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Artigo

Produtora de O Caso Celso Daniel responde crítica do Omelete; leia a íntegra

Confira abaixo o texto enviado por Joana Henning ao Omelete

Omelete
5 min de leitura
AC
23.02.2022, às 10H32.
O Caso Celso Daniel

Créditos da imagem: Globoplay Divulgação

Após a publicação da crítica da série O Caso Celso Daniel, a Globoplay procurou o Omelete para pedir a publicação de um direito de resposta. Como historicamente o Omelete sempre prezou pelo debate democrático e pela exposição de ideias, o texto da produtora da série, Joana Henning, segue na íntegra abaixo.

Reiteramos que sempre buscamos o viés ético em todo o material publicado no Omelete, com liberdade editorial e de argumento para os colaboradores que publicam as críticas, alinhados com a história e a visão de mais de 20 anos de jornalismo.

Omelete Recomenda

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“O Caso Celso Daniel”: Contamos uma história política, social e humana, com responsabilidade e ética

Por Joana Henning *

Nenhuma obra é isenta de críticas. Federico Fellini dizia que se um de seus filmes fosse unanimidade, isso o deixaria preocupado. Como produtora e à frente do Estúdio Escarlate, que produziu a série documental “O Caso Celso Daniel”, exibida pelo Globoplay, acredito no poder construtivo da crítica. Valorizamos a liberdade de imprensa, direito que pauta os princípios democráticos. Diversidade, criatividade e liberdade de expressão regem o nosso trabalho e os nossos valores. Na crítica “Documentário O Caso Celso Daniel é bagunçado e tendencioso”, assinada por Henrique Haddefinir e publicada no Omelete, respeitamos a opinião do autor de que a estrutura narrativa e a direção da série não tenham sido assertivas de acordo com a sua visão. Enxergamos o papel da crítica como uma contribuição ao nosso trabalho e agradecemos. Recebemos esta análise com o mesmo sentimento amistoso que nos alegramos com as avaliações positivas publicadas em outros respeitados veículos da imprensa, ressaltando que produzimos uma trama bem amarrada, dinâmica e esclarecedora, atendendo a necessidades de entretenimento e informação.

Produzir uma série documental de oito episódios de 50 minutos, nas idas e vindas da trágica curva pandêmica, durante a maior crise sanitária da história recente, por si só, já é um desafio hercúleo. Isso envolve a gestão de dezenas de talentos profissionais e toda uma engenharia extra de produção, prevenção e cuidado.

Pesquisar uma história por cinco anos, localizar seus personagens, convencê-los a gravar as entrevistas, reunir tudo isso harmonicamente em uma estrutura narrativa, com um desenho de fotografia e direção de arte, associados a recursos de animação e dramatização dos fatos organizados numa linha do tempo de 20 anos, com um tema tão sensível para a história política do país, para os familiares e para pessoas diretamente ligadas ao caso, e, especialmente, neste momento que o país enfrenta, requer muito comprometimento. Com todos esses caminhos atravessados, a série documental “O Caso Celso Daniel” é o resultado de um compromisso que o Estúdio Escarlate assumiu. E entregou.

Esses aspectos não são visíveis ao público. Mas são diferenciais importantes na construção de uma obra bem-sucedida, como, felizmente, se tornou O Caso Celso Daniel. O documentário original Globoplay está entre as cinco séries mais vistas da plataforma e em primeiro lugar entre as brasileiras, dados referentes ao último final de semana. Estamos felizes, com o sentimento de missão cumprida e entrega realizada.

Sabíamos, porém, que a decisão de enfrentar um assunto sensível politicamente poderia produzir reações contrariadas e alimentar boatos e falsidades. Foram muitas as fake news sobre O Caso Celso Daniel desde antes da publicação de seu primeiro episódio, além de críticas no estilo ‘não-vi-e-não-gostei’ típicas do debate superficial das redes sociais.

Nossa surpresa, porém, foi ver o Omelete, conceituado veículo dedicado à cobertura do setor audiovisual, dar eco a esses boatos. A crítica de Henrique Haddefinir utiliza especulações que me atingem pessoalmente na tentativa de construir uma tese leviana de que a série documental produzida por mim, e pela empresa que fundei, é tendenciosa. Haddefinir mistura fofocas de redes sociais reproduzidas por blogs sem credibilidade para produzir uma informação falsa: “Indícios de que Joana teria tentado emplacar o projeto ao lado de Guilherme Fiúza para juntos promoverem uma obra que era claramente partidária, foram surgindo na internet com o mesmo intuito de estremecer credibilidades. Apesar das negativas da produtora, o cenário estava delineado e nesse ‘julgamento’ – justo ou não – vale mais a especulação que o fato.”

Guilherme Fiúza nunca esteve envolvido em O Caso Celso Daniel, em nenhum momento. Haddefinir confunde a obra recém-lançada com um projeto documental sobre a operação Lava Jato que esteve sobre a avaliação do Estúdio Escarlate no passado e do qual desistimos em 2016, entre diversas propostas que recebemos e prospectamos como produtores do audiovisual. Na época, enxergamos possíveis reviravoltas no curso da operação Lava Jato e decidimos sair do projeto, arquivando-o. Ponto final.

[Nota da edição: A informação sobre a participação de Guilherme Fiúza em O Caso Celso Daniel foi corrigida na crítica sobre a série.]

Em um tempo em que é patente o poder da desinformação para ferir reputações e corroer as estruturas democráticas, o jornalismo factual nunca foi tão necessário para lutar contra isso. Nunca produzimos e nem produziremos, em qualquer uma de nossas obras, propaganda antidemocrática disfarçada de jornalismo. Portanto, ao contrário do que diz a crítica publicada neste veículo, a especulação nunca valerá mais do que o fato, em nenhuma hipótese.

É bem-vinda e merece aplausos a demanda atual pela produção de documentários e séries que resgatem a nossa história e a nossa memória. E parabenizo o Globoplay por viabilizar e apoiar essa demanda. Como fundadora e CEO do Estúdio Escarlate, que tem a missão de contar histórias que valem ser contadas, julgo fundamental conhecermos, relembrarmos e examinarmos em obras documentais as histórias que formam a memória brasileira.

Tomo emprestada a frase do escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) utilizada pelo cineasta Pedro Almodóvar ao final de seu novo filme, “Mães Paralelas”, em cartaz nos cinemas e no streaming: “Não há história muda. Por mais que a queimem, que a dilacerem, por mais que mintam, a história humana se nega a calar a boca.” Sempre haverá dúvidas sobre a força desta frase na prática, mas prefiro fazer parte do coro dos que acreditam e lutam pela prevalência da verdade factual e pela formação de uma sociedade mais consciente, informada e instruída. Que venham novos documentários, que eles contem e recontem nossas histórias com cuidado e responsabilidade. Viva o cinema. Viva o audiovisual. Viva o gênero documentário.

E uma sugestão aos leitores: assistam à série O Caso Celso Daniel e façam vocês mesmos as suas críticas.

*Joana Henning é produtora, fundadora e CEO do Estúdio Escarlate, plataforma de produção e distribuição audiovisual responsável pela criação da série documental “O Caso Celso Daniel”, exibida pelo Globoplay.

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