Earthion traz ótima nostalgia, mas é retrô até demais
Game se complica com problemas que já têm solução há décadas
Créditos da imagem: Divulgação/Limited Run Games
Se você já olhou para um game dos últimos 10 anos e começou qualquer frase que se pareça com “Na minha época…", Earthion pode ser para você. O game de navinha traz a exata sensação de se jogar em um arcade para consoles modernos, ainda que com alguns entraves daquela época que definitivamente gostaríamos de esquecer.
A proposta é simples: você é o piloto de uma nave espacial que precisa completar 8 missões em sequência; o cenário, no formato sidescroller e desenhado em um bonito pixel art, oferece alguns upgrades de armamento e enxames de inimigos que irão infestar sua tela com projéteis.
Entender o seu papel naquele mundo é quase instantâneo, afinal, todo mundo já jogou algum game nesse estilo, mas as nuances vão aparecendo aos poucos. Além da barra de vida, há um medidor de nível de ataque básico, e outros separados para as armas que são encontradas ao longo das fases, que indicam tanto seu nível quanto sua durabilidade.
Essa fórmula, somada à incrível trilha sonora de Yuzo Koshiro, já seria bem suficiente para agradar qualquer nostálgico — afinal, o compositor está em games lendários como Sonic The Hedgehog e Ys. Ainda assim, o jogo vai além em sua proposta, inserindo mecânicas que flertam entre o saudosista e o frustrante.
Earthion não é, essencialmente, um jogo fácil. Ele aposta no crescimento do jogador como piloto por meio da repetição. Há apenas três vidas para serem gastas: caso sua nave exploda, uma substituta entra no lugar imediatamente. Assim que as “reposições” acabam, uma tela de Continue, com três créditos, leva o jogador de volta ao início da fase em que morreu. No fim dos créditos, é necessário recomeçar a campanha do zero.
Para facilitar um pouco a progressão, antes do chefão de cada fase um Adaptation Pod é dado ao jogador. Após vencer o boss, esse item pode ser usado para realizar upgrades na nave: mais vida, um slot adicional de arma ou aumentar o nível máximo dos seus disparos, por exemplo.
O pulo do gato é que nem sempre o jogador irá terminar sua missão com o Adaptation Pod em mãos. O equipamento usa um dos espaços de arma adicional, e caso seu medidor de durabilidade chegue a zero em meio ao combate com o chefão, ele desaparece.
O game acaba obrigando o jogador a não só vencer os desafios, mas também superá-los com alguma folga para que a progressão seja mais fácil. Potencializando esse crescimento, ao tomar um Game Over depois de já ter realizado upgrades na nave, o jogo fornece um código que irá reiniciar a campanha com as melhorias adquiridas.
A mecânica funciona quase como um roguelite, onde a experiência contra os inimigos vai se acumulando para deixar o protagonista — ou, no caso, a embarcação — cada vez mais forte.
Diferente dos roguelites, em que esses avanços são registrados na memória do console, Earthion depende exclusivamente dos códigos para salvar o progresso do jogador. Elas ficam guardadas enquanto o game está aberto, mas fechá-lo e abrí-lo de novo é quase como reiniciar um arcade do zero: tudo é perdido.
É necessário anotar sua senha mais recente caso você queira usá-la em outra jogatina. Ainda que se esteja numa mesma sessão, há a chance do game travar e seu código ficar perdido para sempre. Sim, aconteceu comigo e não foi nada legal.
A sensação é de que Earthion é retrô até demais. O combate frenético e desafiador diverte, mas passar por essas irritações em 2025 passa um pouco do ponto — especialmente quando o roguelike já é um gênero extremamente consolidado, e dá caminhos simples para resolver essas questões.
Caso a sua saudade seja exatamente dessa sensação de tudo ou nada, de não ter mais moedas para comprar uma nova ficha, é bem provável que o game será incrível para você. Por outro lado, se sua busca for por releituras que usem recursos contemporâneos para se aprimorarem, pode ser melhor procurar por outros títulos.
Earthion
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