O Oscar se aproxima (veja a lista completa de indicados) e preparamos um especial para conhecer todos os indicados, categoria por categoria, passando agora para Maquiagem, Figurino e Design de Produção.
- Conheça os indicados nas categorias de ANIMAÇÃO
- Conheça os indicados nas categorias de FILME ESTRANGEIRO e CURTA-METRAGEM
- Conheça os indicados nas categorias de SOM
- Conheça os indicados nas categorias de FOTOGRAFIA, MONTAGEM e EFEITOS VISUAIS
MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
A categoria foi criada em 1981 depois de reclamações de que o trabalho de maquiagem de O Homem Elefante (1980) não seria reconhecido. Os indicados são escolhidos pelos maquiadores e cabeleireiros membros da Academia e o vencedor é definido por todos. Geralmente, apenas três filmes são nomeados para a honraria.
O Homem de 100 Anos que Saiu Pela Janela e Desapareceu
Love Larson (maquiagem) e Eva Von Bahr (maquiagem) são os profissionais indicados na categoria, ambos em sua primeira nomeação. O trabalho da dupla na comédia sueca de 2013 (um dos maiores sucessos de bilheteria do país depois da franquia Os Homens que não Amavam as Mulheres) consiste em rejuvenescer e envelhecer o ator de 52 anos Robert Gustafsson até a figura centenária do título, além de transformar diversos atores em figuras histórias, como Francisco Franco, Josef Stalin e Harry S. Truman. No filme, o homem de 100 anos escapa de um asilo e narra sua história enquanto vive uma nova aventura.
Lesley Vanderwalt (designer de maquiagem e cabelo), Elka Wardega (maquiagem) e Damian Martin (supervisor de prostéticos) são os profissionais indicados na categoria, todos na sua primeira nomeação. Para chegar na visão pós-apocalíptica de George Miller, Vanderwalt conta que buscou diferentes referências para criar as tribos, incluindo as fotos de trabalhadores do brasileiro Sebastião Salgado, além de festivais religiosos africanos e indianos e rituais maoris e polinésios de sacrifício. Cada personagem tinha uma biografia escrita por Miller e Nick Lathouris, o que ajudou a equipe a criar cada visual baseado na forma como cada um viveria e no material que teria disponível para se expressar visualmente. A maquiagem mais difícil, revela Vanderwalt, foi a de Miss Giddy (Jennifer Hagan), levando seis horas para criar a senhora completamente tatuada. Nux (Nicholas Hoult) passava pelo processo diariamente, com duas a três horas para se tornar um Warboy, e as costas de Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne) também exigiram um bom tempo do ator e da equipe. Outro desafio foram as condições climáticas do set, com os prostéticos descolando por conta das altas temperaturas, o que exigia atenção constante do time de maquiadores. Leia crítica e assista ao trailer do filme.
Sian Grigg (maquiagem e protéticos de Leonardo DiCaprio), Duncan Jarman (maquiagem e prostéticos de Leonardo DiCaprio) e Robert A. Pandini (cabelo) são os profissionais indicados na categoria, todos na sua primeira nomeação. A equipe foi responsável principalmente por transformar Leonardo DiCaprio ao longo de todas as provações enfrentadas pelo seu personagem. Segundo Grigg, o trabalho em apenas um ator no filme de Alejandro González Iñárritu foi muito mais complexo do que o que ela acabara de fazer para todo o elenco de As Sufragistas. Já Jarman conta que para a cena do ataque do urso, a parte superior do corpo de DiCaprio foi coberta com prostéticos imitando os ferimentos, o que levou quatro horas para ser aplicado, sendo que havia pouco mais de uma hora para rodar a cena. Para mostrar a recuperação do personagem, mais de sete prostéticos foram criados apenas para o ferimento do pescoçom, mas já antes do ataque, o ator já passava 45 minutos na cadeira dos maquiadores para que seu visual sofresse os efeitos do clima e do tempo (com cabelos e pelos grisalhos sendo individualmente adicionados aos do ator). Leia a crítica e assista ao trailer do filme.
MELHOR FIGURINO
A categoria surgiu em 1948, dividida em figurino para filmes preto e branco e coloridos (distinção extinta em 1967). São premiados os figurinos criados por um designer especialmente para o filme e os indicados são escolhidos pelos designers membros da Academia. O vencedor é definido por todos.
