Criadores de 1899 falam de semelhanças com Dark
Conversamos com Jantje Friese e Baran bo Odar sobre o que esperar do novo grande mistério produzido por eles para a Netflix
Créditos da imagem: Netflix/Divulgação
Assim que as primeiras informações sobre 1899 começaram a surgir na internet, tudo que o público que acompanhou Dark queria era se reencontrar com a linguagem sombria e complexa que fez da produção alemã um sucesso de crítica. Apesar de não ter deixado pontas soltas, a série alemã durou apenas três anos, com temporadas curtas, muito bem planejadas, mas que deixaram em grande parte dos fãs uma vontade de continuar revivendo o estilo de Jantje Friese e Baran bo Odar, os criadores de toda aquela surpreendente narrativa.
Depois que o material promocional chegou às redes, começaram as empolgadas especulações. Boa parte dessas imagens invocava o formato triangular, que junto com o enredo envolvendo um navio desaparecido, fazia o público ter certeza de que a mais nova investida dos criadores de Dark seria no meio do Triângulo das Bermudas, uma área de um milhão e meio de metros quadrados, em alto mar, dentro de um triângulo equilátero, que corresponde a extremos das ilhas das Bermudas, Porto Rico e também de Miami, nos Estados Unidos. Desde 1945, centenas de desaparecimentos de navios e aviões foram reportados nessa área, tornando-a imediatamente mitológica.
É curioso como desde o começo da divulgação de 1899, muito se fala nas redes sobre o Triângulo das Bermudas ser parte da base dramatúrgica da série, quando, na verdade, isso nunca foi confirmado oficialmente nem pelos envolvidos na criação e nem pela própria Netflix. De fato, sabemos pouquíssimo sobre o enredo e sobre as referências da série. Ao ficarmos frente a frente com Jantje e Baran, era natural querer saber deles até que ponto toda essa especulação estava próxima da verdade.
“É claro que não vamos dizer muita coisa”, começou Jantje já antecipando a evasiva. “Pode estar certa, pode estar errada... Vocês realmente terão que assistir”. A preocupação em esclarecer a distância do universo de Dark parecia um chamado mais urgente para os criadores. “Precisamos reforçar que é uma história totalmente nova. Não é um universo compartilhado, não haverá personagens de Dark aparecendo e apesar de termos usado alguém do mesmo elenco, é vivendo um personagem totalmente novo. Há similaridades apenas no fato de que se trata mais uma vez de um mistério a ser desvendado”.
O “mistério” em si é a aparição do navio Prometheus, que na história havia sumido por quatro meses e, de repente, reaparece completamente abandonado no meio da rota de outro navio, o Kerberos; esse sim, cheio de passageiros que estão “fugindo” para os EUA. Assim que o Prometheus reaparece como um navio fantasma no caminho dos passageiros, uma série de coisas muito estranhas começa a acontecer, levando até a já famosa lista de perguntas clássicas do gênero: por que? Como? Para onde?
Talvez um dos aspectos que mais separam 1899 de Dark seja o fato de que estamos diante de uma série multilinguística, em que os pequenos núcleos de personagens são todos de nacionalidades diferentes. Baran falou sobre isso na entrevista:“Acreditamos na ideia de que trabalhando duro é possível para as pessoas viver juntas mesmo que se tenha vindo de outros países e outras línguas. Pode parecer uma ideia romântica e ingênua, mas não queremos deixar de ter esperança. Essa já era uma ideia para 1899; e que não envolve somente o elenco. Temos uma equipe também muito diversa, o que fez do set um ambiente maravilhoso para se estar. Foi maravilhoso conhecer todas aquelas pessoas, ver diferenças e similaridades... no final também estávamos dividindo as mesmas ideias.”
É inevitável querer saber muito sobre o que está por vir, mas em séries como 1899, sentir o clima é mais importante que se antecipar aos fatos. Até agora, enfim, o clima é dos mais intrigantes e irresistíveis.