A Bienal do Livro Rio conseguiu, nesta sexta (6), no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro um mandato preventivo de segurança para garantir o pleno funcionamento do evento neste final de semana.
Desde quarta-feira, a Bienal tem sido alvo de ataques políticos por conta da venda da HQ Vingadores: Cruzada das Crianças, que exibe um quadro com um beijo homossexual entre os personagens Wiccano e Hulkling. A revista teve sua venda proibída pela prefeitura, mas esgotou em menos de uma hora, impedindo os fiscais responsáveis de efetuarem o recolhimento ordenado.
Por meio de seu Twitter, a Bienal comunicou que o mandato tem como objetivo proteger os direitos dos expositores de "comercializar obras literárias das mais diversas temáticas" - leia abaixo:
NOTA OFICIAL pic.twitter.com/ZCSkzWVv9c
— Bienal do Livro Rio (@bienaldolivro) September 6, 2019
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Ontem (5), o prefeito Marcelo Crivella publicou um vídeo em suas redes sociais, dizendo que solicitou o recolhimento das edições para que elas fossem lacradas, com um aviso de "conteúdo impróprio" para crianças. Escrita por Allan Heinberg e publicada originalmente em 2010, a HQ tem como personagens centrais o casal abertamente homossexual Wiccano e Hulkling, que aparece abraçado e dividindo a mesma cama em algumas páginas.
A decisão de recolher os gibis na Bienal teve apenas um objetivo: cumprir a lei e defender a família. De acordo com o ECA, as obras deveriam estar lacradas e identificadas quanto ao seu conteúdo. No caso em questão, não havia nenhuma advertência sobre o assunto abordado. pic.twitter.com/7tePvvM8ab
— Marcelo Crivella (@MCrivella) September 6, 2019
O recolhimento foi anunciado após discurso do vereador Alexandre Isquierdo (DEM) na Câmara Municipal do Rio, na última quarta (4), em que o político ataca a publicação como uma "covardia" às crianças e chama os colegas de Câmara a assinarem uma carta de repúdio contra Marvel, Panini e Salvat, todas responsáveis pela publicação da revista em diferentes momentos.
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Em comunicado oficial, a Bienal do Rio reafirmou a pluralidade do evento e reforçou o direito dos consumidores de trocarem livros cujos conteúdos não agradem - leia o comunicado abaixo:
A Bienal Internacional do Livro Rio, consagrada como o maior evento literário do país, dá voz a todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser. Este é um festival plural, onde todos são bem-vindos e estão representados. Inclusive, no próximo fim de semana, a Bienal do Livro terá três painéis para debater a literatura Trans e LGBTQA+.
A direção do festival entende que, caso um visitante adquira uma obra que não o agrade, ele tem todo o direito de solicitar a troca do produto, como prevê o Código de Defesa do Consumidor.
A organização da Bienal ainda divulgou a programação de três painéis voltados para a literatura LGBTQA+. No Café Literário, com participação João Silvério Trevisan (Companhia das Letras), Jaqueline Gomes de Jesus (Metanoia) e Tobias Carvalho (Record), acontecerá a mesa "Diversidade, substantivo plural", às 17h do dia 7 de setembro.
Também no dia 7, às 11h, o debate "Feminismo x Machismo" acontecerá com o youtuber Spartakus Santiago, Mel Duarte e Ellora, tendo Claudia Sardinha como mediadora. Às 19h, a mesa "Literatura Arco-Íris" será mediada pelo autor e cineasta Felipe Cabral e contará com Lucas Rocha, Vitor Martins, Igor Pires, Thati Machado, Vinicius Grossos e Pedro HMC. A última mesa da Arena #SemFiltro da Bienal acontece às 19h do dia 8 de setembro. Felipe Cabral mediará a conversa "Literatura Trans", que contará com Laísa Marilac, Nana Queiroz, Tarso Brant, Natalia Travassos e Amora Moira.
Harry Potter banido
Outra questão envolvedo a cultura pop aconteceu no Tennessee, EUA. Uma escola católica do local baniu a saga de livros escrita por J.K. Rowling, afirmando que as magias escritas são reais e "podem invocar espíritos malignos". A decisão foi do reverendo Dan Reehill, que afirmou em e-mail aos pais: "Esses livros apresentam magia como boa e também ruim, o que não é verdade, mas sim uma enganação".
Confome afirmamos neste artigo, publicado originalmente em 2017, não há comportamento do lado dos mocinhos, ou mesmo dos anti-heróis, que corrobore o ódio que muitos destilam atualmente. O preconceito, em todas as suas formas, não tem espaço na cultura pop. Não é, como muitos insistem em afirmar, uma questão de opinião. Promover o ódio e desprezar diferenças é uma atitude que está, e sempre estará, do lado dos vilões.