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Crítica

Call of Duty: Black Ops 7 é uma aposta errada da Activision

Game se colocou em situação de "ame ou odeie" e pagou caro por isso

5 min de leitura
25.11.2025, às 07H30.

Em alguns casos, reviews são mais sobre a narrativa ao redor do jogo do que sobre suas qualidades técnicas, melhorias gráficas e mecânicas de gameplay. Call of Duty: Black Ops 7 parece ser uma explosão causada ao pressionar esses dois lados da moeda com o máximo de força possível: é um jogo que abandona quaisquer amarras mecânicas de seus antecessores — e isso já é uma história a ser contada.

Divulgação/Activision

Desde o primeiro teste do game em Las Vegas, a intenção de injetar o frenético nas veias do jogo ficou claríssima. O Omnimovement, que deixou Black Ops 6 mais ágil e intenso, foi elevado ao quadrado com os pulos nas paredes, trazendo uma dinâmica que pode ficar até difícil de acompanhar. Quem amou BO6 pode gostar ainda mais do seu sucessor, mas a quebra com fãs que torceram o nariz para o título de 2024 foi proporcional.

Narrativamente, um Battlefield 6 mais sóbrio, lento e realista é o antagonista perfeito. O game se apresentou, desde o princípio, como o contrário daquilo que CoD vinha estabelecendo. Os resultados iniciais, inclusive, superaram a franquia da Activision: recordes em pré-vendas, mais jogadores simultâneos e uma avaliação melhor entre o público se encaixam como uma luva nesse maniqueísmo.

Nem tudo, claro, é sobre teorias que usam ambos games como instrumentos; o jogo em si também tem defeitos e qualidades. Ironicamente, é a campanha de Black Ops 7 que surge como o primeiro grande problema: os renomados Milo Ventimiglia e Kiernan Shipka entregam o máximo possível em personagens que passam longe de serem interessantes, mas essa é só a ponta do iceberg.

Divulgação/Activision

Em pouco mais de cinco horas, o game conta uma história confusa e que flerta até demais com a dualidade entre ilusão e realidade. Afetados por uma substância chamada Cradle, Ventimiglia e seu esquadrão enfrentam momentos que vão de facões gigantes caindo dos céus a um zumbi gigantesco. Black Ops passa longe de ser a franquia mais pé no chão entre os Call of Duty, mas a reação dos jogadores já aponta que uma linha foi cruzada — e não foi por pouco.

Durante vários momentos da história, as fases mais pareciam uma horda de inimigos no modo Zombies do que parte de uma trama de guerra. Sabendo que sua premissa é básica e totalmente apoiada em temas do momento como inteligência artificial, o jogo tem que apelar para um surrealismo que parece deslocado. Inclusive, é até cômico que, mesmo com essa temática, BO7 tenha usos descarados de IA generativa.

Ao menos, com a introdução do progresso universal, o tempo na campanha não é desperdiçado e te ajuda a desbloquear novas armas, Perks e utilitários para o Multiplayer, que jamais deixará de ser o grande apelo do shooter.

O pilar que sustenta Call of Duty como um game que pode ser relançado anualmente e ainda assim fazer um sucesso estrondoso é o combate. O som do hitmarker ao acertar um tiro é o mais prazeroso da indústria, e ainda que, nesta edição, a trocação aconteça em meio a saltos ornamentais, deslizamentos e movimentações que parecem ter saído de Prince of Persia, atirar segue sendo muito gostoso.

O multiplayer ficou mais profundo com as especializações mistas, que dão vantagens a jogadores que misturam as classes de seus Perks, ao invés de beneficiar apenas aqueles que seguem uma única “cor” para suas habilidades passivas. A possibilidade de copiar o inventário de um adversário que está te amassando numa partida, ou de se inspirar no seu criador de conteúdo favorito por meio de um código, também dá uma dinâmica mais interessante ao ritmo do multiplayer, já que há uma miríade de customizações possíveis e ajustá-las passa longe de ser o processo mais simples do mundo.

Divulgação/Activision

Ainda assim, para jogos como Black Ops 7, o que a comunidade como um todo está pensando sobre o jogo é muito mais importante do que algumas horas de gameplay para um review podem entregar. CoD é o tipo de jogo que pede sua dedicação integral, feito para jogadores que talvez tenham comprado um PlayStation 5 pensando exclusivamente nos lançamentos da franquia.

Nuances como SBMM, os Killstreaks mais roubados e as armas que estão desbalanceadas são sentidas por aqueles que vivem intensamente o jogo, e passam apenas impressões para quem não consome a franquia diariamente — e aí voltamos aos méritos narrativos que estão ao redor de Black Ops 7.

Até o momento, tudo indica que o jogo foi uma aposta que deu errado para a Activision. Claro, os números sempre serão insanos, especialmente com a potencialização do Game Pass, mas o sucesso maior de Battlefield 6 já deve colocar algumas pulgas atrás da orelha da desenvolvedora. Há dados que afirmam, inclusive, que até Black Ops 6 tem sido mais relevante em vendas nas últimas semanas, o que passa longe de ser um bom sinal.

Hora de mudar?

Divulgação/Activision

Talvez esse seja o momento de recalcular a rota da franquia. Os lançamentos anuais acontecem em Call of Duty desde seus primórdios, e é inimaginável que essa dinâmica mude no futuro próximo, mas o rodízio de estúdios se beneficiaria bastante de adicionar um nome a mais para a trinca atual de Treyarch, Sledgehammer e Infinity Ward — talvez a própria Raven, que colaborou nos dois Black Ops consecutivos.

Por outro lado, o novo CoD não tem seus problemas em falta de recursos, polimento ou uma quantidade gigantesca de bugs. Algumas de suas propostas não encaixam com aquilo que a grande maioria dos jogadores esperava, e outras simplesmente não são boas o suficiente.

De um jeito ou de outro, enquanto Black Ops 6 prometia ser o indício do que projetar para o futuro da série, sua sequência mostra que, na verdade, é hora de repensar as escolhas que foram tomadas e admitir alguns erros para seguir em frente.

Nota do Crítico