Master Lemon: The Quest for Iceland é aula delicada sobre o tempo que temos
Seguir suas inspirações, por mais malucas que sejam, talvez seja o jeito certo de se viver
Começar uma história contando o seu final é um recurso arriscado, e que precisa ser pago pela jornada prestes a ser encarada pelo espectador. Master Lemon: The Quest for Iceland, jogo brasileiro do estúdio Pepita Digital, já deixa claro no primeiro minuto: essa é uma história sobre uma pessoa que morreu de forma trágica, depois de realizar o seu grande sonho — visitar a Islândia e aprender a língua local. E é recontando a vida de Limão, jovem poliglota, que o game nos ensina sobre aquilo que nos define.
A realidade do protagonista, claro, é retratada de uma forma fantasiosa. Depois de acordar em um ambiente misterioso, com criaturas que beiram o fantástico, ele passa a aprender um pouco mais sobre o poder das palavras e como elas podem alterar o mundo ao seu redor. Sendo extremamente literal, o jogo te dá novas possibilidades conforme o seu vocabulário vai expandindo.
Esses ensinamentos são adquiridos tanto ao conversar com NPCs, que às vezes só te entendem quando você sabe falar um pouco mais de espanhol ou japonês, quanto observando os mundos explorados por Limão.
Um dos destaques é Gambi, personagem que te ensina o conceito de “gambiarra”. Para avançar em alguns quebra-cabeças, é necessário juntar um item ao outro de maneiras nada convencionais. O oposto, por sinal, também é válido, e eventualmente é necessário desmontar algumas coisas para prosseguir.
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Em meio a uma quantidade parruda de colecionáveis e uma aula ou outra de vocabulário, o game demora um pouco para engatar. Suas primeiras fases são um pouco mais burocráticas, ensinando ao jogador como funcionam seus sistemas mas sem entregar tanto o que estamos realmente fazendo ali.
Felizmente, essa “demora” é, na verdade, curta. Master Lemon dura cerca de quatro horas para ser finalizado sem muita pressa, e uma vez que essa barreira inicial é superada, a mensagem do jogo vai ficando cada vez mais clara.
Tentando evitar spoilers ao máximo — mas ainda lembrando que o final da história já é explícito —, o game te ensina de forma magistral sobre aspirações individuais, desejos e sonhos, e como esses elementos formam a personalidade de uma pessoa. Abandoná-los até pode parecer a decisão correta em um primeiro momento, mas talvez seja melhor viver seguindo o que acreditamos.
Master Lemon passa longe de ser um jogo mecanicamente complexo ou com puzzles que vão exigir tanto do jogador — para complecionistas, alguns podem até ser mais desafiadores, mas poucos botões já resolvem quase todas as fases. A alma do jogo está na sinceridade de alguém que perdeu seu amigo muito cedo, mas entende que a morte é uma etapa da jornada. Julio Santi, diretor do jogo, consegue transmitir essa mensagem de uma forma sensível e emocionante, criando uma das melhores homenagens possíveis.
Master Lemon: The Quest for Iceland
Master Lemon: The Quest for Iceland
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