forma estridente como Grant grita o nome da nova assistente também faz referência ao filme). Outros easter eggs incluem Corto Maltese (nação fictícia do universo DC que aparece no Cavaleiro das Trevas de Frank Miller e é mencionada no Batman de Tim Burton), uma breve menção a Gotham e o uso da clássica frase “Para o alto e avante!” (Up up and away!).

Todas essas referências foram bem distribuídas ao longo de “The Adventures of Supergirl” (S02E01), que também soube equilibrar o peso de um personagem como Superman, não ofuscando a dona da série. Kara continua a ser o centro do programa, com sua relação com o primo mais experiente servindo para que a personagem cresça, com civil e como heroína. Assim, a relação de Kara com Kal-El é de parceria, com uma conexão legítima sendo estabelecida entre os primos, o que introduz o tema que deve percorrer toda essa temporada: família. Lena Luthor ( Katie McGrath), irmã adotiva de Lex, é apresentada na série como um paralelo à jornada de Supergirl, alguém que quer fazer o próprio nome, sem o peso dos feitos do parente famoso.

Dentre as correções de curso está o fim do relacionamento entre Kara e James Olsen (Mehcad Brooks). O forçado romance do primeiro ano foi deixado de lado, com Supergirl escolhendo focar em uma nova carreira como repórter e nas suas obrigações como heroína. Olsen, porém, continuará a ser parte importante da série, com o personagem assumindo futuramente a identidade do vigilante Guardião (leia mais).

A troca de emissora também implicou em outras mudanças notáveis, como uma nova sede da DEO - o que rendeu uma piadinha com a nova casa da série: “é meio como o lugar antigo, talvez melhor” -, e o início da despedida de Cat Grant, que deve deixar o posto de personagem regular para se tornar uma participação especial, já que Flockhart não aceitou fixar residência em Vancouver (onde as séries da CW são gravadas). Já a qualidade dos efeitos visuais, dentro de todas as restrições técnicas e orçamentárias, se manteve aceitável, não interferindo no bom decorrer da trama e tornando críveis, ainda que caricatas, as necessárias cenas de voo e de resgate.

O primeiro episódio dessa nova temporada de Supergirl mostrou como é possível retomar o otimismo, e até a inocência, nas séries de super-heróis (algo trabalhado também em The Flash). Talvez não agrade o público mais favorável ao sombrio e realista, mas é o tom certo para essa proposta, com uma heroína que vibra pelos seus acertos e se diverte com seus poderes.

A presença de Superman e as menções ao filme de 1978 reforçam essa visão, com uma temporada que promete aprofundar a mitologia da sua protagonista e do universo dos kryptonianos (incluindo o misterioso viajante do espaço que chegou em coma à Terra). A transformação de John Corben (Frederick Schmidt) em Metallo ao final do episódio segue dentro dessa proposta e promete conflitos interessantes para os últimos filhos de Krypton nos próximos episódios.

A segunda temporada de Supergirl estreia em 26 de outubro no Brasil pelo canal Warner.