Quem esperava um show preguiçoso do Kiss na noite de ontem, em São Paulo, no Allianz Parque, se deu mal. A banda anunciou que esta é uma turnê de despedida, já veio várias vezes ao Brasil e seus integrantes originais estão milionários, mas honrou o cachê com boas versões de clássicos de sua carreira, incluindo temas do primeiro disco e da fase em que se apresentava sem maquiagem.
Ainda que "I Love it Loud" e "Lick it Up" tenham sido tocadas com um andamento um pouco mais lento, "Tears Are Falling" e "I Was Made For Loving You", que nas versões originais flertam com o pop, entraram em versões pesadas, com os riffs fazendo um crush com o heavy metal.
Tirando uma frase ou outra dirigida ao público entre as músicas, ou um "ensaio" para o refrão sem muita enrolação, o Kiss mandou, em sequência, um repertório caprichado, ainda que sem grandes novidades. Abriu com "Detroit Rock City" e fechou com "Rock and Roll All Nite", sem bis, em quase duas horas de show.
A parte teatral e visual teve os habituais momentos solo pra todo mundo e muita pirotecnia, características dos shows da banda. Paul Stanley voou sobre o público, pendurado num cabo, para cantar "Love Gun" na torre no meio da pista do estádio.
A plateia que lotou o Allianz - o show estava com ingressos esgotados desde antes da pandemia, que o fez ser adiado para 2022 - reuniu quatro gerações, de crianças pequenas acompanhadas de adultos a vovôs e vovós. Era comum ver gente maquiada como algum dos integrantes, o que registra a adoração e curiosidade que o grupo gera há quase 50 anos.
E o Kiss é um exemplo de como ser idoso e respeitado, para não dizer admirado. A expressão máxima disso aconteceu durante o voo de Paul Stanley sobre o público. Ao chegar do outro lado e já sair cantando e dançando, uma voz feminina do lado direito do palco falou bem alto: "Meu Deus! E esse homem tem 70 anos!".
O Allianz Parque foi a penúltima parada do Kiss na turnê pelo Brasil. Na noite de hoje (1º) eles se apresentam em Ribeirão Preto.