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Unidos Pelo Sangue

Filme mostra três tramas diferentes sobre a propagação do HIV

17.01.2008, às 17H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 07H06

O cineasta e roteirista Thom Fitzgerald é um velho conhecido do público que freqüenta Festivais e Mostras. Seus filmes sempre foram marcados pela ambigüidade. Em Unidos Pelo Sangue (3 Needles, 2005), o foco está na atitude correta e a moral de alguns personagens. Este é o seu projeto mais ambicioso. São três tramas sobre a propagação do vírus HIV em um filme só. Ele mostra que a ignorância em relação à doença é a mesma em qualquer lugar, não importa o grau de "desenvolvimento". Mesmo sem contar com um enorme orçamento, ele situou a sua narrativa no Canadá, África do Sul e China. O título original (três agulhas) representa as diferentes formas de transmissão.

As filmagens aconteceram nos subúrbios de Montreal, interior da África do Sul e em uma vila na Tailândia representando a China, já que Fitzgerald não conseguiu autorização para filmar no país. Segundo o cineasta, as autoridades chinesas informaram que não existe uma epidemia do HIV por lá.

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O filme é narrado pela atriz Olympia Dukakis, que faz o personagem Hilde no segmento africano. Ela é uma das freiras que parte para a África com a missão de levar a palavra de Jesus para os habitantes locais. Quem a acompanha são as Irmãs Clara e Mary, respectivamente Chloë Sevigny e Sandra Oh. A missão delas é fazer com que os portadores do vírus HIV se convertam para o catolicismo antes de morrerem. Clara não consegue aceitar ser uma mera coadjuvante da Igreja e resolve ajudar os doentes.

Na trama canadense, Denys (Shawn Ashmore - o Homem Gelo dos filmes X-Men), um ator de filmes pornô, usa o sangue de seu pai moribundo para burlar os testes que detectariam a doença. Todo ator que trabalha com esse tipo de filme é obrigado a fazer o teste antes das filmagens. Seu pesadelo vira realidade quando uma das atrizes que costuma filmar com ele recebe a notícia de que está infectada pelo vírus.

Na última história, passada na China, Lucy Liu é Jin, uma mulher que comercializa sangue sem autorização. Ela paga 5 dólares por doador e revende para os hospitais por 10 dólares. Seu equipamento, obviamente, não é esterilizado na maneira correta, o que só aumenta a chance de contaminação e coloca em perigo toda uma vila.

Apesar das três tramas, Thom Fitzgerald não tenta interligar as narrativas como acontece em Crash (2005). Devido à dificuldade do tema e à abordagem lírica, o cineasta passa longos momentos contando uma história para só então passar para outra. Era importante construir profundidade nos personagens para que o público pudesse se importar com eles e compreender a mensagem de otimismo sem descambar para o sentimentalismo. O objetivo foi mostrar o lado humano dos casos. A trama mais fraca e que parece deslocada é a ambientada no Canadá. Mas mesmo ela tem importância devido ao contraste de riqueza e instrução. Fica a certeza que isso não impede a transmissão da doença.

O interessante é que Fitzgerald não tenta apontar as diferenças entre as histórias, mas sim destacar seus pontos em comum. E a maior semelhança é o impacto devastador que a AIDS propaga nas diferentes culturas e comunidades. Mas vale dizer que mesmo sendo trágicas, ele não tenta julgar os atos de seus personagens.

O elenco está a serviço da mensagem. Mas podemos destacar três atores com interpretações comoventes. Chloë Sevigny está perfeita como a freira que precisa sacrificar suas crenças religiosas para salvar vidas. Tanabadee Chokpikultong, no papel de Tong Sam, comove como o camponês chinês. E pela primeira vez Lucy Liu se despe de sua aura de estrela e se entrega ao público com uma performance visceral.

Tecnicamente o filme é muito bem planejado. Thom Fitzgerald não procura visualizar contrastes. Notamos as diferenças dos ambientes, mas sem uma marcação de cor para separar os três cenários das histórias. Isso era importante para que o público pudesse perceber que a AIDS não é privilégio ou infortúnio de um grupo. É um problema de todos e só com união poderemos enfrentar essa calamidade.

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