Sandy Powell já levou três Oscars (A Jovem Rainha Victoria, O Aviador e Shakespeare Apaixonado) e recebeu uma indicação dupla este ano, também sendo nomeada por seu trabalho em Cinderela. Para criar os figurinos de Carol, Powell se inspirou nas fotografias das ruas de Nova York da década de 50, nos trabalhos de Ruth Orkin, Vivian Maier e Saul Leiter. O desafio foi criar looks de transição que se encaixassem no ano de 1952, saindo da silhueta dos anos 40 e entrando na forma mais acinturada do período. Ao lado de Cate Blanchett, a figurinista definiu o que deveria ser revelado, pontualmente deixando a mostra o pescoço, os pulsos e os tornozelos da protagonista. Outro ponto importante são as cores usadas por Carol e sua amante, que variam conforme as personagens se transformam. "Meu trabalho era criar os personagens e fazê-los críveis para si mesmos e o público. Queria que Carol fosse elegante, mas também entender como uma personagem como Therese [Rooney Mara] se pareceria e fazê-la tão impressionante quanto". Leia a crítica e assista ao trailer do filme.
Essa é a terceira indicação de Jacqueline West, também lembrada por O Curioso Caso de Benjamin Button e Contos Proibidos do Marquês de Sade. Para O Regresso, o trabalho da figurinista foi desconstruir os personagens, misturando diferentes camadas de roupa e cobrindo os tecidos de graxa e gordura (chegando a criar um tipo especial de graxa sintética para o filme). "Desde o início entendi que Alejandro González Iñárritu estava contando uma história de iluminação pela dor. E como você expressa essa iluminação pelo figurino? Foi agonizante pensar nisso. Espero ter chegado perto. Queria mostar nas roupas o que Iñárritu estava vendo no personagem".
É a segunda indicação do espanhol Paco Delgado, sendo a primeira por Os Miseráveis. Para o estilista, o desafio de A Garota Dinamarquesa não foi apenas vestir um personagem transgênero, mas respeitar a história da verdadeira Lili. "Nosso ponto de partida foi pensar que Lili estava presa em um corpo que não pertencia a ela. Assim, precisávamos criar uma ideia de quase prisão, com ela limitada a esse corpo masculino, então começamos com um figurino bastante restrito, cercando o casal com cinzas, azuis e pretos na ideia eduardiana de moda. (...) Quando eles se mudam para Paris e Lili se liberta, tentamos usar roupas mais avant garde do período, com uma paleta de cores morna e diferentes tecidos, como sedas e chiffons, para mostrar movimento e um espírito muito mais livre". Por conta da altura de Eddie Redmayne, 95% do guarda-roupa de Lili precisou ser criado do zero, não podendo ser adaptado de outras peças dos anos 20 e 30. Para Gerda (Alicia Vikander), Delgado conta que a inspiração foi Coco Chanel, uma mulher livre do corset e de outras ideias da sociedade. Leia a crítica e assista ao trailer do filme.
Essa é a décima indicação de Jenny Beavan, que já foi premiada por Uma Janela para o Amor. Para Estrada da Fúria, a figurinista começou trabalhando no visual do personagem-título, mantendo a essência do original, mas transformando-o em um "outro Max", segundo o conceito do diretor George Miller. Segundo Beavan, a estética rústica e orgânica do filme só foi possível graças ao trabalho dos artesãos da Namíbia, já que se o filme tivesse sido rodado no Reino Unido ou na Austrália (como planejado inicialmente) os mesmo designs acabariam com um tom pós-apocalíptico sofisticado. A estilista conta que as deficiências dos personagens, consequências do mundo tóxico em que vivem, permitiram a criação de um visual que fosse funcional e ao mesmo tempo imponente. Assim, Immortan Joe usa uma máscara por conta de problemas respiratórios e uma armadura transparente para proteger seu corpo apodrecido. Para o visual das esposas, Miller sugeriu a ideia depois de ver um espetáculo de dança em que as bailarinas iam amarrando e construindo o próprio figurino. Isso serviu para o conceito de que elas viviam em uma uma bolha de proteção e abuso, sem conhecer os desafios do deserto e sendo tratadas como corpos bonitos. Uma vez na Wasteland, elas passam a aprender como se proteger e a cobrir os seus corpos.
A outra indicação do ano para a veterana Sandy Powell, que já levou três Oscars (A Jovem Rainha Victoria, O Aviador e Shakespeare Apaixonado) e também foi lembrada este ano por seu trabalho em Carol. Para criar a versão live action do clássico animado, a designer passou dois anos desenvolvendo os conceitos, chegando a usar quase 250 metros de tecido e mais de mil cristais Swarovski apenas no famoso vestido azul da princesa da Disney - "queria que parecesse uma pintura em aquarela", explicou. O sapatinho de cristal, porém, nunca chegou aos pés de Lily James, que usou uma versão de couro depois foi substituída por computação gráfica. A versão de "vidro" só passou pelas mãos dos personagens e era alguns números menor do que o pé 38 da atriz. Leia a crítica e assista ao trailer do filme.
