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Antes de Watchmen | Envolvidos no projeto comentam minisséries - e Alan Moore, óbvio, reclama

J.M. Straczynski espera que, algum dia, Alan Moore não fique tão puto com a DC

01.02.2012, às 18H56.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H48

Com o anúncio oficial de Before Watchmen, começou a corrida para saber de todos os envolvidos como será o controverso projeto - inclusive do não-envolvido Alan Moore. Já estão pipocando entrevistas com os roteiristas das sete minisséries que compõem o projeto, dando alguma luz sobre os prelúdios.

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O primeiro é que, aparentemente, cada minissérie se passará em períodos históricos diferentes. Minutemen, minissérie escrita e desenhada por Darwyn Cooke com a equipe original de heróis que está desmantelada na Watchmen original, vai se passar nas décadas de 1940 e 1950. Espectral, também escrita por Cooke (com desenhos de Amanda Conner), acontece nos anos 1960. Não se sabe até que ponto as histórias terão relações.

"Logo de início eu disse não porque não conseguia pensar numa história à altura da original", disse Cooke ao Hero Complex. "Mas aconteceu que, meses depois da negativa, a história surgiu de repente na minha cabeça; foi tão emocionante aquele momento que comecei a pensar sério em fazer", complementar o autor de DC: A Nova Fronteira.

Quanto a Espectral, Cooke comentou com a Entertainment Weekly: "O que eu percebi foi que, por mais que eu goste de Laurie, ela é simplesmente a namorada do Dr. Manhattan e depois a namorada do Coruja. Nunca vemos ela independente, lidando sozinha com seus problemas. Ela está sempre ao lado de um homem. Me surgiu a ideia de expandir este período breve em que ela se torna adulta." A minissérie também vai tratar da Espectral original, mãe de Laurie, e em como a filha explora o legado. "Rola uma coisa tipo Pequenas Misses", diz Cooke.

J.M. Straczynski é quem mais fala sobre sua participação, com  a minissérie do Coruja. Ele revelou ao Hollywood Reporter que vai tratar de Dan Dreiberg, o herói que volta à ativa na Watchmen original, embora a versão pregressa do herói também apareça.

"Eu queria mostrar como Dan tornou-se o Coruja, que circunstâncias levaram ele ainda criança a procurar o primeiro Coruja com o objetivo de tornar-se herói... a estrada que o trouxe até ali, e aonde ela o levou ao assumir o papel. Também queria mostrar como começou a amizade com Rorschach, como foi quando eles trabalhavam juntos, e porque deu errado... tendo como pano de fundo uma série de assassinatos nos quais eles estão trabalhando."

Quanto à minissérie do Dr. Manhattan, Straczynski disse ao CBR que teve que "abrir espaço" na história anterior do personagem - revelada totalmente na edição 4 da Watchmen original - para entrar mais a fundo na vida do cientista Jon Osterman.

"Você precisa abrir um espaço para contar uma história que mereça ser contada, o que significa que algo de novo tem que ser criado. Neste caso, surgiu a partir de olhar o que Alan já fez e fazer o questionamento lógico dentro daqueles parâmetros. Por exemplo: sempre me incomodou que alguém tão brilhante e preciso como Jon pudesse simplesmente entrar na câmara de campo intrínseco enquanto o relógio fechava a porta. Ele seria mais esperto. Mas já que isso aconteceu, agora você tem que perguntar: 'Ok, sendo assim, como foi que aconteceu? Tem alguma coisa que não sabemos? Ou, mais importante, tem alguma coisa que ele não sabia?'", diz o autor.

Adam Hughes, que vai desenhar a minissérie do herói azul peladão, comentou em seu blog pessoal que está muito feliz em ser convidado para o projeto, embora considere sua tarefa pouco usual. "Sim, Dr. Manhattan é uma opção estranha que fizeram para mim, mas tenho certeza que a DC tem seus planos! Talvez eles achem que, já que sou reconhecido por desenhar bem a anatomia feminina, sou qualificado para desenhar pênis azuis... Opa, peraí..."

