Entenda as diferenças entre os filmes Contágio, de 2011, e Epidemia, de 1995

Créditos da imagem: Warner Bros./Divulgação

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Entenda as diferenças entre os filmes Contágio, de 2011, e Epidemia, de 1995

Apesar da temática semelhante, longas de Steven Soderbergh e Wolfgang Petersen mostram doenças distintas e tramas com propostas diferentes

06.04.2020, às 21H37.

Junto de todas as mudanças que causou na cultura pop atual, a pandemia do COVID-19 também reacendeu o interesse do público em dois filmes que tratam do avanço e tentativa de controle de doenças mortais. Epidemia, que completou 25 anos em 2020, mostra um grupo de médicos e pesquisadores tentando evitar que um misterioso e perigoso vírus, trazido da África por um macaco infectado, domine os Estados Unidos. Já Contágio, de 2011, mostra diferentes estágios de uma doença transmitida pelo ar que, por inúmeras coincidências, se transforma em uma pandemia, afetando a sociedade, mídia e instituições governamentais.

No papel, os dois filmes têm muita coisa em comum. Além de retratar a corrida contra o tempo de pesquisadores em busca de uma cura, ambos contam com elencos estrelados por alguns dos principais atores de suas épocas. Mas, mesmo com um tema aparentemente similar, as duas produções têm abordagens e propostas completamente diferentes e causam efeitos opostos no espectador.

Dirigido por Wolfgang Petersen (Troia), o longa de 1995 tinha a doença, um vírus extremamente letal capaz de matar os infectados em 24 horas, como pano de fundo para o desenvolvimento de seus personagens principais. Mais próximo de um blockbuster, Epidemia usa sua doença mais como um catalisador para a trama do que como sua ameaça central. Os efeitos do vírus a ser combatido, aparentemente surreais, trazem urgência ao roteiro e sua letalidade total apenas serve para impor ritmo ao filme.

Com o objetivo de entreter, a história do vírus de Epidemia é cercada ainda por uma conspiração militar e governamental por parte dos Estados Unidos, que já estudava a doença desde os anos 1960 com o objetivo de transformá-lo em uma arma biológica. Ao contrário de Contágio, a tensão do filme de Petersen é causada pela rápida evolução da doença, limitada a uma pequena cidade litorânea.

Em Contágio, dirigido por Steven Soderbergh (A Lavanderia), a doença é tratada como a protagonista da história que conecta a trama de vários outros personagens. Com uma evolução mais crível que em Epidemia, o filme retrata cada fase da transmissão de um vírus que, inicialmente se parece com uma gripe, mas apresenta um desenvolvimento rápido e uma taxa de mortalidade alta. Com um retrato mais amplo de uma pandemia, Soderbergh mostra outras consequências da doença.

Ao mesmo tempo em que apresenta os esforços de cientistas que buscam não só uma cura, mas uma vacina, Contágio retrata diferentes reações de vários setores da sociedade. Ao longo do filme, o exército dos EUA é obrigado a intervir para isolar uma cidade, um bloggeiro sensacionalista tenta lucrar fazendo propaganda de uma falsa cura e uma pesquisadora é sequestrada para ser usada como moeda de troca pela vacina. Mais lento em seu ritmo, o longa impressiona e causa paranóia no público, especialmente por conta dos diversos dados reais – e assustadores – presentes em seu roteiro.

Comparação com o coronavírus

Embora tenham ido relativamente bem nas bilheterias quando foram lançados, Epidemia e Contágio passam por um “renascimento” por causa da pandemia do coronavírus. O filme de 2011, por exemplo, entrou para o Top 10 do iTunes ainda em janeiro. Já o trabalho de Petersen, disponível na Netflix, também chegou a figurar a lista de filmes mais vistos da plataforma. A curiosidade e a vontade do público em buscar na ficção uma explicação e esperança para momento atual explica o aumento no número de visualizações de ambos. Diferente da realidade, porém, as duas as obras trazem cenários extremos em relação às suas doenças.

A evolução da doença de Epidemia, por exemplo, é extremamente mais violenta que a do COVID-19, além de não apresentar qualquer tipo de chance de sobrevivência àqueles que são infectados. Fora isso, o filme não apresenta uma epidemia e sim um surto, já que a doença fica concentrada em uma única localidade.

Mesmo Contágio, que traz algumas semelhanças com o coronavírus, tem seus exageros cinematográficos. Diferentemente do COVID-19, o vírus do longa é detectado em diferentes cidades de diversos países ao mesmo tempo, enquanto a pandemia real de 2020 teve sua origem traçada até a cidade de Wuhan, na China. Assim como em Epidemia, os pacientes de Contágio nunca conseguem se recuperar, independente dos esforços médicos. A pandemia do filme só é controlada quando, enfim, uma pesquisadora desenvolveu a vacina da doença.

Mais relevantes do que nunca, é natural que Epidemia e Contágio aticem a curiosidade do público, do mesmo jeito que diversas bandas e cantores retornam ao topo das paradas quando têm seus nomes evidenciados pela mídia. No entanto, é preciso reforçar o exagero trazido pela liberdade criativa de seus realizadores que, como todo artista, extrapolam alguns limites da realidade como forma de entreter o espectador.

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