Tentar abraçar o mundo não deu certo para Xbox, e o custo de recalcular a rota está sendo pago por quem não tomou essa decisão. Nesta quarta-feira (2), a Microsoft confirmou as especulações de que realizaria um novo corte massivo em seu corpo de funcionários, e estima-se que aproximadamente 9000 pessoas tenham perdido o emprego.
Na área de games, a notícia foi dada por Phil Spencer, chefe da divisão e principal rosto da marca, em email que logo se tornou público. Na mensagem enviada aos funcionários, Spencer ousa dizer que seu “planejamento para plataforma, hardware e games nunca esteve tão forte”, e emenda um corporativês para tentar justificar os cortes naquilo que seria, supostamente, um bom momento para a empresa.
Só que crise do Xbox não é financeira, é narrativa. A Microsoft é uma das empresas mais valiosas do mundo, e superou estimativas do mercado no primeiro trimestre de 2025. Com os números a seu favor, é fácil dizer que está tudo bem internamente, que esse é um dos melhores momentos da história de sua divisão de games. Ainda assim, o que chega ao noticiário parece dizer o contrário.
O momento já não é bom há algum tempo. Sim, o Game Pass bateu recorde de assinantes no final de 2024 com o lançamento de Black Ops 6, mas a fusão com a Activision Blizzard resultou em centenas de demissões no início do mesmo ano — ainda que executivos tenham jurado de pé junto que isso não aconteceria.
A campanha “Isso é um Xbox” grudou com o público de uma forma que não se via há bons anos na indústria de games, ao mesmo tempo que uma fabricante de consoles se descaracterizou com produtos como o Xbox ROG Ally e o Meta Quest 3 Xbox Edition, que tiram a Microsoft do protagonismo na inovação em hardware.
Inúmeros estúdios de sucesso estão no guarda-chuva da empresa, com hits como Indiana Jones e O Grande Círculo, o próprio Black Ops 6 e Sea of Thieves fazendo parte dessa “boa fase”, ao mesmo tempo que funcionários ligados a esses projetos estejam se perguntando sobre seu próprio futuro.
Há bons anos à frente da marca, e com o carinho de boa parte do público jogando para si, Phil Spencer não tem mais tanta dificuldade em lavar as mãos e aparecer pomposo em mais um Xbox Games Showcase, ao lado de Sarah Bond e Matt Booty. Afinal, os 40 jogos mostrados no evento em 2025 não vão ser afetados por este corte!
E o próximo? Com quatro ondas de demissões em um ano e meio, a Microsoft não disfarça o desinteresse em seu próprio lado humano. Temos muito dinheiro e espaço para errar, então está tudo bem se comprarmos qualquer estúdio que vier à mente. Se der errado, ainda há vários outros com uma gorda margem de lucro garantida. Os trabalhadores que acreditavam no projeto, e os fãs que aguardam cada vez mais anos para, talvez, colocar as mãos num jogo, não importam.
Por favor, Phil Spencer, pare de fingir que os fãs são a alma do negócio. Talvez eles até sejam para estúdios que ganham prêmios com projetos apaixonados, como o Hi-Fi Rush da Tango, mas esse não é mais o ramo da Microsoft.
O lado da Microsoft
Em nota enviada ao Omelete, a Microsoft diz: "Continuamos a implementar mudanças organizacionais e de força de trabalho que são necessárias para posicionar a empresa e seus times rumo ao sucesso em um mercado dinâmico".
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