Len Wein, falando ao Washington Post, explicou que em The Curse of the Black Corsair, história secundária que atravessa todas as minisséries do projeto, está criando um novo personagem - não é o mesmo pirata dos Contos do Cargueiro Negro, narrativa secundária da Watchmen original (que virou até animação na época do filme). "Já que, no mundo de Watchmen, a DC parou de fazer quadrinhos de super-herói bem cedo e começou uma linha de piratas, achei que seria divertido mostrar como seria uma destas revistas."

Brian Azzarello, que escreve as minisséries de Rorschach e Comediante, é tradicionalmente lacônico. Não fala nada sobre as HQs, limitandos-e a dizer ao New York Times que "a reação instintiva ao projeto é 'por quê?'. Mas quando as séries saírem mesmo, a resposta vai ser: 'Ah, por isso.'"

Quanto à coordenação entre as minisséries e o propósito maior do projeto, apenas Len Wein e J.M. Straczynski falaram. À Wired, Wein diz: "Vamos preencher um monte de espaços em branco numa história que, até certa medida, já foi contada. Ficaram vários buracos nas histórias dos personagens de Watchmen, e fatos mencionados só de passagem ou abordados brevemente na original. Vamos preencher estes buracos da forma mais criativa que pudermos."

Straczynski diz que houve uma reunião e vários refinamentos coordenados via internet entre os envolvidos para respeitar a cronologia da minissérie original e a cronologia interna aos prelúdios. "Tendo quatro roteiristas, cada um fazendo duas histórias, passadas em épocas diferentes do universo de Watchmen, com personagens diferentes, mais cedo ou mais tarde a integridade das minisséries ficaria comprometida. Ao invés disso, nos foi permitido contar a história de cada herói individualmente. Já reclamei anteriormente que nestas sagas de quadrinhos, os personagens ou títulos geralmente são sacrificados em relação aos interesses da saga; aqui, a DC virou a fórmula de cabeça para baixo e deixou que a saga servisse a cada personagem."

Já quanto à avalanche de críticas ao projeto - que vem desde quando ele era boato, e que inclui Alan Moore entre os críticos -, Straczynski acredita que Moore não tem direito de impedir que autores façam novas histórias com personagens que ele criou. "Nem Alan nem ninguém chegou alguma vez a sugerir que apenas Shuster e Siegel poderiam escrever histórias do Superman. Alan também não negou escrever Monstro do Pântano, personagem marcante criado por Len Wein, e fez um serviço fantástico. Ele não disse: 'Não, não, não posso, o personagem é do Len.' E nem devia."

Por fim, o roteirista espera que um dia ele e seus comparsas de Before Watchmen tenham alguma benção de Moore. "Queremos acrescentar, não subtrair, à qualidade do que Alan e Dave criaram. Sabemos que temos um legado a respeitar, e estamos determinados a cumprir isto. Os roteiros que já entreguei do projeto (todos no prazo) são as coisas mais complicadas que já escrevi, porque quero muito que sejam precisos. Estas são as HQs que eu gostaria de ler como fã de Watchmen. Só podemos esperar que tenhamos feito tudo direito, que os fãs aprovem e que, algum dia, um dia muito distante e esperado, Alan Moore deixe de ficar puto com a gente."

Procurado pelo New York Times, o próprio Moore limitou-se a repetir que não gosta da ideia e que "tendo a levar esta última notícia como a confirmação de que eles [a DC] ainda dependem de ideias que eu tive 25 anos atrás."

Questionado se pretende abrir um processo contra a DC - que, apesar de Moore reclamar de "contratos draconianos", tem todos os direitos sobre Watchmen -, o barbudo britânico diz que não. "Não quero dinheiro. Só quero que isso não aconteça. (...) Até onde seu sei, não existe nem prelúdio nem continuação de Moby Dick."

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