Lançado no Festival de Cannes de 2024, Emilia Pérez chamou a atenção do público com sua premissa forte e uma Zoe Saldaña explorando novos formatos. O longa conquistou o prêmio de Melhor Atriz no festival e, rapidamente, tornou-se uma das sensações da temporada, recebendo críticas positivas e assumindo o posto de favorito nas premiações. No entanto, esse prestígio desmoronou quando o filme se viu envolvido em uma espiral de polêmicas.
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Antes de focar nos problemas que mancharam sua trajetória, vale ressaltar as inúmeras conquistas do longa. Karla Sofía Gascón fez história ao se tornar a primeira atriz transgênero indicada ao BAFTA, prêmio da Academia Britânica de Cinema. Além disso, Emilia Pérez foi o segundo filme mais indicado da história do Globo de Ouro e venceu o Critics Choice de Melhor Filme Internacional.
Porém, nem esses feitos foram suficientes para neutralizar a rivalidade entre Emilia Pérez e Ainda Estou Aqui, longa de Walter Salles estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello. A produção brasileira fez história ao conquistar três indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme, e acabou se tornando o principal adversário do longa franco-mexicano. Esse embate gerou uma polarização entre os públicos, acirrando a disputa na temporada de premiações.
A derrocada de Emilia Pérez, contudo, teve um motivo principal: as polêmicas envolvendo Karla Sofía Gascón. Publicações antigas da atriz, contendo declarações de cunho racista e xenofóbico, vieram à tona. A maioria dos posts foi feita entre 2020 e 2021, durante a pandemia de Covid-19, mas mensagens mais recentes também foram resgatadas, revelando um lado controverso da então favorita ao Oscar.
Enquanto Gascón enfrentava cancelamentos nas redes sociais, o filme do diretor Jacques Audiard se via envolvido em outra controvérsia. Embora sua história se passe no México, Emilia Pérez foi dirigido por um cineasta francês, rodado quase inteiramente na França e falado, em grande parte, em inglês. Esse fator gerou estranhamento, especialmente no México, onde o público criticou a falta de representatividade latina — inclusive, o fraco espanhol de Selena Gomez.
A situação se agravou com as declarações polêmicas de Gascón, que ampliaram o sentimento de rejeição à produção. As críticas ao filme, porém, não pararam por aí. Enquanto, de um lado, parte da América Latina adotava uma postura hostil, a comunidade trans também se voltou contra a obra. A forma como a personagem de Gascón é retratada desagradou a muitos, resultando em uma nova onda de reações negativas.
Todas essas controvérsias, com a atriz no centro das discussões, colocaram a equipe do filme e a Netflix em uma situação delicada. O serviço de streaming optou por remover Gascón dos materiais promocionais e, segundo fontes, não pretende levá-la à cerimônia do Oscar, apesar de sua indicação como Melhor Atriz. Além disso, o mal-estar causado pelas publicações preconceituosas da artista levou a Netflix a revisar seus processos de contratação, passando a avaliar as redes sociais de atores e cineastas antes de fechar novos projetos.
Sem o apoio da Netflix, Karla Sofía Gascón, que prometeu ficar em silêncio até o Oscar, deve ir até o Dolby Theatre para viver um momento ambíguo: seu auge como atriz e o ápice de críticas a sua imagem. Mesmo que receba a estatueta, Gascón terá perdido todo o prestígio que conquistou com o papel, além de a chance de iniciar uma nova era no cinema hollywoodiano.
A premiação do Oscar 2025 acontece neste domingo (2), com Ainda Estou Aqui concorrendo a 3 estatuetas, incluindo melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz para Fernanda Torres. Acompanhe ao vivo no canal do Omelete!
