Gabriel Avila/Reprodução

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CCXP19 | Mangás brasileiros premiados no Japão marcam presença no Artists’ Alley

Autores de Mute Print e Romaria celebram o reconhecimento internacional no evento

05.12.2019, às 16H20.
Atualizada em 13.05.2020, ÀS 11H58

Os mangás produzidos no Brasil já estão ganhando o mundo. Inspirados por títulos clássicos que ajudaram a incorporar o DNA da cultura japonesa no imaginário popular dos leitores daqui, artistas nacionais passaram a criar suas próprias histórias se aproveitando do formato e da estética original. A produção se tornou expressiva a ponto de chamar atenção de premiações no Japão, que celebram a difusão da sua cultura e destacam o trabalho de quadrinistas por todo o mundo.

É o caso Max Andrade, vencedor do Silent Manga Audition, concurso que premia histórias sem fala para que pessoas do mundo todo possam ler sem a necessidade de tradução. Após participar de algumas edições, batizadas de “rounds”, ele foi premiado na categoria Grand Prix Runner-Up em 2016 em um round extra. Como resultado, o quadrinista teve sua história, Lend a Hand (Dar uma mão, em tradução livre), publicada originalmente online e impressa na coletânea Mute Print. O artista relembra a premiação como um ponto de virada em sua carreira: “muita gente vem na mesa e diz ‘você é o do Silent Mangá Audition’. Até o embaixador do Japão no Brasil me reconheceu”.

Como parte da premiação, Andrade foi convidado pela editora a visitá-los no Japão, fazendo parte de um grupo composto por vencedores do SMA. Nessas viagens, o autor conheceu Nobuhiko Horie, editor-chefe da Weekly Shonen Jump, principal revista que publica grandes séries como Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco e Naruto, e também foi apresentado a autores consagrados como ONE, de One Punch-Man. Essa experiência catapultou sua carreira a ponto de despertar o interesse de editoras como a Draco, que publicou o mangá Tools Challenge, série em seis volumes concluída em 2019.

Gabriel Avila/Reprodução

Outro mangá a ganhar repercussão internacional foi Romaria, de Jun Sugiyama e Alexandre Carvalho. Ambientada em um sertão fantástico com referência de grandes obras japonesas, a publicação venceu a categoria bronze no International Mangá Awards, concurso promovido pelo Ministério de Relações Exteriores do Japão. Além de se inspirar em clássicos como Nausicaä do Vale do Vento, de Hayao Miyazaki, a obra tem fortes raízes na cultura nacional. Carvalho relembra ter consultado uma exposição sobre a vida do sertão mineiro durante a produção da história: “roupa de couro, carranca de pedra, punhais e espingardas… essa parte que cabe aos vaqueiros é a principal inspiração para construir os concept arts dos personagens”.

Sugiyama relembra que o anúncio do prêmio foi uma nova página para a carreira da dupla. “[O mangá] foi divulgado em sites especializados e abriu muitos contatos. Deu muita visibilidade aos quadrinhos”. Essa exposição, infelizmente, é causada também pela falta de informação a respeito desses espaços. “Tem muito artista bom produzindo mangá aqui no Brasil e às vezes não encontra lugares de prestígio adequados simplesmente porque não sabem para onde enviar seu material”. E por fim exaltou a importância de participar dessas competições: “ganhando ou não, é uma possibilidade excelente de ser avaliado por pessoas de nome grande no Japão”.

Max Andrade está na mesa E39, enquanto Alexandre Carvalho e Jun Sugiyama estão na mesa G25 e 26 do Artists' Alley na CCXP19.

A CCXP19 acontece de 5 a 8 de dezembro, no São Paulo Expo, com todos os ingressos esgotados. Acompanhe a cobertura do Omelete no site, Twitter, Facebook, Instagram e TikTok, além das lives no canal do YouTube. O destaque desta quinta (5) é o painel de Aves de Rapina, com as presenças de Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Ella Jay Basco, Jurnee Smollet-Bell e da diretora Cathy Yan. Confira a programação da nossa live na Arena Omelete.