Muita gente pode ter notado a onda de nostalgia oitentista na cultura pop a partir da estreia de Stranger Things, em 2016, mas a verdade é que um pequeno filme canadense veio um ano antes e ganhou status de cult: Turbo Kid, do trio de diretores RKSS, tomou a internet cinéfila de assalto e, embora não tenha sido um grande sucesso de bilheteria, começou quase imediatamente a gerar burburinhos sobre uma sequência. Oito anos depois, o Omelete conversou com o trio formado por Yoann-Karl Whissell, Anouk Whissell e François Simard para saber a quantas anda este projeto.
“Nós... esperamos que Turbo Kid 2 seja o nosso próximo filme”, comentou Yoann-Karl, entre um riso nervoso e outro. “Me desculpe, eu não sou supersticioso, mas sempre fico com medo de dizer algo definitivo sobre esse tipo de coisa”.
Simard explicou a hesitação do parceiro criativo de forma bem direta: gato escaldado tem medo de água fria. “Nós sempre temos muitos projetos em diferentes estágios de desenvolvimento”, contou. “Como cineasta independente, você nunca pode colocar todos os seus ovos na mesma cesta. A gente só trabalha, trabalha e trabalha, esperando que uma das coisas nas quais estamos trabalhando receba a luz verde para começar as filmagens”.
O cineasta ainda exemplificou, contando que o filme Hora do Massacre - atualmenteem cartaz nos cinemas brasileiros - demorou em torno de um ano para sair do papel e ir parar nas salas comerciais. Já We Are Zombies, longa anterior do trio - ainda inédito por aqui - passou por um desenvolvimento de mais de uma década: “Você nunca sabe o que vai acontecer, de verdade, é um ramo meio maluco este em que estamos”.
“É mesmo muito difícil. Cada filme que você assiste é um pequeno milagre, e certamente cada filme independente que você assiste só virou realidade por uma combinação de sorte e amor”, completou Yoann-Karl.
Crédito onde o crédito é devido, no entanto: o governo canadense investiu muito dinheiro em Turbo Kid e nos projetos subsequentes do RKSS. “Os filmes que fazemos não são os filmes que normalmente são feitos no Quebec [província canadense onde vivem e trabalham os cineastas], mas depois de Turbo Kid começamos a ver que as fronteiras estão se expandindo, que o governo está mais disposto a apoiar artistas que trazem projetos um pouco arriscados”, comentou Anouk Whissell.
Quando se trata da sequência do longa que lançou suas carreiras, no entanto, os diretores não têm medo de dizer que estão tomando o seu tempo. “Estamos fazendo mais uma revisão do roteiro no momento, porque queremos que seja o mais perfeito possível. Muitas pessoas amam Turbo Kid, e nós não queremos decepcioná-las. Estamos colocando bastante pressão em nós mesmos com este filme, mas esperamos começar a produção em breve... se os deuses do cinema nos permitirem”, prometeu Yoann-Karl.
“A pandemia nos atrasou muito”, acrescentou Simard. “Mas agora estamos colocando toda a nossa energia na sequência, então espero que seja o nosso próximo filme. Para nós, fazer Turbo Kid 2 é uma forma de agradecer aos fãs que expressaram tanto amor a este filme com o passar dos anos. Sem eles, nós nem estaríamos aqui neste momento”.
Em Turbo Kid, Munro Chambers interpretou o personagem título, um super-herói em um mundo pós-apocalíptico saído direto das fantasias infanto-juvenis sombrias dos anos 1980. Ao lado de uma garota misteriosa (Laurence Leboeuf) e de um caubói campeão em queda de braço (Aaron Jeffrey), ele precisa lutar contra o tirânico Zeus (Michael Ironside).
No Brasil, dá para ver Turbo Kid de graça - com propagandas - pela Pluto TV e pelo Filmow. Em ambas as plataformas, basta criar uma conta gratuita para ter acesso ao filme.