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O segredo de Luis: como um personagem sem poderes roubou a cena no MCU

Personagem retorna (e continua ótimo) em Homem-Formiga e a Vespa

10.07.2018, às 16H56.
Atualizada em 10.07.2018, ÀS 17H57

Homem-Formiga deve muito a Edgar Wright. Depois de anos trabalhando na adaptação, o diretor deixou a produção por diferenças criativas, mas várias das suas ideias foram aproveitadas pelo longa que chegou aos cinemas. Um dos destaques do primeiro filme, e que retorna em Homem-Formiga e a Vespa, porém, é fruto do time que assumiu o projeto depois da saída do diretor britânico. O simpático Luis nasceu da colaboração entre Adam McKay, Paul Rudd, Peyton Reed, e é claro, Michael Peña.

Luis era inicialmente apenas o amigo que busca Scott Lang na prisão e lhe dá um teto enquanto ele coloca a sua vida em ordem. “Só queria participar de um filme da Marvel”, contou o ator ao Business Insider, “mas algumas cenas se passaram e, de repente, fui colocado em outras e o papel cresceu. Sou muito grato”.

Penã acredita que o potencial visto pelos roteiristas McKay e Rudd no personagem se deve a uma inspiração na vida real. O ator baseou a personalidade otimista de Luis em um amigo de Chicago chamado Pablo. “Ele tem um jeito que sempre achei engraçado. Ele pode estar reclamando das piores coisas, mas sempre tem um sorriso no rosto. É o cara que você pergunta ‘O que você fez no fim de semana?” e ele responde sorrindo  ‘estava na cadeia’”.

Foi essa animação nata que levou às cenas em que Luis não poupa rodeios para contar uma história. “Ele é um cara bem empolgado e muito doce. Uma das primeiras cenas que [McKay e Rudd] escreveram era Luis servindo waffles para os outros caras e a ideia de que ele é meio essa figura paterna, que ele realmente cuida dos seus amigos criminosos… e isso evoluiu daí, a ideia de que ele também gosta de bons vinhos e arte expressionista”, conta Reed (via Screener). Com muitos interesses, o personagem divaga na hora de revelar qualquer informação, o que foi completamente incorporado pela montagem e edição de som, tanto no primeiro, como no segundo filme.

É sempre uma coisa divertida de filmar. O que fazemos é basicamente filmar Michael contando toda a história. Eu seleciono e junto as melhores versões e o que fazemos é basicamente uma “montagem de rádio”. E aí, por exemplo, na vez de Paul o Evangeline [Lilly] fazer a sincronização labial, pegamos uma parte do set e tocamos repetidamente a gravação da voz de Michael para que eles possam ouvir. Fazemos diversas vezes até a acertamos a atuação e sincronização”, revela Reed (via Desde Hollywoood). As repetições, explica Rudd, eram necessárias para a acertar a cadência única dada por Penã ao personagem: “Ele é um ator tão engraçado, ele lança as palavras e tentar acertar o diálogo e acertar o ritmo, é muito mais complicado do que parece. Pelo menos para mim. Mas é super divertido”, garante. A satisfação também segue com outros membros do elenco. Segundo Lilly, a “montagem de Luis” foi sua cena favorita de gravar.

O personagem também evoluiu de um filme para o outro, deixado sua vida de trambiques para tocar a empresa de segurança  X-Con Home Security ao lado de Kurt (David Dastmalchian) e Dave (T.I.), enquanto Scott Lang cumpre a sua sentença de prisão domiciliar. Essa mudança garante que ele não seja apenas a repetição de um alívio cômico, mesmo quando a continuação usa novamente o recurso da sua divagação, desta vez turbinada por um soro da verdade. É um momento que casa com a sua personalidade e leva a trama para frente (resultando mais uma vez em um trecho memorável). Ao final de Homem-Formiga e a Vespa, Luis se mantém como um personagem genuíno dentro do Universo Cinematográfico da Marvel (um que, se espera, tenha sobrevivido ao estalar de dedo de Thanos).