Deezer: 1 mês grátis + 20% OFF

Icone Conheça Chippu
Icone Fechar
Korea
Artigo

Hyun Bin é o Jack Ryan sul-coreano na desenvolta Made in Korea

Série do Disney+ fala de poder e justiça sem perder o verniz de aventura de espião

Omelete
3 min de leitura
24.12.2025, às 13H37.
Hyun Bin em Made in Korea (Reprodução)

Créditos da imagem: Hyun Bin em Made in Korea (Reprodução)

Nos primeiros 15 minutos de Made in Korea, Baek Ki-tae (Hyun Bin) embarca em um avião com uma maleta misteriosa, que precisa entregar para um “parceiro de negócios” no Japão, e é surpreendido por um grupo de revolucionários que sequestram a aeronave e demandam serem levados até a Coreia do Norte. A ação se passa nos anos 1970, um letreiro no início do capítulo revela, mas pouco além disso está às claras no roteiro, assinado pela dupla Park Eun-gyo (Uma Família Normal) e Park Joon-suk.

Omelete Recomenda

O set-up da trama, enfim, está todo confinado nesta situação-problema, da qual o nosso protagonista misterioso rapidamente toma controle. Na direção, Woo Min-ho (que trabalhou com o astro da série em Harbin) elege ângulos que fazem o espectador se sentir como um observador indesejado de uma situação claustrofóbica – ele não é Paul Greengrass com sua câmera trêmula na mãos pelos corredores do Voo United 93 (2006), mas quer sintamos pelo menos uma parte da ansiedade dos procedimentos.

É curiosa a dedicação do capítulo a esse trama, porque o propósito todo dela é nos introduzir sorrateiramente a Baek Ki-tae, e às habilidades que o fazem um protagonista tão cativante quanto perigoso. Com seu terno impecável e seu cabelo puxado para trás, Hyun Bin é uma figura imponente em tela, mas o trunfo de sua performance é manter correndo pelo subterrâneo a violência à qual ele pode recorrer quando necessário, por baixo da pose perfeita e dos olhos dardejantes que avaliam a situação.

No fim do episódio, a imagem dele como um superespião sul-coreano aos moldes de Jack Ryan – mais moralmente dúbio – ou James Bond – menos fantasticamente superpoderoso – está consolidada na mente do espectador, através de uma “historinha” absurdamente eficiente em provocar, sustentar e justificar tensão. Melhor ainda: os perigos do mundo no qual ele caminha também vêm à luz, localizando Made in Korea em um momento histórico violento da Coreia do Sul (a ditadura militar que governou o país durante os anos 1970 e 1980).

As tensões que este regime provocou por toda a Ásia, a mentalidade de sucesso ao custo do outro que ele fomentou dentro do país… enfim, esses serão alguns dos temas que devem dominar o restante da série do Disney+. Made in Korea vai desenhando o conflito entre o corrupto Baek Ki-tae e o promotor Jang Geon-young (Jung woo-sung), e ali fica clara a intenção de chocar duas buscas por poder e justiça dentro de um sistema que mina as rotas legítimas e convencionais para chegar a eles. É um projeto narrativo ambicioso, mas que a série traça com desenvoltura impecável.

Enfim: se um bom thriller de espião é aquele que te guia por lealdades complexas, sistemas burocráticos e segredos cabeludos com tal eloquência que tudo isso fica parecendo simples entretenimento, Made in Korea é nada menos do que um dos melhores exemplares do gênero na memória recente. 

*Made in Korea já está disponível para streaming no Disney+. O lançamento dos capítulos seguintes será em regime semanal, sempre às quartas-feiras.

Webstories

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.