Nas três vezes que subiu ao palco do Dolby Theatre para ser reconhecido pelo seu trabalho com Daniel Scheinert em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, o diretor e roteirista Daniel Kwan falou, direta ou indiretamente, sobre saúde mental. "O que entendi na infância é que uma das melhores coisas que podemos fazer uns pelos outros é nos proteger do caos que é esse mundo louco onde vivemos”, afirmou, ao receber o prêmio de Melhor Filme. “Obrigado aos contadores de histórias aqui fizeram isso por mim. Essas histórias mudaram a minha vida. E elas fizeram isso para [várias] gerações".
Durante toda a temporada de premiações, Kwan foi bastante vocal sobre suas dificuldades durante a infância e a adolescência e, por isso, fez questão de se aprofundar nesse assunto mais tarde naquele domingo (12), na entrevista coletiva. Aos jornalistas, ele disse torcer para que os espectadores, sobretudo das novas gerações, possam assistir ao filme e “ver que existem outras maneiras de olhar para a desolação, outras maneiras de encará-la de frente”.
“Estamos em uma crise de saúde mental agora, especialmente a geração mais nova. Eles não têm muito pelo que esperar. Tive uma experiência muito parecida no ensino médio. Tive muitos momentos sombrios, e acho que o poder radical e transformador da alegria e do absurdo, correr atrás da sua felicidade é algo que quero trazer para as pessoas que eram como eu naquela época”, explicou.
Lembrando dos seus tempos de escola, Kwan agradeceu aos amigos do grupo RCCC — “não me peça para dizer o que [a sigla] significa, porque é segredo” — por mostrarem-no uma alternativa nos períodos mais complicados. “Esse filme é uma explosão de alegria, absurdo e criatividade. Por isso falei dos meus amigos do ensino médio. Eles foram os primeiros a me mostrar isso. Todos os dias, a gente não sabia o que faríamos, mas descobrimos através da criatividade e quebrando muitas regras”.
O produtor Jonathan Wang compartilha da mesma visão que o diretor, e disse que de fato esta era a intenção desde o princípio com Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. “A razão pela qual acabamos fazendo [esse filme] foi porque queríamos terminar com um abraço caloroso, mesmo que [a história] fosse sobre o caos. Queríamos suscitar uma certa luz e atrair as pessoas para ela. Nós nos comprometemos a fazer filmes que sejam bons e que, em última instância, levem para algo positivo. Que não atraiam atenção que, então, vão levar para uma espiral de consequências rio abaixo”.
Oscar 2023
O maior premiado do Oscar 2023 foi Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, que venceu em 7 categorias, incluindo Melhor Filme, Melhor Direção (Daniel Kwan & Daniel Scheinert) e Melhor Atriz (Michelle Yeoh). Atrás, vieram o alemão Nada de Novo no Front, com 4 vitórias, e A Baleia, com 2 – entre elas, a de Melhor Ator para Brendan Fraser.
A noite teve apresentação de Jimmy Kimmel, que fez piadas com a falta de representatividade entre os indicados e com o infame tapa de Will Smith em Chris Rock no ano passado.