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
Presente na premiação da Academia desde a década de 20, a categoria honra os responsáveis pela direção de arte de um filme, tendo mudado de nome em 2012, quando o braço de direção de arte dos membros da academia passou a ser chamado de braço dos designers. Desde 1947, o prêmio é divido entre o designer de produção e os cenógrafos, responsáveis pelo "visual físico"do filme.
Adam Stockhausen (designer de produção, levou o Oscar no ano passado por seu trabalho em O Grande Hotel Budapeste), Rena DeAngelo (cenógrafa, primeira indicação), Bernhard Henrich (cenógrafo, primeira indicação) são os profissionais indicados na categoria. O grande desafio do trabalho foi recriar a Berlim do pós-guerra no meio da Guerra Fria, já que as locações necessárias não existem mais. A equipe então seguiu para a Polônia, recriando a construção do muro de Berlim com base em vídeos e fotografias de arquivo. Ainda assim, foram necessários diversos retoques na pós-produção para se chegar ao resultado planejado. Stockhausen também conta que Steven Spielberg queria que as cores servissem ao período da guerra fria, com tons mais quentes em Nova York e frios na Alemenha - todos os prédios públicos, porém, inclusive nos EUA, também usaram uma peleta de cores fria.
Eve Stewart (designer de produção, está na sua quarta indicação ao prêmio) e Michael Standish (cenógrafo, primeira indicação) são os profissionais indicados na categoria. Stewart conta que descobriu a paleta de cores que usaria ao observar a arte de Lili Elbe e Gerda Wegener, criando cenários que deveriam servir como o fundo de pinturas estreladas pelos protagonistas. Assim, o filme começa em tons mais frios que vão esquentando conforme Lili vai descobrindo a si mesma e as formas do set se tornam mais femininas, acompanhando essa transformação.
Colin Gibson (designer de produção, primeira indicação) e Lisa Thompson (cenógrafa, primeira indicação) são os profissionais indicados na categoria. O trabalho consistiu em povoar o universo apocalíptico com os mais diversos e bizarros veículos. Gibson conta que o seu favorito é o Gigahorse de Immortan Joe, construído do zero, quase que peça por peça. Segundo o designer, a regra era explorar ao máximo o visual da franquia, mas ao mesmo tempo criar algo palpável: "Parabenizo Velozes e Furiosos pelo seu sucesso, mas acho que se você vai desafiar a gravidade, primeiro você precisa mostrar a existência dela e então partir para criar e construir coisas que possam realmente fazer o que imaginamos. Essa era a nossa missão aqui".
Arthur Max (designer de produção, está na sua terceira indicação ao prêmio) e Celia Bobak (cenógrafa, segunda indicação) são os profissionais indicados na categoria. Max definiu as cores do filme depois uma reunião com a NASA, descobrindo a importância do laranja em função da cor da fita Kapton, a única capaz de resistir a raios gama e a radiação solar. Praticamente todo o material desenvolvido precisou ter o selo de aprovação da agência espacial, explica o designer, "isso inclui a Hermes, as câmeras de ar, os corredores, as cabines da tripulação, tudo o que criamos. Era uma versão de um futuro próximo, não futurista. Tudo precisava estar de acordo com a última pesquisa, tecnologia e programas de desenvolvimento. Queríamos parecer o mais realista possível".
Jack Fisk (designer de produção, segunda indicação) e Hamish Purdy (cenógrafo, primeira indicação) são os profissionais indicados na categoria. Fisk foi responsável por buscar as paisagens no Canadá e na Argentina que serviriam de cenário para a história do personagem de Leonardo DiCaprio, sempre definindo um plano alternativo caso as condições climáticas impedissem a filmagem. Quase todos os sets construídos - forte, tribos, acampamentos e barcos - foram pensando na sua funcionalidade. Para criar a montanha de crânios de búfalo - inicialmente a imagem seria feita de crânios humanos, mas Fisk encontrou uma fotografia que funcionava como incentivo do governo para matar os animais e controlar a população nativa - foram feitos moldes de cinco diferentes cabeças que depois geraram mais centenas de crânios dispostos em uma armação, já que a equipe tinha apenas um dia para montar o cenário. Para as sequências de sonho, como a da igreja, a grande inspiração foi Andrei Rublev, filme de Andrei Tarkovsky que o diretor Alejandro González Iñárritu passou como referência para a equipe.
A cerimônia do Oscar 2016 acontecerá em 28 de fevereiro, com apresentação de Chris Rock. Acompanhe a cobertura ao vivo do Omelete, no Youtube, no site e nas nossas redes sociais.
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